"Paralelepípedo, asfalto ou cimento que eliminam em grande parte a contaminação atmosférica. Soa bom demais para ser verdade e, no entanto, parece funcionar.
Os óxidos de nitrogênio provenientes dos escapes de gases são um perigo para a saúde, principalmente nos centros urbanos muito populosos. É justamente essa substância tóxica que pode ter a maior parte eliminada graças a essa nova invenção holandesa.
Após um período de testes de dois anos na cidade de Hengelo, os pesquisadores da Universidade Tecnológica de Eindhoven podem respirar aliviados. Seus paralelepípedos purificadores de ar, que despertaram, em princípio, bastante cepticismo, se tornaram um sucesso. A nova superfície das ruas converte quase a metade do gás óxido nítrico em nitrato, que não contamina.
O óxido nítrico é o causador da chuva ácida, a contaminação atmosférica que afecta as vias respiratórias. Para melhorar a qualidade do ar, a legislação europeia impõe normas cada vez mais severas sobretudo, nas grandes cidades.
Paralelepípedo
A rua Castor, Castorweg em holandês, é uma rua como qualquer outra em Hengelo. Há dois anos foi pavimentada com paralelepípedos vermelhos. É provável que hajam milhões de ruas deste tipo na Holanda.
Mas a aparência normal desses paralelepípedos engana, explica o inventor deste ladrilho especial, o engenheiro Götz Hüzken, da Universidade de Eindhoven: “Foi adicionado dióxido de titânio na parte superior do paralelepípedo. O dióxido de titânio é um fotocatalisador, importante para descompor o óxido nítrico na atmosfera”.
Ruas estreitas
Isso significa, em linguagem comum, que o processo natural pelo qual o óxido nítrico se descompõe pela acção da luz solar e se acelera ao entrar em contacto com um pavimento com uma superfície que contenha dióxido de titânio. Esse contacto ocorre de maneira espontânea: o vento e a turbulência provocada pelo trânsito fazem o ar contaminado recircular continuamente por cima dos paralelepípedos purificadores.
Por isso, esse novo tipo de pavimento é apropriado para cidades com ruas estreitas e edifícios relativamente altos. O ar contaminado fica retido entre os edifícios e o trânsito carregado faz com que haja muita turbulência no ar, causando um efeito positivo sobre a dissolução do óxido nítrico.
Medições
O professor Jos Brouwers, chefe do projecto do paralelepípedo purificador, comenta com certo orgulho os interessantes resultados obtidos da qualidade do ar: “realizamos três medições depois de ter colocado a superfície do material nesta rua e constatamos reduções do óxido nítrico entre 25 e 45%.”
Hüsken explica que o óxido nítrico é convertido em nitrato e estes nitratos simplesmente desapareceram, arrastados pela água da chuva.
Algas
Os meticulosos poderia dizer que os nitratos também não são inocentes. “Não é o excesso de nitratos que causa um crescimento desmedido de algas em canais e lagos? Hüsken pode descartar rapidamente estes argumentos. Em primeiro lugar, o óxido de nitrato no ar é muito mais nocivo do que o nitrato. Em segundo lugar, a quantidade de nitrato que se gera é minúscula. E finalmente, o nitrato se dissolve imediatamente com a água da chuva e é transportado pelo esgoto até as instalações de tratamento que eliminam o nitrato há muitos anos.
Custos
Em resumo, são poucas as desvantagens. Esse tipo de superfície de pavimento apresenta o mesmo rendimento no que diz respeito à sonoridade e ao desgaste e a camada de dióxido de titânio também pode ser aplicada sob o cimento ou o asfalto.
Há sim, uma objecção possível talvez, que tem a ver com o preço: o metro quadrado do paralelepípedo descontaminante custa 50% a mais do que o paralelepípedo comum. Mas a maior parte dos custos são gastos com as actividades de escavação, instalação de esgotos e principalmente, salário dos trabalhadores.
O professor Brouwers conclui: “Admitimos que é mais caro. Mas é perfeitamente aplicável na prática e contribui para purificar o ar. Com essas vantagens, qual é o problema de custar um pouco mais?”"
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