Haja respeito pelo Terreiro do Paço, pedem técnicas da CML

30.05.2009, in Jornal Público

"O projecto de remodelação do Terreiro do Paço foi alvo de várias críticas por parte das técnicas da divisão de estudos e projectos da Câmara de Lisboa encarregues de o analisar.
Num parecer datado de meados deste mês, as técnicas afirmam que os padrões desenhados para a placa central - losangos - e para os passeios laterais - aqui linhas inspiradas nas antigas cartas de marear - são excessivos, tal como a diversidade de materiais previstos para o pavimento. "Dada a força, majestade e monumentalidade que a praça só por si já possui, uma intervenção num espaço (...) como o presente dever-se-á traduzir essencialmente numa operação de depuração que, de forma respeitadora, promova a unidade do espaço, as relações visuais e a sua plena utilização", defendem no documento a arquitecta paisagista Fátima Leitão e a arquitecta designer Susana Figueiredo.
O novo esquema de circulação rodoviária é o único ponto do projecto que merece uma apreciação favorável, pela prioridade aos peões que confere, através da redução do tráfego na Praça do Comércio e do significativo alargamento dos passeios, obtido à custa do estreitamento ou da supressão das faixas de rodagem. E se os desenhos dos pavimentos "não promovem a unidade do espaço", a sobreelevação da placa central no lado virado ao Tejo também não colhe a simpatia das técnicas camarárias. "O desnível (...) entre a placa central e o percurso ribeirinho, com consequentes problemas de acessibilidade e segurança, obriga, para além da existência da barreira visual, à introdução de elementos de contenção [estruturas tipo corrimões]. Esta opção considera-se contraditória com o princípio de melhorar a relação da praça com o rio". Para as técnicas, nem a escadaria nem as rampas desenhadas para esta zona da praça pelo arquitecto encarregue da remodelação da praça, Bruno Soares, se justificam, o mesmo sucedendo com o corredor de pedra entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas. Dividindo a praça ao meio, longitudinalmente, na zona de losangos da placa central, "cria um efeito de ziguezague (...) que irá ter um impacte visual muito forte e negativo face à ortogonalidade da praça".
Já depois de este parecer ter sido emitido, e perante a convergência de críticas relativamente a alguns aspectos do seu trabalho, Bruno Soares comprometeu-se a fazer algumas alterações ao projecto."
A.H.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Sem comentários:

Enviar um comentário