Autor do projecto para o Terreiro do Paço acolheu grande parte das críticas, mas mantém alguns aspectos polémicos


in Jornal Público 25.06.2009, por Inês Boaventura
"O corredor em pedra a ligar o arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas desapareceu, os losangos da placa central foram esbatidos, a estátua de D. José passou a assentar num círculo em vez de um losango e o Cais das Colunas não vai ser transformado numa plataforma circular. O estudo prévio para o projecto do arquitecto Bruno Soares para o Terreiro do Paço acolheu, segundo disse hoje o próprio, “grande parte das críticas” que foram feitas por cidadãos, técnicos e órgãos de administração, e tem a “concordância” do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar).

Em conferência de imprensa, o arquitecto admitiu que a versão preliminar do projecto era “criticável” e tinha aspectos que “claramente tinham que ser revistos”, salientando que “obviamente, um projecto não resulta de um somatório de opiniões”, sendo necessário fazer “um balanço e valoração dos vários contributos”.

Já o presidente da sociedade Frente Tejo refutou as críticas que têm sido feitas pela inexistência de um concurso público para escolher o autor do projecto e pela falta de um debate público, afirmando que houve “uma auscultação ampla”, da qual resultaram “contributos muito relevantes e importantes”. “Consideramos estar a cumprir os princípios da participação e da transparência”, concluiu Biencard Cruz.

Quanto ao facto de a versão preliminar ter sido chumbada pelo Igespar, pelo impacto visual, arrumação da placa central e enquadramento da estátua, o presidente da sociedade garantiu, em declarações aos jornalistas à margem da conferência de imprensa, que o projecto revisto tinha tido “parecer favorável sem condicionantes”. Horas mais tarde, a assessora de imprensa da Frente Tejo corrigiu esta informação, afirmando que afinal “o projecto ainda não foi formalmente aprovado pelo Igespar, porque esta versão não foi ainda submetida oficialmente para o efeito”, existindo apenas “acordo de princípios”.

Os losangos
Acolhendo aquela que foi uma das maiores críticas ao desenho inicial, Bruno Soares manteve os losangos no chão da placa central, mas decidiu optar por “uma proximidade de cores e tons muito grande”. Tanto a base como as linhas diagonais que nela vão ser traçadas serão em lioz, mas enquanto a primeira será numa pedra fina e granulada para manter a imagem do antigo terreiro, as linhas serão de pedra lisa.

“Não vamos determinar como se usa a praça através do chão”, garante o arquitecto, explicando que insistiu nos losangos para “dar a perceber que é uma grande praça, não um espaço estático e fechado”. O também muito contestado corredor em pedra a unir a Rua Augusta ao Cais das Colunas desapareceu e a estátua de D. José deixou de assentar num losango, opção que Bruno Soares admite ter sido “um erro”.

Na nova versão do estudo, a estátua será “bordejada por uma faixa de pedra” e continuará a estar sobreelevada, a uma altura que num dos lados atingirá os 30 centímetros. Também a polémica sobreelevação da placa central do Terreiro do Paço em relação ao Cais das Colunas se vai manter, apesar de os cinco degraus inicialmente previstos serem agora transformados em dois degraus seguidos de um patamar e mais dois degraus, o que na opinião do arquitecto torna a aproximação “mais suave”.

Aqui, a grande diferença é que o Cais das Colunas, que o arquitecto considera ser o elemento “mais importante” da praça e aquele que a “diferencia de qualquer outra praça real”, não será transformado numa plataforma circular. Bruno Soares explica que a insistência nos contestados degraus, que serão ladeados por “duas rampas muito suaves”, “não é para dificultar a circulação, é para as pessoas terem a percepção de que é uma situação diferente”.

As esplanadas
Já os passeios nas laterais, que vão ser alargados e receberão esplanadas, continuarão a ter “um padrão das cartas de marear do século XVI”, num material ainda a definir, mas que se prevê que seja atravessado por linhas vermelhas e pretas. O passeio junto à Avenida Ribeira das Naus que, com a introdução do novo modelo de circulação automóvel, passou a ter duas faixas em calçada de granito, será em calçada à portuguesa.

O que também se mantém, apesar de ter gerado contestação, é o desnível entre o centro da praça e uma das laterais do Terreiro do Paço, onde, segundo Bruno Soares, haverá um lancil com 15 centímetros e dois socalcos com 25 cm cada, para “revelar o acontecimento histórico” que foi o abatimento do torreão poente.

As árvores
Já a possibilidade de plantar árvores na praça, onde estas chegaram a existir nos séculos XIX e XX, foi rejeitada pelo arquitecto, por considerar que iriam “segmentar o espaço” e contribuir para se “perder a sua dimensão”. Além disso, explicou, a vizinha Avenida Ribeira das Naus vai ser arborizada, pelo que não fazia sentido “deturpar a Praça do Comércio nem pô-la a concorrer com outros espaços”.
O autor do estudo para o projecto de requalificação, que se pretende esteja concluída a tempo da comemoração do centenário da implantação da República, em Outubro de 2010, quer que esta passe a ser uma praça utilizada no Verão e no Inverno, de dia e de noite, no quotidiano e em festas e outros acontecimentos. Para tal vão ser desenvolvidos projectos específicos de iluminação e de mobiliário urbano, que contemplará palcos, instalações temporárias, apoios para exposições, mercados e esplanadas.

Bruno Soares diz que a alteração já introduzida pela Câmara na circulação automóvel, que estiveram na origem de uma providência cautelar interposta pelo Automóvel Clube de Portugal, “é fundamental, é essencial para sustentar esta remodelação”. Igualmente importantes, acrescentou, são os projectos de reutilização dos edifícios da praça (e de toda a Baixa) e e recuperação das suas fachadas.

A praça “bateu no fundo”
No sábado, a sociedade Frente Tejo promove, às 15h30, uma “sessão de debate e esclarecimento” do projecto, no átrio do Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço. Numa iniciativa que deverá contar com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Bruno Soares irá apresentar as suas propostas, agora revistas, para dar uma nova vida à praça que, afirma, “bateu no fundo”.

Para o arquitecto, o maior desafio foi perceber “como é que actualmente se consegue criar condições para reintegrar este espaço na vida de cidade”, sendo certo que a sua intenção não é transformá-lo “numa sala de estar de Lisboa”, papel que acredita estar reservado ao Rossio. O Terreiro do Paço, diz, deve afirmar-se sim como “a grande centralidade cultural da Área Metropolitana de Lisboa”, “articulada com o grande centro comercial que é a Baixa”.

As obras de requalificação deverão arrancar em Agosto."

Fonte e imagem:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388675

Novas imagens da requalificação do Terreiro do Paço

Para ver as imagens, do projecto do Arq. Bruno Soares, clicar na ligação abaixo:
http://static.publico.clix.pt/docs/local/novasimagensterreiropaco/

Petição por um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço:
http://www.gopetition.com/online/28118.html

Phoenix’s METRO Light Rail Takes Flight


by Clarence Eckerson, Jr. on June 17, 2009

"Everyone knows that Phoenix has a huge sprawl problem. But now transit-oriented development is on the upswing in this Sun Belt metropolis. In December, the Phoenix region opened one of the most ambitious transit projects in recent U.S. history: a 20-mile light rail line with 28 stops serving three cities (Phoenix, Tempe, and Mesa). Future plans include an extension within three years, with several new corridors being studied.

The Valley Metro vehicles are handsome and comfortable, and thus far ridership has far exceeded initial projections -- with as many as 40,000 riders per day, compared to the expected 25,000. Each station features amenities and art installations. In addition, with many folks using the light rail as an intermodal step in their commutes, bicycles are welcome aboard."

Fonte:
http://www.streetfilms.org/archives/phoenixs-metro-light-rail-takes-flight/

III ENCONTRO NACIONAL SOBRE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

19 e 20 de Junho de 2009
Fórum Lisboa
Avenida de Roma, 14 L
218 170 400

"Em menos de duas décadas, as experiências de Orçamento Participativo (OP) adquiriram uma importância significativa no cenário internacional. Desde a classe política de muitos países, a organizações como as Nações Unidas, a diferentes sectores da academia, bem como inúmeras organizações da sociedade civil, muitos são os que têm manifestado um grande interesse por este novo experimentalismo democrático. Disso é, aliás, reflexo a espantosa disseminação do OP a nível mundial, à qual Portugal não ficou alheio.

Desde o ano 2000 até à actualidade emergiram no nosso país mais de vinte experiências autárquicas de OP, sendo de esperar um crescimento significativo deste número nos próximos anos.

Perante este cenário, a parceria responsável pelo Projecto Orçamento Participativo Portugal (www.op-portugal.org), apoiado pela Iniciativa Comunitária EQUAL, tem vindo a desenvolver uma oferta significativa de actividades em todo o país, merecendo especial destaque as acções de formação e workshops regionais, a consultoria gratuita, os encontros nacionais sobre o tema, a edição portuguesa do Manual das Nações Unidas "72 Perguntas Frequentes sobre Orçamento Participativo", assim como a criação de uma aplicação informática concebida para apoiar a concepção, gestão e avaliação deste tipo de práticas autárquicas.

Depois de São Brás de Alportel, em 2007, e de Palmela em 2008, é agora a vez de Lisboa acolher a terceira edição do Encontro Nacional sobre Orçamento Participativo, prevista para os próximos dias 19 e 20 de Junho de 2009, no Fórum Lisboa, numa organização conjunta da parceria responsável pelo Projecto e da Câmara Municipal de Lisboa."
INSCRIÇÕES ABERTAS ONLINE

PROGRAMA PRELIMINAR

Transportes
Metro: Roma
Comboio: Areeiro
Autocarros: 7/35/40/56/708/722/727/767

Arranjo do espaço público do Terreiro do Paço começa no final de Agosto

in Jornal Público, 17.06.2009, por Inês Boaventura

"O presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou ontem, à margem da sessão da assembleia municipal, que "o arranjo do espaço público" do Terreiro do Paço deverá arrancar "no final de Agosto". António Costa garantiu que tal só acontecerá depois de a autarquia aprovar o projecto do arquitecto Bruno Soares, que será apresentado no dia 26, no Fórum Lisboa, numa sessão com lugar a "debate público".
Já o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, afirmou que, ao contrário do que já foi defendido pela presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, a remodelação da praça "não obriga a um plano de pormenor", por se tratar de uma intervenção num espaço público de uma zona histórica. Também para a "pedonalização da Rua Augusta", lembra Manuel Salgado, não foi necessário tal procedimento."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Debate: RESERVA AGRÍCOLA NACIONAL, RAN

"A agricultura tem mais potencial para criar emprego do que as obras públicas, além de ter capacidade exportadora" ... "Deveria haver uma campanha nacional para explicar o potencial da agricultura" ... "...algumas fileiras... podem oferecer importantes soluções para gerar mais emprego e garantir equilíbrio do território."
- João Salgueiro, Público de 11 de Março de 2009.

Enquanto economistas responsáveis olham a agricultura com novas perspectivas e reconhecendo a importância que desde 1975 foi legalmente estabelecida para as áreas da RAN, o Ministério da Agricultura alterou em Março passado o respectivo regime.

Diversos colegas e entidades denunciaram os interesses não agrícolas que justificaram esta alteração. Também a APAP condenou vivamente esta alteração ao regime da RAN e manifestou uma enorme preocupação pelo alargamento das excepções para a sua ocupação e pela extraordinária abertura introduzida para a florestação, inclusive com espécies de crescimento rápido – agravada pelo conhecimento de que não foram considerados os pareceres das entidades que gerem a RAN e não foram consultadas as organizações de agricultores e de ambiente.

Assim propomo-nos discutir na APAP as implicações do novo regime e as actuações a encarar, no próximo dia 17 de Junho, às 18 horas. Contamos com três intervenientes muito activos nesta área - o Professor Gonçalo Ribeiro Telles, o Arquitecto Paisagista Henrique Pereira dos Santos e o Engenheiro Agrónomo Jaime Paz."

Sede APAP: Calçada Marquês de Abrantes nº 45, 1º Dto , 1200-718 Lisboa
213 950 025, 213 901 807 ou 213 901 808

Transportes
Metro: Cais do Sodré
Comboio: Santos
Autocarros: 60/713/727/794
Eléctricos: 15/18/25

Fonte:
http://www.apap.pt/

Hortas biológicas de Guimarães criam novos agricultores urbanos


in Jornal Público, 14.06.2009 - 11h57 Lusa

"Operários, economistas, médicos, professores, enfermeiros, juízes e reformados são os novos agricultores de Guimarães. Nas hortas biológicas na Veiga de Creixomil crescem legumes e flores de todos os tipos. Onde dantes só existiam silvas e ervas.

"Aqui somos todos agricultores. Trocamos sementes, legumes e flores e gozamos o prazer de cultivar a terra", contou Cristina Pereira, operária de calçado desempregada e "dona" de um canteiro na Horta Pedagógica de Guimarães.

A horta está situada na Veiga de Creixomil, a 100 metros de um hipermercado e num dos terrenos outrora mais férteis e cultivados do concelho e onde quase só existiam silvas e ervas. Por cinco euros anuais, os candidatos ficam na posse de uma parcela de terreno de 50 metros quadrados, apenas com a única obrigação de a cultivarem.

Couves, favas, ervilhas, batatas, cebolas, maracujás e meloas, tomates e pepinos, há de tudo no terreno em que a câmara de Guimarães também oferece a água para a rega.

"No mercado municipal já se deve notar um quebra na venda dos legumes tal é a quantidade de legumes que se colhem na horta", frisou Avelino Pereira, encarregado geral de uma empresa de calçado e agricultor aos sábados e domingos.

O colorido dos legumes e flores semeados, faz das pequenas hortas um enorme jardim.

"Não percebia nada de agricultura quando me candidatei à horta mas depois de comer as primeiras alfaces que semeei, as ervilhas e as favas, percebi que tinha um agricultor dentro de mim", disse Avelino Teixeira, um tipógrafo encadernador reformado.

"Eu só trato das flores e tenho muitas e bonitas", salientou Arminda Teixeira, esposa de Avelino, que obrigou o marido a ceder-lhe parte do espaço.

"São pessoas que querem cultivar um terreno pelo prazer de lidar com a terra e não exactamente por necessidade", frisou Costa e Silva, o vereador dos Serviços Urbanos e do Ambiente na câmara de Guimarães.

As primeiras hortas começaram e ser cultivadas em Outubro de 2008 mas, menos de um ano depois, não há espaços vagos e a variedade de legumes e hortaliças surpreende.

"Há pessoas que vêm para aqui passear só para nos verem a trabalhar. Até parece que estamos numa jaula a ser observados como se fossemos uma espécie em vias de extinção", brincou um juiz, que esquece as leis nas horas vagas e troca o martelo das audiências pela enxada.

"É uma terapia para o stress e que leva a grandes discussões científicas como por exemplo, qual é a melhor semente de pepino", disse uma enfermeira do hospital de Guimarães que sai do emprego e vai, a pé, até à sua horta. "Ando descalça, tiro ervas daninhas. Converso com as plantas e hoje, estive a colocar estacas nos tomates", contou a enfermeira.

O projecto inicial previa espaços maiores mas o número de candidatos ao aluguer de terrenos fez com que ao tamanho das hortas fosse 'reduzido'.

As primeiras candidaturas foram de um grupo de economistas. Depois juntaram-se operários, médicos, professores, enfermeiros, reformados e juízes. Mas a diferença de profissões não interfere na agricultura. "Ó vizinha, dá-me um pezinho de salsa e eu dou-lhe um pé de pepinos", pediu um agricultor de fim-de-semana. "Podia era dar-me uns pezinhos de alface para plantar", reclamou a 'inquilina" do terreno ao lado. Negócio feito, o cultivo continua.

A ideia essencial passa por incentivar a prática da cultura biológica, permitindo à população um contacto com a natureza e uma melhor consciência ecológica.

A utilização de fertilizantes está sujeita à apreciação prévia dos serviços técnicos do pelouro do ambiente.

Integrado no projecto HiperNatura Continente, o conceito de hortas pedagógicas custou 600 mil euros. "É uma forma de participar activamente na preservação e na revitalização da natureza urbanas ", finalizou Miguel Rangel, da empresa promotora do projecto."

Fonte e imagem:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1386548&idCanal=2100

A Frente Tejo "tudo decide" com a "conivência" de Costa, acusa o PSD

in Jornal Público, 16.06.2009, por Inês Boaventura

"A assembleia municipal deve aprovar hoje uma proposta condenando o projecto
para o Terreiro do Paço e o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara.

A Assembleia Municipal de Lisboa deverá aprovar hoje uma proposta dos deputados do PSD condenando o projecto de remodelação do Terreiro do Paço, bem como a actuação da sociedade Frente Tejo, que o partido acusa de funcionar como "uma super estrutura que tudo pode e tudo decide sobre a cidade, à revelia dos órgãos autárquicos, mas com a complacência e conivência da Câmara Municipal de Lisboa".
Na proposta diz-se que o projecto, do arquitecto Bruno Soares, "vem criar barreiras artificiais à circulação dos peões, fragmentando a unidade da praça enquanto espaço único e amplo", pelo que terá um "impacto negativo" numa praça que "há mais de dez anos, por força da incúria de diversos responsáveis governamentais e autárquicos do Partido Socialista, vem estando vedada aos lisboetas, com obras sucessivas, desarticuladas e descoordenadas".
O presidente da bancada do PSD diz que se trata de um processo "cheio de zonas cinzentas", que levanta "questões de natureza jurídica, política e urbanística". Saldanha Serra considera ainda "preocupante" o "cavalgar da sociedade Frente Tejo sobre a cidade de Lisboa" e lamenta o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara.
Na proposta que deverá ser votada hoje, os deputados sociais-democratas, que estão em maioria na assembleia municipal, lembram a proximidade das eleições autárquicas, facto que em seu entender devia levar António Costa a ter "maior prudência", "abstendo-se de forçar a aprovação de medidas que não reúnam consenso alargado". "Não se pode permitir que se vá condicionar desta maneira a cidade e o futuro executivo", conclui Saldanha Serra, que recusa aceitar que o projecto de Bruno Soares avance "nas costas dos lisboetas, sem que o órgão fiscalizador da actividade municipal se pronuncie".
Em declarações anteriores, a presidente da assembleia municipal tinha dito que este órgão iria apreciar e debater o estudo prévio já aprovado pela Câmara de Lisboa, apesar de não ter sido chamada por António Costa a fazê-lo, por entender que "a configuração da principal praça do país e das zonas adjacentes não é matéria que lhe possa ser subtraída". Na ocasião, Paula Teixeira da Cruz defendeu que a remodelação do Terreiro do Paço viola a lei, por não ter sido precedida de um plano de pormenor ou de urbanização. Alguns dos contestatários alegam que a obra carece de licenciamento pela câmara e não apenas de um parecer favorável. É isto que invocam o vereador Carmona Rodrigues - ausente da reunião camarária durante a votação do estudo prévio (e cujo voto desfavorável teria levado ao seu chumbo) - e o Automóvel Club de Portugal, que interpôs uma providência cautelar para travar o processo."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Terreiro do Paço não está a correr a António Costa como pretenderia


in Jornal Público, 14.06.2009, por Ana Henriques

"Mesmo não lhe sendo, segundo os especialistas, fatal em termos eleitorais, presidente da câmara vai ter de gerir com pinças remodelação da praça
Não sendo uma obra sua, é das que mais transtornos lhe têm trazido desde que tomou posse - só comparável aos dissabores que lhe causou o alargamento do terminal de contentores de Alcântara, outra decisão do Governo com repercussões pouco simpáticas na imagem da actual gestão da Câmara de Lisboa. A escassos quatro meses das eleições autárquicas, a remodelação do Terreiro do Paço converteu-se de trunfo eleitoral de António Costa em assunto incómodo, por via da onda crescente de contestação ao projecto.
Os losangos desenhados pelo arquitecto Bruno Soares para o pavimento da praça central são um dos motivos da discórdia. Outro relaciona-se com a sua sobreelevação no lado virado ao Tejo. O arquitecto pretende que a placa central fique num plano mais elevado do que o Cais das Colunas, ao qual se acederia depois de se descer do centro da praça por degraus ou rampas. O facto de Bruno Soares ter sido nomeado, e não escolhido por concurso, é outro motivo de protesto. As objecções ao projecto têm sido transversais, dos serviços camarários ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, passando por personalidades como a directora do Museu dos Coches, José Miguel Júdice ou Maria Filomena Mónica. Foram também vários os reparos feitos pela comissão de especialistas encarregue de acompanhar o trabalho de Bruno Soares - que se remeteu ao silêncio nas últimas semanas para reformular o projecto, em fase de estudo prévio.
Na blogosfera e no abaixo-assinado on-line pedindo a abertura de uma discussão pública sobre o futuro da Praça do Comércio, multiplicam-se as críticas não só ao Governo, que está a promover esta e outras obras à beira-rio através da sociedade de capitais públicos Frente Tejo, como à própria autarquia - apesar de, do ponto de vista formal, o papel desta última ser menor no empreendimento, pois trata-se de uma obra do Estado. A recente apreciação do projecto pela câmara - um procedimento aparentemente inútil, uma vez que as obras da administração central não precisam de licenciamento municipal - veio acentuar o equívoco, com António Costa a ter de exercer o seu voto de qualidade para desempatar uma votação que por pouco não redundou num "não" do executivo camarário aos planos de Bruno Soares.

Santana aproveita
No PSD, há já quem comente em surdina que a Praça do Comércio pode ser para o presidente da câmara aquilo que o projecto do elevador para o Castelo de S. Jorge foi para João Soares - um episódio que parecia menor mas que, numa disputa eleitoral taco-a-taco, terá ajudado a comprometer a vitória do socialista nas autárquicas de 2001. Quis o destino que quem roubou nessa altura o município a João Soares seja o mesmo adversário que António Costa vai ter pela frente em Outubro: Santana Lopes, que, tendo percebido a vantagem que lhe pode dar o descontentamento com o Terreiro do Paço, investiu no tema, tendo acusado a câmara de se estar a vergar ao Governo.
Será, de facto, esta uma questão que pode deitar a perder António Costa, numa cidade em que, nas eleições europeias, o PS superou o PSD por menos de um ponto percentual? A acreditar em alguns especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, o autarca não corre esse risco. "O Terreiro do Paço não é susceptível de ser fatal a António Costa", opina o politólogo António Costa Pinto. Essa é também a opinião do sociólogo Villaverde Cabral: "O assunto não tem relevância eleitoral suficiente. É uma querela das elites artístico-intelectuais".

Em banho-maria?
"Para António Costa, a questão surge na pior altura", admite, por seu turno, o politólogo André Freire. Villaverde Cabral considera que aquilo que pode ser mortal para António Costa é a divisão da esquerda. "Apostava que o Terreiro do Paço vai ficar paralisado até às próximas eleições", acrescenta. Também para Costa Pinto a política de alianças que o presidente da câmara conseguir, ou não, estabelecer com outras forças políticas para ir a votos será um dos múltiplos factores mais importantes do que este tipo de episódio. Ainda assim, neste contexto, António Costa só tem a ganhar em "afirmar-se como presidente da câmara", demarcando-se do Governo, observa. "Esta contaminação entre poder local e administração central pode não lhe ser favorável". Os três analistas são unânimes em considerar que o arquitecto devia ter sido escolhido por concurso público."



"Incómodo tem sido gerido com silêncio
O PÚBLICO pediu aos candidatos à câmara um comentário sobre a remodelação do Terreiro do Paço. O único que se remeteu ao silêncio foi António Costa, que alegou que (ainda) não é candidato - apesar de ter assumido a recandidatura há longos meses. Numa recente visita às obras da praça, recusou-se a falar sobre os aspectos mais polémicos do projecto - "questões estéticas" -, sublinhando que se deve respeitar o critério do autor. Garantiu, mesmo assim, que Bruno Soares já alterou o que suscitou maior crítica. Também não falou sobre as ilegalidades processuais apontadas pela presidente da assembleia municipal."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1386551
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/88/frente-ribeirinha-da-baixa-pombalina.htm

Porquê escolher o arquitecto Bruno Soares?

in Jornal Público, por Ana Henriques
14.06.2009

"Ter o Terreiro do Paço remodelado a tempo das comemorações do centenário da implantação da República, em Outubro de 2010, tem sido o principal argumento usado para a dispensa do concurso público para a escolha do arquitecto responsável pelo projecto. Mas porquê Bruno Soares, que é acima de tudo um especialista em planeamento urbanístico?
Foi o advogado José Miguel Júdice quem, quando dirigia a Sociedade Frente Tejo - entidade de capitais públicos encarregue da reabilitação de alguns troços da zona ribeirinha de Lisboa -, o convidou. Evitou assim as delongas que um concurso público internacional implicaria e/ou os custos acrescidos motivados por obras que, arrancando mais tarde, teriam de ser concluídas em prazos--recorde. "O facto de a criatividade contemporânea não ser manifestamente essencial" foi outro argumento que invocou para a dispensa do concurso. E depois Bruno Soares já trabalhava desde 2006 para a Parque Expo, na realização de estudos urbanísticos para a zona entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, prossegue o advogado. A Parque Expo confirma que os seus técnicos se socorreram de Bruno Soares, até porque o primeiro já havia assessorado a administração portuária na zona ribeirinha da Baixa.
Amigo do vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado, Bruno Soares, de 68 anos, foi autor de vários planos directores municipais país fora, incluindo o de Lisboa, em vigor desde 1994. Fundou, em 1984, a revista Sociedade e Território, juntamente com Fonseca Ferreira, que se tornou já depois disso presidente da Comissão de Coordenação Regional (actual CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo.
Mas se nada neste currículo o tornaria uma escolha assim tão óbvia para a Praça do Comércio, o facto de Bruno Soares não ter, enquanto arquitecto, uma marca de autor demasiado vincada, foi para Júdice - que defendia para o local uma obra o mais possível de restauro - um factor de confiança acrescido. "Se fosse um arquitecto com o ego do tamanho de uma casa, nunca o teria escolhido", sublinha. Só que, numa das poucas entrevistas que deu até hoje sobre o assunto, Bruno Soares assume uma posição diametralmente oposta. "Não há nada para restaurar. Na época pombalina não havia desenho algum, era um terreiro, ponto final. A não ser que queiram restaurar o desenho do Estado Novo", disse ao jornal i. Não foram tornados públicos os honorários de Bruno Soares. O PÚBLICO tentou obter esses dados junto da Sociedade Frente Tejo, mas não foi possível."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Transportes podem ser financiados pela valorização dos terrenos por onde passam

Especialista português em auditoria do Metro de Lisboa apresentou em congresso internacional soluções para o financiamento dos transportes públicos
in Jornal Público, 12.06.2009, Carlos Cipriano, em Viena

"O investimento em transportes públicos aumenta quase sempre o valor dos terrenos por onde passa. Um prolongamento da rede de metro, ou a construção de uma nova estação entre duas já existentes, espalham à sua volta um acréscimo de valor dos terrenos e dos imóveis localizados. O tema é complexo, mas foi este desafio que José Carballo Sequeira, director do gabinete de auditoria do Metro de Lisboa, propôs a algumas centenas de especialistas numa apresentação ao Congresso da União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), que ontem encerrou em Viena, Áustria.
É justo, pois, que se criem mecanismos para ir buscar esse valor a quem dele beneficia sem que para tal tenha contribuído, e o ponha ao serviço da comunidade financiando o próprio investimento. Uma taxa sobre os benefícios gerados pela nova rede de transportes é um dos três mecanismos possíveis, que visa introduzir alguma justiça quando um investimento público destinado à população acaba por gerar enormes valorizações às propriedades de uma minoria.
José Sequeira diz que é isto que está a ser feito na expansão do metro de Londres e que a mesma experiência foi pacífica também em Washington, quando se construiu uma nova estação em terrenos desqualificados que passaram a valer uma fortuna.
Mas em vez de se fazer primeiro o investimento e depois se aplicarem as taxas, é possível uma solução mais elaborada que consiste em antecipar os benefícios esperados utilizando-os para financiar a infra-estrutura. "Neste caso, pede-se ao banco para financiar o investimento e dá-se como garantia os futuros ganhos sobre os valores dos terrenos", explica este investigador, que estudou o caso australiano, onde este mecanismo é aplicado, e o de Chicago, onde a forma de financiamento é utilizada em grande escala. Por fim, uma terceira possibilidade consiste em juntar a construção de uma infra-estrutura de transportes com o desenvolvimento urbano, em que o próprio operador e entidades privadas se envolvem na requalificação dos locais por onde passa a nova rede.
As pessoas têm a percepção de que uma estação de metro implantada num bairro muda completamente o tipo de serviços e de actividades que ali passam a funcionar. A ideia, diz José Sequeira, "é aproveitar o valor das vendas e das rendas desses espaços para financiar o investimento, mas, em vez de taxas, o próprio Estado [ou o seu operador] contratualiza com os privados a venda e arrendamento das propriedades, partilhando os benefícios. E, mais uma vez, há exemplos de sucesso: em Hong Kong o operador de transportes trabalha em conjunto com os promotores imobiliários privados e o mesmo tem acontecido em Madrid, na área metropolitana de Copenhaga, na Índia e no Brasil.
Em Portugal, porém, há uma quase ausência de reflexão em torno destas questões, continuando as empresas responsáveis pelas infra-estruturas de transportes - sobretudo a Refer e os Metros de Lisboa e do Porto - a endividar-se para prosseguir com os investimentos.
A estação do metro do Colégio Militar é um caso-tipo de como um investimento público gerou valor para os privados, bem aproveitado pela Sonae, no Colombo, e pelo grupo BES, no Hospital da Luz.
José Sequeira, que faz parte da Comissão de Economia de Transportes da UITP, diz que estas inovadoras fontes de financiamento são, ainda por cima, amigas das finanças públicas. Estudadas, sobretudo, na perspectiva das redes de metro, estes mecanismos podem também ser extrapolados para investimentos de maior dimensão, como é o caso do novo aeroporto e das estações da rede de alta velocidade.
O congresso da UIPT juntou em Viena 2200 delegados oriundos de 80 países e 350 empresas que ocuparam uma área de exposição de 26 mil metros quadrados. O tema deste ano foi a Mobilidade e Transporte nas Cidades."
O PÚBLICO viajou a convite da Bombardier

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Bike Parking Respect in Chicago: McDonald’s Cycle Center


"Chicago's Millennium Park hosts of one of the most incredible amenities for cyclists in the United States: McDonald's Cycle Center. So sit back and take a most excellent tour with Bike And Roll's Josh Squire, who manages the facility through an agreement with the city.

It's enough to make bike commuters in many cities drool. The center boasts state-of-the-art showering facilities, secure bicycle parking for 300, a repair station, towel service, is temperature-controlled, and features the constant presence of the Chicago Lakefront Police bike patrol, which shares the facility and maintains its bikes on site. The station is extremely popular, with 500 members at a time and a waiting list of eager riders ready to join. But even if you aren't a member you can still take advantage of the free bike parking, and mechanics are on duty to repair anyone's bikes seven days a week.

If you'd like to read more, the wikipedia entry on it is very in-depth."

Fonte:
http://www.streetfilms.org/archives/bike-parking-respect-in-chicago-mcdonalds-cycle-center/

Exercise for Half an Hour Three Days a Week or Go for a Two-Hour Bike Ride on the Weekend?


Everyday Health Dilemmas Solved
Better choice: Half an hour three days a week
Ideally, aim for 30 to 60 minutes of activity at least five days a week. Every time you exercise, you reap benefits like lowering blood sugar and boosting metabolism.
But... For weight loss, you can burn just as many calories in one shot as you might spread over the week. You're still better off exercising than sitting on the couch. If possible, spread the activity out over two days, and warm up first.

Fonte e imagem:
http://www.startmakingchoices.com/feelgood/articles/Everyday-Health-Dilemmas.jsp?WT.mc_id=SMC_Jun_09&WT.mc_ev=click

Decisão teve a ver sobretudo com “aspectos formais, de impacto visual”, explica director

Igespar deu parecer negativo ao projecto de Bruno Soares para o Terreiro do Paço
in Jornal Público, 05.06.2009 - 21h15 Alexandra Prado Coelho

"O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) deu um parecer negativo ao estudo prévio para o Terreiro do Paço, em Lisboa, elaborado pelo arquitecto Bruno Soares, revelou hoje ao PÚBLICO o director do Igespar, Elísio Summavielle.

As objecções do Conselho Consultivo do Igespar, comunicadas terça-feira à Sociedade Frente Tejo, responsável pela obra, baseiam-se em “aspectos formais, sobretudo de impacto visual, a arrumação da placa central, o enquadramento da estátua”, explicou Summavielle e não às propostas de Bruno Soares para “a organização do trânsito e a topografia”.

O director do Igespar lembra, contudo, que se trata de um estudo prévio e que, numa próxima fase, o arquitecto deverá apresentar o ante-projecto, que será também analisado e objecto de novo parecer.

Num artigo intitulado “Terreiro do Paço é excepção?”, publicado hoje no semanário Sol, Pedro Santana Lopes, candidato à Câmara de Lisboa, considerou “inadmissível” o que dizia ser a ausência de pareceres do Igespar relativamente ao Terreiro do Paço. “Chegou-se ao desplante de o vereador do Urbanismo responder aos jornalistas, com a obra já a decorrer, que 'um dia destes o Conselho Consultivo do Igespar há-de pronunciar-se...”, escreve Santana Lopes. E continua: “Então agora é assim? A obra vai por aí fora, os contratos vão-se fazendo e ninguém impõe o cumprimento da lei?”.

Duas obras diferentes
Reagindo a estas palavras, Summaville afirma que Santana Lopes está a confundir duas coisas: “Há uma obra de infra-estruturas a decorrer no Terreiro do Paço, que tem a ver com os esgotos e saneamento, e essa tem tido um acompanhamento arqueológico por parte do Igespar”, que recebe relatórios e verifica os vestígios arqueológicos que ali aparecem. E, explica o director, “há uma outra obra, na placa, que ainda não começou, e cujo estudo prévio [de Bruno Soares] nos foi enviado e sobre o qual nos pronunciámos”. Não há, portanto, segundo Summavielle, aquilo que Santana Lopes diz ser o aproveitamento “de movimentos de terras de obras de esgotos e saneamento para mudar o desenho e o perfil de uma praça que é símbolo cimeiro da História de Portugal”.

O projecto de Bruno Soares teve uma primeira apresentação pública no dia 26 na Ordem dos Arquitectos e também ali foi alvo de críticas. Vários dos que se encontravam na assistência – composta em grande parte por arquitectos – questionaram os losangos previstos para a placa central, o corredor em pedra a ligar o Arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas, passando pela estátua de D. José, os degraus junto ao rio, e, nas zonas laterais, o padrão de rotas marítimas inspirado na cartografia portuguesa do tempo dos Descobrimentos.

O arquitecto ouviu atentamente as críticas e admitiu fazer algumas alterações no projecto, nomeadamente esbatendo os losangos da placa central. Bruno Soares está actualmente a reformular alguns pontos e a preparar o ante-projecto.

Uma das críticas mais insistentes durante a sessão na Ordem dos Arquitectos teve a ver com o facto de não ter existido concurso público para a obra no Terreiro do Paço, que foi confiada pela Sociedade Frente Tejo a Bruno Soares. No seu texto, Santana Lopes toca num outro ponto, considerando “uma aberração política e jurídica” o facto de “ser uma sociedade do Estado [a Frente Tejo], sem qualquer participação da Câmara, a fazer tudo isto em Lisboa”."



Conselho consultivo chamado em casos bicudos
por Ana Henriques

"O conselho consultivo é o órgão de aconselhamento a que recorre o Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico quando se depara com casos bicudos.

“Incumbe-lhe emitir pareceres sobre as matérias da competência do instituto que o seu presidente entenda dever submeter à sua apreciação”, diz a lei.

Dele fazem parte, além de representantes do próprio Igespar, cinco individualidades de reconhecida competência nesta área: os arquitectos Tomás Taveira, Alcino Soutinho e Vasco Massapina, o arqueólogo Cláudio Torres e o engenheiro Maranha das Neves. O conselho tem ainda representantes de ministérios e até um da conferência episcopal portuguesa, num total de 20 membros.

Entretanto, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa. Saldanha Serra, defendeu que o novo modelo de circulação rodoviária para a Baixa terá que ser submetido à Assembleia e que, tal como está, o seu partido não o viabilizará. Para o deputado municipal, o anúncio do presidente da câmara de que o novo sistema de mobilidade entrará em vigor até dia 16 “é de uma gravidade brutal e de uma falta de sensibilidade para os problemas que se estão a registar no trânsito e na mobilidade da cidade”.

O novo modelo de circulação passa pela utilização da Rua da Alfândega e Rua do Arsenal só por transportes públicos. Os automóveis ficam confinados à Av. da Ribeira das Naus, com uma faixa em cada sentido, e toda a circulação estará interdita nas laterais do Terreiro do Paço. “António Costa anda atrás dos projectos liderados pela Sociedade Frente Tejo, que se vai constituindo cada vez mais como um monstro para a cidade”, acusou Saldanha Serra, citado pela Lusa."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1385349

Projecto para o Terreiro do Paço "desvirtua conceito de praça barroca"

in Jornal Público, 05.06.2009
Por Ana Henriques

"A directora do Museu dos Coches, Silvana Bessone, entende que o projecto de reformulação do Terreiro do Paço "desvirtua o conceito de praça barroca" que presidiu à criação da Praça do Comércio após o terramoto de 1755.
"Achei o desenho horrível e como historiadora de arte fiquei impressionada", diz Silvana Bessone, que assinou ontem a petição online a exigir a abertura de uma discussão pública sobre o futuro da principal praça do país. Uma pretensão que não é bem acolhida pela Sociedade Frente Tejo, entidade de capitais exclusivamente públicos criada pelo Governo para reabilitar este e outros troços da zona ribeirinha de Lisboa. "Pela lei não somos obrigados a fazê-lo, uma vez que se trata de um projecto e não de um plano. Mesmo assim, abrimos um processo de participação pública nesta fase inicial do projecto, que é a do estudo prévio", refere a porta-voz da sociedade, Maria João Rocha.
A directora do Museu dos Coches explica que a Praça do Comércio "foi feita de propósito para ali fazer passar os grandes cortejos do fausto barroco [com carruagens puxadas por cavalos], que davam voltas em redor da placa central e subiam depois pela Rua da Prata ou pela Rua do Ouro". Por isso, "transformar aquilo novamente num terreiro", o Terreiro do Paço que ali existia antes do terramoto, "não faz sentido". Da mesma forma, o corredor de pedra que o projecto prevê que venha a ligar o arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas "é um disparate", tal como a anunciada valorização da estátua de D. José com alguns degraus em seu redor.
Silvana Bessone faz um apelo: que antes de ser tomada qualquer decisão precipitada o assunto seja discutido não apenas pelos cidadãos como por um painel de especialistas - historiadores de arte, arquitectos, urbanistas, olisipógrafos - que possa indicar um rumo a seguir na reabilitação da praça. De facto, existe um painel de especialistas que já transmitiu ao autor do projecto, o arquitecto Bruno Soares, as suas impressões sobre o seu trabalho. E o PÚBLICO sabe que levantaram várias objecções. "Não vamos revelar publicamente o conteúdo deste debate interno com os especialistas, senão ele deixaria de ser produtivo", diz a porta-voz da Sociedade Frente Tejo. Objecções ao projecto levantaram igualmente vários serviços camarários. Num parecer que emitiu sobre o assunto, o director municipal de Conservação e Reabilitação Urbana, Catarino Tavares, entende que a sobriedade e a simplicidade da imagem pombalina dificilmente se coadunam com a variedade de materiais e de cores que Bruno Soares previa inicialmente que fossem usados no pavimento - "lioz, basalto, calcário, vermelho e amarelo, granito, saibro e mármore verde". Este será um dos aspectos que o arquitecto estará a reformular até ao próximo dia 26 (ver outro texto).
"Deverá meditar-se sobre os materiais a aplicar e as soluções propostas para os desníveis [previstos para o pavimento] junto do torreão poente", conclui o responsável camarário, que elogia a prioridade que o projecto confere aos peões, "não incluindo qualquer obstáculo" à sua circulação."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

MMS quer que bicicletas sejam alternativa ao automóvel em Lisboa

in Jornal Público, 01.06.2009 - 21h28 Lusa

"O cabeça de lista do MMS ao Parlamento Europeu tentou hoje, sem sucesso, transportar uma bicicleta de comboio até ao Cacém, numa iniciativa para demonstrar a falta de alternativas ao automóvel para quem trabalha mas não mora em Lisboa.

"É a prova de que as coisas não estão preparadas para o cidadão, é muito difícil as pessoas terem alternativas, fala-se muito em acabar com os automóveis na cidade de Lisboa mas é preciso ter condições", disse esta tarde à agência Lusa o cabeça de lista do Movimento Mérito e Sociedade (MMS), Carlos Gomes.

O candidato a eurodeputado constatava desta forma a falta de alternativas ao uso do automóvel na capital, depois de falhada a tentativa de transportar em hora de ponta uma bicicleta num comboio da Linha de Sintra, em direcção ao Cacém, uma freguesia onde moram milhares de pessoas que todos os dias se deslocam até Lisboa para trabalhar.

Perto das 18 horas o cabeça de lista do MMS, acompanhado do presidente do partido, Eduardo Correia, entraram na Estação do Rossio, ambos levando consigo a respectiva bicicleta e compraram o bilhete que lhes permitiria viajar até ao Cacém.

Ainda que a máquina que dispensou os bilhetes tivesse dado como indisponível a opção de venda de bilhetes a utentes com bicicletas, foi só já dentro do comboio que foi pedido aos dois representantes do MMS que abandonassem a carruagem em que tinham entrado, uma vez que só é permitido o transporte de bicicletas a partir das 20:00, fora da hora de maior circulação de pessoas.

"Vimos que havia alguma falta de informação aqui mesmo na estação. É preciso mudar estas coisas, temos que fazer com que as coisas funcionem para os cidadãos e para as pessoas", afirmou Carlos Gomes.

"Compreende-se que não se queira que os utentes 'normais' sejam afectados pelos utentes com bicicletas", acrescentou o candidato que apresentou soluções.

"O facto de haver um horário neste momento em que só a partir das 20:00 se pode utilizar a bicicleta, obviamente limita imenso as pessoas que a querem utilizar. Não podem ficar aqui em Lisboa, deixar os filhos [sozinhos] em casa. É possível ter um vagão com tarifas específicas, como se faz noutros países da Europa, e como era possível fazer também em Lisboa", defendeu.

Esta seria uma opção que, no entender de Carlos Gomes, ajudaria a tornar a capital uma cidade "mais verde e ecológica", para além dos benefícios económicos que a utilização da bicicleta traz em comparação com o uso do carro.

O presidente do MMS aproveitou a iniciativa para criticar a forma como até ao momento tem decorrido a campanha para o Parlamento Europeu, particularmente o comportamento dos "principais partidos tradicionais", que, diz, estão apostados em atirar "uns tiros de um lado para o outro".

"É para mim inaceitável continuar a ver a campanha dos outros partidos políticos, que se dedicam a dizer mal uns dos outros, que se dedicam a promessas hilariantes. É assim que classifico o estado da campanha. Não vi uma ideia. Vejo sempre uns tiros de um lado para o outro", afirmou.

"Os partidos tradicionais encarregaram-se de fazer com que os portugueses desconfiem dos políticos, da democracia e dos actos eleitorais. É fundamental que os portugueses percebam que o voto é o seu primeiro instrumento de mudança e que percebam que é em novas pessoas e novos projectos que vão encontrar um novo rumo", acrescentou, apontando Carlos Gomes como uma alternativa credível "de talento e de mérito", que "representa a capacidade que os portugueses têm de fazer coisas bem feitas na Europa".

Carlos Gomes, de 44 anos e com origem em Castelo Branco, reside actualmente em Paris e é o presidente do grupo Fiat para os mercados da Europa do Sul."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1384433&idCanal=12

Sem Terreiro nem Paço

in Jornal Público
02.06.2009, Margarida Saavedra

"Há perdas que são colectivas: quando um denominador comum desaparece ou, mercê de diversas circunstâncias, se transfigura, todos ficamos mais pobres. Quando essas circunstâncias se devem a factores externos (um terramoto, um bombardeamento, etc) mesmo as sociedades mais diversificadas são capazes de concentrar esforços para a sua recuperação. Quando se devem a acções deliberadas, torna-se imperativo que a mudança traduza o resultado do envolvimento comum pois, se assim não for, o património que era de todos corre o risco de se transformar no instrumento de alguns e, portanto, no símbolo dum regime autocrático totalmente insuportável para uma sociedade democrática: é uma perda que ultrapassa largamente o valor do objecto em si porque transporta no seu seio o estigma duma violentação.
A simbologia da coisa comum está para além do valor intrínseco do objecto porque guarda a memória de um povo e, muitas vezes, é a tradução visual da sua identidade.
O Terreiro do Paço, mais do que o símbolo do marquês de Pombal, mais do que o símbolo de Lisboa é, muitas vezes, a imagem que se "cola" a Portugal: é, digamos, um dos seus logótipos. De tal modo que inúmeras tentativas para o modificar, infindáveis projectos para o alterar, chocaram na barreira sagrada da nossa afectividade. Nem a República, crismando-o como Praça do Comércio, rectificando a toponímia em todos os documentos oficiais, conseguiu que, quase cem anos volvidos, deixássemos de lhe chamar Terreiro do Paço. O facto de ser considerado genial como praça tornou-o um dogma.
Para a comemoração dos cem anos da República, o Terreiro do Paço é incontornável: uma vez mais, o nosso mundo afectivo ligou o alarme perante a iminência duma blasfémia.
A polémica aí está: se uns há que têm a humildade de reconhecer que apenas se poderá defender uma intervenção minimalista, outros não resistirão à arrogância de aí deixar a impressão digital como se se tratasse dum passeio da fama.
Mas algo de mais profundo se esconde no fumo desta polémica: ninguém perguntou aos portugueses se queriam ver o Terreiro do Paço retalhado por escadarias de mármore; ninguém perguntou aos portugueses se queriam ver o Terreiro do Paço seccionado por losangos; ninguém perguntou aos portugueses se queriam um pavimento multicolor que se imponha às arcadas; ninguém perguntou aos portugueses o que queriam fazer do Terreiro do Paço.
Para celebrar o centenário de uma república com cidadãos de pleno direito, a câmara, da confiança do Governo, conluiada com o Governo de confiança da câmara, entrega as obras do Terreiro do Paço à Parque Expo, da sua confiança, que por sua vez as entrega a um atelier da sua confiança, para executar um projecto de confiança.
Sem participação pública, sem concursos públicos; sem discussões públicas; SEM DEMOCRACIA
O presidente da câmara, com o seu voto de desempate, quis calar as vozes discordantes. O que quer que venha a ser feito no Terreiro do Paço vai transformá-lo de palco da nossa estima, no estigma da nossa violentação."
Vereadora do PSD na Câmara Municipal de Lisboa

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Júdice, Filomena Mónica e Helena Roseta assinam petição pela Praça do Comércio

in Jornal Público
02.06.2009, Ana Henriques
Figuras de diferentes quadrantes defendem debate público sobre remodelação do Terreiro do Paço

"O ex-presidente da Sociedade Frente Tejo, José Miguel Júdice, é uma das figuras que assinou a petição on-line que exige a abertura de um debate público sobre a remodelação da Praça do Comércio.
"O urbanismo, numa sociedade democrática, tem de se basear na auscultação dos cidadãos antes das decisões, sobretudo no caso do Terreiro do Paço", escreveu o advogado no espaço reservado aos comentários. Lançada no final da passada semana pelo movimento cívico Forum Cidadania, a petição contava até ao final da tarde de ontem com 472 assinaturas, entre as quais as da socióloga Maria Filomena Mónica e a da arquitecta e vereadora independente Helena Roseta. "O processo, a meu ver, está inquinado de raiz", comenta a autarca. "Votei contra o estudo prévio do Terreiro do Paço por não ter havido nem concurso, nem consulta pública."
O arquitecto Nuno Leónidas é outro dos nomes que surge no abaixo-assinado. O advogado e dirigente do MRPP Garcia Pereira também assinou, tal como o líder da bancada social-democrata da Assembleia Municipal de Lisboa, Saldanha Serra. Nomeado pelo presidente da câmara como um dos comissários da carta estratégica da cidade, o investigador do Instituto de Ciências Sociais João Seixas subscreveu igualmente a petição.
O facto de a escolha do arquitecto Bruno Soares para remodelar o Terreiro do Paço não ter sido alvo de qualquer concurso público tem sido uma das questões que mais contestação tem merecido neste processo. Quanto ao projecto propriamente dito, o alargamento significativo dos passeios e a redução do trânsito na Praça do Comércio tem sido elogiada, mas o mesmo não acontece com algumas das opções de Bruno Soares - como o desenho de losangos no pavimento da placa central da praça, ou a sua sobreeelevação na zona mais próxima do rio.
A divisão de estudos e projectos da autarquia criticou a diversidade de formas e de materiais a empregar no pavimento do Terreiro do Paço. "Dada a força, majestade e monumentalidade que a praça só por si já possui, a intervenção (...) dever-se-á traduzir numa operação de depuração, que, de forma respeitadora, promova a unidade do espaço", defenderam as técnicas que elaboraram um parecer sobre a matéria. A posição foi subscrita pelos seus superiores hierárquicos. Entretanto, Bruno Soares comprometeu-se a rever alguns aspectos do seu projecto."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Petição:
http://www.gopetition.com/online/28118.html