Diário da Bicicleta


"Desde o princípio dos anos 1980 que David Byrne usa a bicicleta como principal meio de transporte em Nova Iorque. Há vinte anos, descobriu as bicicletas desdobráveis e começou a levá-las para as tournées e outras viagens de recreio. A escolha de Byrne deveu-se mais à conveniência do que a qualquer motivação política. E à medida que via mais cidades a partir da sua bicicleta, foi ficando apanhado por este meio de transporte e pela sensação de liberdade que o mesmo proporciona. Convencido de que o ciclismo urbano favorece um conhecimento mais profundo da pulsação e do ritmo das populações e topografias, Byrne começou a escrever um diário com as suas observações.

De Berlin a Buenos Aires, de Istambul a São Francisco, de Sydney a Nova Iorque, Diário da Bicicleta regista não só o que Byrne vê e quem encontra, como também as suas reflexões sobre world music, urbanismo, moda, arquitectura, e muito mais, numa combinação pessoalíssima de humor, curiosidade e humildade.

edição: Quetzal
título: Diário da Bicicleta
autor: Davis Byrne
tradução:Vasco Teles de Menezes
formato: 15x23cm
n.º pág.: 380
isbn: 9789725648698
pvp: 18.95€"

Fonte e imagem:

Defesa vende Convento da Graça para hotel e câmara vai construir um parque urbano

in Jornal Público, 29.04.2010
Por Carlos Filipe

"Presidente da autarquia de Lisboa sublinha que a zona verde da cerca com 1,7 hectares é um dos melhores espaços e com melhores vistas da zona histórica para a fruição pública.

É um acto exemplar, no cumprimento de uma obrigação constitucional, segundo a qual as Forças Armadas devem colaborar para a melhoria da qualidade de vida das populações, disse, em síntese, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva. Na resposta, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, serviu-se do mesmo adjectivo para qualificar o acto, acrescentando-lhe que "é muito bom". E, assim, passaram ontem para a posse camarária 1,7 hectares de terrenos (equivalente a quase dois campos e meio de futebol) da cerca do Convento/quartel da Graça, instalações que o Ministério da Defesa colocará à venda, ainda este ano, para ali nascer um hotel.

Há tempo que se falava na possível utilização daquele espaço para a edificação de um hotel, mas só em 2009 ficou decidido, entre a Defesa e a autarquia, o novo uso a dar ao edifício, através do protocolo que só ontem foi posto em prática. Em Setembro do ano passado, o Conselho de Ministros aprovou a suspensão do Plano Director Municipal de Lisboa para a viabilização da mudança de uso das instalações, resolução que carecia do parecer prévio camarário, que tardou a ser emitida, e que contou com os votos contra do PSD e a abstenção do PCP.

Dos 7200 metros quadrados de área coberta do antigo convento, apenas cerca de 1200 estavam ocupados em 2001. Actualmente, alguns serviços do Exército e da GNR repartiam o espaço do convento, cuja origem remonta a 1291, tendo sido reedificado em meados do sec. XVI. Está classificado como monumento nacional por decretos de 1910 e 1918.

Segundo o ministro da Defesa, o destino do imóvel será hoteleiro, social e cultural - e objecto de concurso público -, ao abrigo do "processo de modernização e qualificação da Defesa nacional". "Temos hoje um sistema de forças mais preparado para a capacidade de projecção em tempo útil, em qualquer teatro de operações (...), e em consequência disso, muito do riquíssimo património da Defesa deixou de ter servidão militar, e estas instalações inscrevem-se nesse caminho, não necessitamos mais delas", disse Augusto Santos Silva

No imediato, a cidade vai ganhar um parque urbano. Segundo António Costa, estará pronto dentro de um ano. "Trata-se de património de valor histórico e cultural que será reafectado a um uso de interesse turístico, o que significa também valorizar a base económica da cidade. Estamos a falar da maior área verde de toda a zona histórica, transformada num parque urbano, especialmente para as zonas da Graça e Mouraria. E faremos a sua ligação ao miradouro da Graça, hoje Sophia de Mello Breyner.""

Fonte:
http://www.publico.pt/Local/defesa-vende-convento-da-graca-para-hotel-e-camara-vai-construir-um-parque-urbano_1434596

Reflorestações e Jardins na Madeira

"Câmara do Funchal vai reflorestar 250 hectares do seu Parque Ecológico
in Jornal Público, 29.04.2010
Lusa 


A Câmara do Funchal vai reflorestar 250 hectares do seu Parque Ecológico com espécies nativas. O projecto quer ajudar a proteger a baixa da cidade das cheias e já recebeu o apoio de 35 empresas.
O projecto da autarquia pretende, em dois anos, reflorestar a ribeira de Santa Luzia, “uma daquelas que veio a causar danos muito graves no Funchal a 20 Fevereiro, por ocasião de chuvas intensas”, explicou o vereador responsável pelo pelouro do Ambiente do município.

Costa Neves salientou que a vertente esquerda da cabeceira da ribeira "está desarborizada, o que contribuiu para o carácter torrencial da ribeira em períodos de chuva intensa".

Terminada "toda esta acção de reflorestação do Funchal fica mais defendido em caso de chuvas intensas ou fortes porque a ribeira de Santa Luzia é muito grande e atravessa a cidade", destacou.

O projecto contará com a participação da Universidade da Madeira para promover as espécies de flora autóctones.

Trinta e cinco empresas vão dar dez mil euros cada uma
O projecto de reflorestação já recebeu o apoio de 35 empresas, contribuindo cada uma com dez mil euros.

O município apresentou uma candidatura "orçamentada em dois milhões de euros" para beneficiar de um apoio comunitário na ordem dos 85 por cento, no âmbito do programa PRODERAM.

"Fez-se uma ronda por uma série de empresas associadas do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável em Portugal e cada uma delas contribuiu com dez mil euros, valor que ultrapassa a dotação que a câmara tinha que colocar à disposição deste projecto", disse o responsável.

Amanhã terá lugar no Parque Ecológico do Funchal a cerimónia de entrega simbólica deste contributo, uma iniciativa que contará com a presença de representantes das 35 empresas nacionais e multinacionais apoiantes, além da celebração de um protocolo com a Universidade da Madeira para que a reflorestação daquela área aconteça apenas com espécies indígenas.

O Parque Ecológico do Funchal foi um projecto desencadeado em 1994 pela câmara da capital madeirense, no âmbito de uma política de reflorestação das áreas de montanha do concelho que visa travar a erosão dos solos, reter a precipitação e devolver um coberto vegetal indígena. Presentemente cobre uma área aproximada 1012 hectares, 190 dos quais já estão reflorestados, tendo sido plantados cerca de 200 mil árvores e arbustos indígenas."


"Jardins da Madeira visitados por quase três milhões de pessoas na última década
in Jornal Público, 30.04.2010
Tolentino de Nóbrega



Nos últimos dez anos, entre 2000 e 2009, mais de 2,8 milhões de pessoas visitaram o Jardim Botânico da Madeira, que hoje cumpre 50 anos.
Neste jardim fundado a 30 de Abril de 1960 pelo engenheiro Rui Vieira, entram cerca de 345 mil indivíduos por ano, ou seja, mais 100 mil que a população residente neste arquipélago.

Em 2008, os três principais jardins do Funchal - Jardim Botânico Eng.º Rui Vieira, Quinta do Palheiro Ferreiro e o Jardim Tropical Monte Palace - registaram 583.583 entradas pagas. Segundo um estudo do geógrafo Raimundo Quintal, 57,6 por cento destas entradas são de turistas registados na Madeira. "Isto revela a grande importância do garden tourism [turismo de jardins] como nicho na oferta turística da região. É porque nem o golfe ou o Parque Temático de Santana geram tanta riqueza", conclui o mesmo especialista. No estudo que apresentou num congresso internacional, sobre "a importância dos jardins como nicho turístico na Madeira", o geógrafo madeirense assinala que no Reino Unido, a partir de 1990, os jardins e as exposições do National Trust, do English Heritage, do National Gardens Scheme e da Royal Horticultural Society registaram um forte aumento de visitantes. Evocando a tradicional paixão dos ingleses - principal mercado desta ilha onde construíram quintas ajardinadas - pelas plantas, e o número crescente de programas televisivos sobre botânica e jardinagem, o investigador não tem dúvidas em considerar "um sucesso o crescimento deste nicho de turismo na última década do segundo milénio e nos primeiros anos do século XXI".

Cerca de 60 por cento das entradas na Quinta do Palheiro Ferreiro foram de turistas individuais e 40 por cento de grupos organizados por agências de viagens. No Jardim Tropical Monte Palace o peso das visitas individuais foi muito maior, atingindo 90 por cento. Já no Jardim Botânico os grupos organizados corresponderam a 34 por cento das visitas pagas.

A maioria dos visitantes procura os jardins como espaços de lazer, fixando a atenção nas árvores monumentais, nos recantos mais atraentes e nas flores vistosas. Uma faixa mais restrita escolhe o destino Madeira para aprofundar o saber em botânica, floricultura, jardinagem ou paisagismo.

Presentemente com 23 jardins na sua capital, a ilha da Madeira possui património capaz de catapultá-la para um nível mais alto no mercado, frisa Quintal. Para atingir esse desiderato terá de haver uma rede de jardins, públicos e privados, de qualidade que garanta, pelo menos, uma semana de visitas diversificadas do ponto de visita botânico, paisagístico e histórico.

Para atrair mais turistas aos seus jardins, a Madeira precisa, na opinião daquele investigador, de criar uma rede de jardins de elevada qualidade; preparar os jardins para acolher famílias; discriminar positivamente os jardins de excepcional riqueza; associar a promoção da Festa da Flor a programas de visitas; aproveitar as condições atmosféricas para fazer cursos sobre plantas ornamentais e jardinagem ao ar livre durante todo o ano. Para atrair turistas no Inverno "é fundamental transmitir de forma muito impressiva a imagem dos jardins da ilha, criando mais sítios na Internet com o objectivo de convencer os amantes dos jardins que a Primavera passa o Inverno na Madeira", conclui o geógrafo."

Fontes e imagem:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1434611
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1434778

30 de Abril, 2010: Massa Crítica - BICICLETADA


"Sexta, 30/04/2010 - 18:00 - 20:30
  • Aveiro - Concentração às 18h30 e saída às 19h00, no Forum Aveiro, ao lado da Capitania;
  • Coimbra - Encontro: Às 18:00 e saída às 18h30 do Largo da Portagem, junto à estátua do Mata Frades;
  • Lisboa - Concentração às 18:00 e saída às 19:00, no Marquês Pombal, no início do Parque Eduardo VII;
  • Porto - Concentração às 18h30 e saída às 19h00, na Praça dos Leões;
  • Évora - Concentração às 18h00, na Praça do Giraldo;
  • Setúbal -  Concentração às 18h00, na Praça do Bocage.
...Há alguma variedade na hora de início das bicicletadas pois, para além do mais, espera-se sempre cerca de meia hora pela chegada de mais participantes...  E como anoitece mais cedo é bom trazerem luzes e reflectores... Se estiver tempo húmido também é bom trazerem vestuário de protecção... Aparece e traz amigas/os."
Fonte:
http://www.massacriticapt.net/?q=node/1090

Bicicleta roubada I

 
Foi roubada na noite de dia 24 para 25 de Abril de 2010, na Parede, Cascais, uma bicicleta Specialized Stumpjumper comp modelo de 2008, de cor prateada (Titanium), tamanho M e com as seguintes especificações:
 
Quadro - Liga M5 rígida
Suspensão - Fox F90 RL
Travões - discos hidráulicos 160mm - Avid Juicy 5 SL
Desviador frente - Shimano M581 LX, 34.9mm
Desviador traseiro               - SRAM X-9, (9 velocidades)
Manípulos - SRAM X-7 (alumínio)
Pedais - Crank Brothers Smarty
Rodas - DT Swiss - Specialized X420, 24mm w/ eyelets, 28/32h
Selim - Specialized XC MTB
CRANKSET - Shimano A/A/S 2pc custom


Contacto: jasal74@hotmail.com
Tel: 912245362

http://picasaweb.google.com/lh/photo/dR8FDSZTwJ2ddKhhel2tmQ?feat=directlink

Mercados municipais devem ser preservados

Há sete mercados em vias de classificação

"O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) está a analisar a classificação de sete mercados, sendo o do Bolhão (Porto) e o de Santana (Leiria) aqueles que têm o processo em fase mais adiantada, por já terem sido homologados pela tutela. Para formalizar a classificação, falta apenas a sua publicação em Diário da República.

Os mercados de Santarém, do Bom Sucesso, de Matosinhos, de Barcelos e de Santa Maria da Feira são os outros espaços em vias de classificação, segundo a página do Igespar na Internet. Actualmente, só há dois mercados classificados: o de Ferreira Borges, no Porto, que é imóvel de interesse público desde 1982; e o da Figueira da Foz, imóvel de interesse municipal desde 2004.

Ontem, vários especialistas ouvidos pela Lusa defendiam que os mercados municipais devem ser preservados, mesmo sem comércio. Os grandes estabelecimentos comerciais mudaram as regras do jogo no que toca ao comércio urbano, sendo de antever nos anos futuros diferentes cenários para os mercados municipais."


Mercados municipais devem ser preservados mesmo sem comércio, dizem especialistas

Por Marisa Soares "Os grandes estabelecimentos comerciais mudaram as regras do jogo no que toca ao comércio urbano, sendo de antever nos anos futuros diferentes cenários para os mercados municipais. Por isso, é urgente preservar estes espaços, se não pela sua vertente de comércio, pelo seu "valor patrimonial", defende o investigador sobre comércio urbano João Barreta.

Antecipando o futuro dos mercados municipais nas próximas décadas, João Barreta está a desenvolver um estudo em que traça quatro cenários possíveis para os mercados portugueses, até 2030. O primeiro cenário -Não os matem que eles morrem- passa pela "completa inacção dos actores" ligados aos mercados, o que a médio prazo, defende, "corresponderá a um inevitável desaparecimento" dos mesmos. O segundo cenário para 2030 - Vão-se os anéis, ficam os dedos -corresponde "à percepção, por parte das autarquias", de que estas dispõem de um património de "localização privilegiada" no centro da cidade que "poderão rentabilizar" financeiramente, "pouco se importando de perder aquilo que em tempos terá sido uma das jóias da cidade".

O terceiro cenário avançado por João Barreta, intitulado Não os consegues vencer, junta-te a eles, passa pela "complementaridade" de actividades no espaço do mercado, inclusive pela instalação de uma "média/grande superfície" no mercado. Por último, o Via Barcelona corresponde ao "cenário ideal", porque esta cidade catalã é reconhecida como um exemplo ímpar na gestão de mercados municipais.

Ainda que nem todos os mercados tradicionais portugueses tenham importância suficiente para serem preservados, muitos são considerados "monumentos não intencionais" e lugares de "memória e identidade", que devem ser defendidos, considera também o especialista David Ferreira, da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN). O técnico sublinha mesmo que seis dos mercados portugueses são "referências da arquitectura moderna", apontando os casos dos mercados da Ribeira e de Arroios, em Lisboa, e dos mercados de Tavira, Lagos, Barcelos e Viana como "obras de vanguarda". "Os mercados são sempre um lugar especial nas cidades", refere, por causa das características físicas dos espaços, mas também da sua função, mesmo que esta seja mais difícil de preservar.

Onde o tempo é lento
Falar de mercados é também falar de uma outra forma de viver o tempo. O geógrafo Herculano Cachinho, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, com trabalhos publicados sobre geografia do comércio e do consumo, considera que as grandes metrópoles vivem hoje "entre dois mundos", um de "tempo rápido", representado, em termos comerciais, pelos "grandes shoppings", replicáveis "em qualquer lado", e um segundo mundo de "tempo lento", assente no comércio tradicional de rua e nos mercados municipais.

Nos mercados, "o tempo não existe", sublinha o docente: "São os lugares que temos na cidade onde podemos respirar, usufruir o espaço pelo espaço. É preciso é ter tempo, daí o público que mais frequenta os mercados ser mais idoso, que gosta da personalização do trato dos comerciantes.""


in Jornal Público, 26 de Abril, 2010
Fontes:
http://jornal.publico.pt/noticia/26-04-2010/ha-sete-mercados-em-vias-de-classificacao-19272244.htm
http://jornal.publico.pt/noticia/26-04-2010/mercados-municipais-devem-ser-preservados-mesmo-sem-comercio-dizem-especialistas-19272737.htm

PREPAREM-SE! O NOSSO ESTILO DE VIDA TEM QUE MUDAR!

Entrevista com James Howard Kunstler.
Por Victor Belanciano
"Não se tem falado de outra coisa: derrapagem do preço dos petróleos e crise financeira global. Responsáveis? O estilo de vida ocidental, dependente do petróleo. Solução? Mudar de estilo de vida. Escreveu-o James Howard Kunstler há cinco anos em “O Fim ...do Petróleo”.

Mas continuamos a brincar ao faz de conta. Entrámos na curva descendente da exploração petrolífera e do gás natural em que assenta o nosso modo de vida, mas insistimos em imaginar reservas inesgotáveis ou substitutos por artifícios tecnológicos.

Di-lo o americano James Howard Kunstler, especialista em urbanismo, jornalista, escritor, autor de “O Fim do Petróleo – o grande desafio do séc XXI” (2005), onde relata o que nos espera depois do pico global de produção petrolífera ser superado, gerando mudanças económicas, politicais e sociais épicas.

Conhecido desde que publicou, em 1993, “The Geography Of Nowhere: The Rise and Decline of America’s Man-made Landscape”, editou ensaios sobre planeamento e condição urbana, visando o que classifica como fiasco do modelo suburbano.

Em simultâneo tem escrito romances. O último, deste ano, “World Made By Hand”, reflecte o mundo pós-petróleo. Controverso, lúcido, incisivo e profético são epítetos utilizados para falar de alguém que tem antecipado não só a derrapagem dos preços do petróleo, mas também a crise financeira global.

“Ninguém está preparado para o buraco que nos espera ao fundo da estrada”, adverte, sustentando que nos espera um período de reconversão radical dos modos de vida, antecipando um período da história desconhecido, que todos os países enfrentarão.

P – Diz que o estilo de vida ocidental tem que mudar porque é inconsistente com os reduzidos recursos enérgicos que temos. A crise dos mercados financeiros é mais uma indicação que o mundo está a mesmo a mudar de forma dramática?
R – No Ocidente, seja nos EUA ou Europa, o esgotamento dos combustíveis fósseis tem implicações profundas no complexo sistema que atribui sentido à vida em sociedade. Esse estilo de vida está em vias de se tornar insustentável ou entrar em colapso, à medida que entramos no território desconhecido da redução permanente de petróleo. As finanças são apenas um desses sistemas – aquele que colige e atrai capital. Agora está sob tensão, à beira da ruptura. Em parte, por causa do esforço para contornar o previsível fim do crescimento industrial petrolífero, que conduziu a uma série de aldrabices, ou seja, investimentos mutantes que se revelaram fraudulentos. É claro que o sistema financeiro está ligado com os outros sistemas dos quais dependemos – alimentação, transportes ou comércio, e o falhanço de cada um deles afecta, obviamente, todos os outros.

P – Tendências que previu em “O Fim do Petróleo”, como a crise dos mercados financeiros e a aflição causada pela especulação imobiliária, estão a acontecer. Porque não foi feito nada para amortecer o que está a ocorrer?
R – Porque os EUA, e o resto do mundo, como costumo dizer, estão a caminhar como sonâmbulos rumo ao futuro. Estamos a enfrentar o fim da era dos combustíveis fósseis baratos, ou seja o fim da história industrial, e não assumimos que as reservas são finitas, não se renovam, distribuem-se de forma desigual e não temos substitutos. Isto é mal compreendido pela população, preocupada com o dia-a-dia, e por quem detém poder de pensar e agir. Não é conspiração. É inércia cultural, agravada pela ilusão colectiva de quem vive num ambiente de conforto. Talvez faça parte da natureza das coisas ignorarem-se as condições que as provocam até ser tarde de mais para se fazer seja o que for. Mas era bom que se percebesse que o pico de produção global de petróleo vai mudar a vida económica do mundo.

P – Há solução para derrapagem do preço dos petróleos?
R – Ao mesmo tempo que assistimos a distorções no preço do petróleo, existe a presunção que abrandar as economias mundiais amortecerá a procura de produtos petrolíferos. É optimismo a mais. Existe uma capacidade mínima para operar nos países desenvolvidos e suspeito que as margens são maiores do que a maior pensa. Segundo, as distorções de preços criarão mais problemas no futuro, porque muitos investimentos de capital serão adiados ou cancelados porque foram planeados para serem rentáveis apenas com o barril de petróleo a 100 dólares. A situação actual afectará futuras provisões que serviriam para compensar futuros esgotamentos. É complicado. Por outro lado, outros factores continuarão a fazer-se sentir, como as questões ligadas ao “nacionalismo petrolífero”, que transformam o petróleo numa arma geopolítica. Existe, ainda, a esperança que fontes de energia alternativa compensem perdas de petróleo, mas isso são fantasias, sobretudo se continuarmos com este estilo de vida.

P – Qual poderá ser o futuro das grandes companhias criadas num contexto onde os recursos pareciam inesgotáveis e baratos?
R – No espaço de cinco anos, talvez antes, as companhias de aviação, por exemplo, não existirão tal como as conhecemos. Isso é certo. É inacreditável que os EUA tenham um deplorável serviço de caminhos-de-ferro. Destruímo-lo! Um crime contra nós próprios! Se não encontrarmos uma maneira de o reconstruir, não iremos a lado nenhum neste novo mundo que se descortina. Não custa imaginar que as travessias de oceano por barco voltarão a ser normais ou que a indústria dos camiões morrerá, pelo menos da forma como está organizada.

P – Acredita-se que através da tecnologia encontraremos substituto para os problemas energéticos. Você diz que é uma falácia. A tecnologia é problema, não faz parte da solução?
R – Sofremos de “tecno-triunfalismo”. A maior parte não admite a possibilidade da civilização industrial não ser salva pela inovação tecnológica. Pensam: como podem nações que chegam à lua não superar estas dificuldades? Esta visão conduziu-nos para um pântano, com investimentos de filosofia errada. A mania, agora, nos circuitos ecológicos americanos, é encontrar maneiras de circular com carros, amigas do ambiente. Uma loucura. A solução para a falhada utopia automobilística não é mais carros que circulam de formas diferentes, mas sim bairros, vilas ou cidades onde se circule a pé. Nos EUA este conceito de cidade não é compreendido. O carro tornou-se na extensão lógica de todos, incluindo dos mais pobres.

P – A economia global, como a conhecemos, subsistirá ou a tendência será, como parece defender, regressarmos a uma economia localizada?
R – Ainda não sabemos se as disfunções nas finanças ou nos recursos energéticos conduzirão a graves problemas geopolíticos, o que, a acontecer, afectará a lógica de comércio internacional. Seja como for o mundo deixará de encolher, tornando-se, outra vez, maior. A globalização não tornou o mundo mais plano, como se diz. Mudarão radicalmente quase todas as relações económicas entre pessoas, nações e instituições. O comércio mundial não desaparecerá, mas o contexto onde se fará será mais reduzido. Genericamente, viveremos mais localmente.

P – Há uma corrente de opinião que sustenta ser possível uma transição suave dos combustíveis fósseis para os seus substitutos (hidrogénio, energia solar, etanol, fissão nuclear, etc). O que pensa disso?
R – Estou confiante que tentarão esses e muitos mais e desiludir-se-ão com todos. Alguns deles, como o etanol, revelar-se-ão fraudes imediatas, pelo menos em termos económicos. Temos é que nos concentrar em conservar o que ainda temos, estabelecer modelos locais, pensar num tipo de desenvolvimento urbano compacto e em paisagens agrícolas menos mecanizadas. A crença que a “economia de mercado” nos facultará um substituto é ilusão. A verdade é esta: o mais provável é os novos combustíveis e tecnologias nunca conseguirem substituir os combustíveis fósseis ao ritmo, escala e modo como o mundo os consome hoje.

P – Tem reflectido sobre os subúrbios americanos, argumentando que são insustentáveis e sem futuro. No mundo pós-petróleo o que lhes acontecerá?
R – O conceito de subúrbio não é reformável. E não o é porque foi concebido para fazer sentido na era dos combustíveis baratos. Logo, são insustentáveis. Mas não vamos ter muitas saudades, porque nas últimas décadas produziram apenas alienação, solidão e depressão.

P – Os subúrbios americanos são uma espécie de réplica artificial da vida no campo. Para além das questões energéticas, o problema deve-se ao facto de serem uma amálgama de cidade e campo?
R – Sim, topologicamente, são confusos. Nem urbanos, nem rurais, com as desvantagens de ambos e quase nenhuma das vantagens. Têm, por exemplo, congestionamentos de carros, e nenhum dos proveitos resultantes da densidade, porque as pessoas estão presas nos carros. Têm paisagem rural, mas quase nenhuma ligação com outras ecologias e organismos vivos. O subúrbio tem inscrito no código genético a palavra entropia, a força da natureza que conduz à morte.

P – Mas as cidades e as concentrações urbanas não desaparecerão. Como será a vida urbana no futuro?
R – As cidades serão menores em escala. As grandes megacidades não são outra coisa senão a manifestação de uma época onde a energia era barata. As cidades mais afortunadas tenderão a ser densas e compactas, nos centros históricos e margens dos rios que as circundam. A era do automóvel provou que as pessoas toleram ruas e edifícios feios desde que possam fugir desses locais em automóveis bem equipados. Mas se regressarmos a uma escala humana de construção, haverá uma boa hipótese dos bairros urbanos serem mais sustentáveis e bonitos.

P – O modelo urbano de subúrbio na Europa, em termos de organização social e cultural, é diferente. Terão mais hipóteses que os modelos americanos?
R – Os europeus nunca perderam o respeito pelo carácter e charme da vida urbana. Não destruíram as suas vilas e cidades, ao longo do processo suburbano, como nós. A qualidade do urbanismo, a sua escala, é mais sustentável.

P – Mas cidades europeias como Paris, Londres ou Lisboa estarão mais bem preparadas para as mudanças que, presumivelmente, se avizinham?
R – Absolutamente. Nos próximos anos, os cidadãos de Dallas ou Atlanta sentir-se-ão perdidos nas suas casas gigantes, a quilómetros do nada. Em Lisboa ou Dusseldorf continuarão as suas vidas. Na Europa, até as urbes mais pequenas possuem um elevado nível de equipamentos sociais e culturais. Mesmo que houvesse uma grande interrupção no abastecimento de petróleo, a maior parte dos europeus continuaria a sua vida quotidiana.

P – Voltar ao passado, ao que já conhecemos, é a conduta óbvia quando os tempos são de mudança. É mais difícil olhar em frente, para o desconhecido. Mas, às vezes, é isso que é necessário fazer. Não existe outra opção senão voltar ao passado?
R – As pessoas são inventivas e flexíveis, mas já se fizeram demasiadas coisas falhadas, em nome da inovação. Existem muitas coisas da nossa vida quotidiana que não necessitam de ser reinventadas. Quarteirões onde se pode andar a pé, por exemplo. Todos os dias encontro uns idiotas que, periodicamente, querem construir sistemas de transportes, concebidos para funcionarem como os carros. Para quê? É de loucos. Os bairros mais desejáveis das grandes cidades são os mais intimistas. O urbanista Andrés Duany disse que a sua ideia de paraíso era um bairro gótico de uma cidade europeia e eu concordo.

P – E na China, no Brasil ou na Índia? O Ocidente andou a dizer-lhes que o nosso estilo de vida é que era, e agora que, aparentemente, têm frutos dessa adopção, irão abdicar do que conquistaram?
R – Também estão a enfrentar imensas mudanças e desafios. Pensa-se que, nos próximos anos, a China irá deter uma espécie de hegemonia global. Duvido. Têm muitos problemas, especialmente de escala, até mais do que as nações ocidentais, por causa da população, da destruição ecológica, da escassez alimentar e da insuficiência de reservas de petróleo. A China transformou-se rapidamente numa grande economia industrial, mas entraram no jogo tarde de mais. Ou seja industrializaram-se no momento preciso em que se reduzem, em todo o mundo, os recursos necessários a esse processo.

P – Há anos afirmou que, genericamente, os líderes políticos eram fracos. Como tem visto a corrida eleitoral nos EUA?
R – Mr. Obama é honesto, inteligente, e espero que venha a ser um digno líder dos EUA. Mas irá passar por desafios e dificuldades terríveis e tenho pena da sobrecarga que vai herdar. Quanto aos problemas energéticos, é difícil perceber até que ponto, um e outro, estão informados. Mas o ponto principal é que os cidadãos não têm tido coragem para enfrentar a realidade, independentemente do que os líderes sabem, dizem ou pensam.

P – Que mudanças tem vindo a efectuar na sua vida privada, de maneira a preparar-se para o mundo pós-petróleo?
R – Tenho uma vida comedida, nada extravagante. A decisão mais importante foi tomada há 30 anos quando assentei numa vila americana, Saratoga Springs, 300km a norte de Nova Iorque. É uma escala e tipo de vida que está de acordo com aquilo que serão as exigências do futuro. "
Fonte:
PÚBLICO (P2) 10-9-2008

David Byrne: É na rua que está a inspiração


in Jornal Público, 15.04.2010 - Vítor Belanciano

"Observador da vida contemporânea, David Byrne revela-nos o seu olhar apaixonado sobre a vida das cidades no livro "Diários de Bicicleta". Ao mesmo tempo que lança o álbum "Here Love Lies", na companhia de Fatboy Slim
Há um livro, "Diários de Bicicleta", e um disco a meias com Fatboy Slim, "Here Lies Love", sobre a vida de Imelda Marcos. De David Byrne habituámo-nos a esperar o inesperado. Mas desta vez foi longe. Ou não. Porque se existe algo que define o músico, o fotógrafo, o escritor, o realizador ou o artista é essa capacidade de se abrir ao mundo e partilhar o seu conhecimento das mais diversas formas - com perplexidade ou ironia, mas sempre com curiosidade. Em Novembro, Byrne e a companheira, a artista Cindy Sherman, estiveram no júri do Estoril Film Festival. Foi ali que falámos com ele.
Já deu o seu passeio matinal de bicicleta?
Sim, mas foi um pequeno passeio, apenas para desentorpecer as pernas. Dei uma grande volta, até Sintra. Não sou militante da bicicleta. Não é nada disso. Essencialmente gosto de andar de bicicleta porque é prático e agradável. Mas não tenho tido muito tempo, entre ver filmes e dar entrevistas.
A percepção dos lugares transforma-se circulando de bicicleta. Isso agrada-lhe?
Sim. Para coisas mais práticas e quotidianas é preferível a bicicleta a andar a pé. Se temos que apanhar um táxi ou um autocarro a viagem transforma-se numa outra coisa: perde a dimensão humana, bairrista. De bicicleta, parece que nunca saímos do nosso bairro.
O livro chama-se "Diários de Bicicleta", mas não é sobre ciclismo. É sobre a forma como olha para as cidades. 
É verdade. Mas só tive essa percepção quando comecei a compilar todos os textos que tinha reunido. A princípio era apenas um diário que mantive durante 15 anos. Quando andava em digressão, levava sempre uma bicicleta e acabava por explorar as cidades dessa forma. O mesmo acontece em Nova Iorque onde utilizo quase diariamente a bicicleta, mesmo à noite quando vou a uma inauguração ou a um concerto. Mas o diário foi sendo actualizado, essencialmente, durante as viagens. Quando olhei retrospectivamente para a maior parte dos textos percebi que o ciclismo lúdico poderia servir de elemento de ligação dessas reflexões sobre as cidades. Algumas estão carregadas de história. Outras são lugares imersos em cenas musicais. Noutras é a arte contemporânea que é efervescente. Cada cidade tem a sua identidade e comecei a interrogar-me sobre os seus erros e também o que as faz funcionar de forma saudável.
E o que é que faz uma cidade funcionar?
É uma questão difícil... [risos]. Não creio que exista uma resposta. Diria que em comparação com as cidades americanas, as cidades na Europa estão mais preparadas para o futuro. Têm centros históricos densos, compactos do ponto de vista populacional. Urbanisticamente também me parecem pensadas de forma mais dinâmica e humana, com bairros onde se pode circular a pé ou de bicicleta. As cidades são sítios onde se trocam ideias, mas onde nos podemos permitir falhar também. São locais onde podemos escolher ser quem somos. Por exemplo, uma cidade como Berlim parece funcionar bem. É daquelas cidades onde as transformações operadas melhoraram a cidade, não a aviltaram, o que não é muito comum. É uma grande cidade, mas possui uma escala humana. É surpreendente como funciona muito bem.
Qual é a cidade ideal para um ciclista?
Também não existe um modelo. Se existirem ciclovias para bicicletas, isso é excelente. É importante que os condutores de carros saibam interagir com os ciclistas. Roma, por exemplo, é uma cidade caótica em termos de circulação automóvel, mas magnífica para andar de bicicleta. Nova Iorque, nos anos 80 e 90, era completamente anti-bicicletas. Depois, aos poucos, o panorama foi mudando.
O clima é importante também. Uma temperatura constante faz com que exista mais disponibilidade para pedalar. Lisboa tem isso.
Mas Lisboa, topograficamente, é uma cidade difícil.
Não sinto isso, pelo menos no centro, onde parece ser uma cidade amigável para quem quer ir para o emprego a pé ou de bicicleta. Talvez a bicicleta não faça parte, ainda, da rotina das pessoas, mas tenho dúvidas que o problema seja o relevo acidentado. É antes uma questão civilizacional. De aposta na qualidade de vida de cada um.
Muitas cidades americanas não têm altos e baixos pronunciados, mas temos outros problemas mais graves. É uma sociedade de auto-estradas, totalmente pensada para os carros. Os carros são maravilhosos, mas parece-me que dominam as cidades há demasiado tempo.
Há quem defenda que a derrapagem do preço do petróleo e a crise financeira global apenas vieram mostrar que o estilo de vida ocidental terá que mudar radicalmente. Revê-se nessas teorias?
Totalmente. E isso vai acontecer mais rapidamente do que esperamos. Nos EUA estamos finalmente a discutir com seriedade o problema dos subúrbios, inteiramente imaginados para o carro. Temos que nos aproximar uns dos outros. Os carros e os subúrbios afastam.
Numa das passagens do livro transcreve um passeio de bicicleta por Detroit e o que nos devolve é desolador.
Detroit é um exemplo extremo, aquele de que todas as pessoas falam: é a "cidade-fantasma". Mas neste momento existem outras cidades bem mais bizarras. Os subúrbios têm qualquer coisa de mórbido. Em Phoenix ou em algumas cidades da Flórida, onde a especulação imobiliária foi conduzida ao extremo, vemos famílias inteiras endividadas a regressarem às cidades. O sonho da casa no subúrbio, com jardim e carro estacionado à frente, está a ruir. O centro de Detroit, dentro de 20 anos, poderá ser uma quinta gigante, o que não é mau de todo... [risos]. Mas muitas outras cidades americanas serão "cidades-fantasmas" em 20 anos.
A música, a arte e a cultura em geral estão intimamente ligadas ao desenvolvimento e dinâmica das cidades. Em Nova Iorque, nos anos 70, quando os Talking Heads surgiram, falava-se imenso de Manhattan. Agora parece ser Brooklyn, o bairro onde tudo parece acontecer nas artes e na música.
Sim. Passo o tempo a assistir a concertos ou performances em Brooklyn. Os restaurantes também são óptimos. Mas a maior parte das galerias estão a mudar-se para Manhattan, de maneira que vamos recuperar o encanto perdido outra vez... [risos]. Essas dinâmicas são interessantes, claro, dinamizam a vida da cidade. Brooklyn já está a ficar caro, por isso, muito rapidamente outro local nascerá para albergar artistas, músicos e boémios. Não é nenhum drama. É um processo normal.
As cidades são mais reconhecidas por essas "cenas", que irrompem com espontaneidade, do que pela cultura mais institucionalizada, não lhe parece? 
Absolutamente. Não é pelo facto de uma cidade ter uma "pera, uma orquestra sinfónica ou uma série de monumentos que nos vamos lembrar dela. Mas se tiver uma "cena" artística vibrante e uma vida cultural que estimule, isso fará a diferença. Não só para as pessoas que vivem nesse local, como para quem vem de fora. Não basta construir apartamentos e estradas. É preciso criar estímulos criativos. E nisso a cultura é fundamental. É necessário que as cidades sejam locais onde apetece viver, onde nos sintamos inspirados, onde tenhamos a experiência de criar, sejamos artistas ou homens de negócios.
Quando chega a uma cidade tem objectivos, uma lista de coisas do que quer fazer e dos locais que deseja visitar, ou deixa-se ir?
Gosto de me perder, mas não muito... [risos]. Gosto da vida orgânica, no sentido em que privilegio os cafés, as pequenas lojas e os mercados. É a partir daí que apreendo um pouco da pulsação da cidade, falando com as pessoas. É na rua que está a inspiração. Olhar para as pessoas, os gestos, o que dizem, tentar percebê-las. 
No livro, diz que uma das suas cidades preferidas é Nova Orleães. Outra é Nova Iorque. Duas metrópoles que passaram, nos últimos anos, por acontecimentos traumatizantes. Já superaram?
Não arrisco uma resposta definitiva, mas diria que o facto de serem cidades com uma identidade bem definida, ajudou-as a superar as dificuldades de forma mais rápida. A maior parte das cidades americanas são imitações umas das outras. Essas duas não. Portland e São Francisco também possuem identidade. Há um temperamento nas pessoas e nos lugares muito forte. Há uma estrutura. Qualquer coisa que lhes permite reerguer, mesmo nos momentos mais complicados. E são também cidades de música.
Fala com alguma veneração da Europa. Nasceu na Escócia, mas cresceu nos EUA. Sente-se europeu?
Não sei. Gosto dos EUA, mas também gosto de manter distância. Às vezes sinto-me um pouco estrangeiro. Numa série de áreas - transportes, saúde, cultura, urbanismo - os europeus tomaram uma série de medidas que gostava que os americanos seguissem. Os europeus são mais maduros, nesse sentido.
Falando agora de música. Algumas das bandas mais relevantes dos últimos anos, como Arcade Fire, Dirty Projectors ou Vampire Weekend, citam os Talking Heads como grande influência. Como reage a essa veneração?
É surpreendente. Durante muitos anos, talvez parte da década de 90 e princípio dos anos 00, ninguém ligou muito aos Talking Heads. Enfim, estas coisas nem sempre têm uma lógica precisa, mas pensei que a termos alguma influência sobre o futuro da música popular isso já teria acontecido. Acontecer agora é lisonjeador, mas também muito inesperado.
O facto de terem criado uma música simultaneamente meditativa e física, que ia recolher referências às mais diversas partes do mundo, terá algo a ver com isso?
Talvez. Não sei muito bem. O problema é quando essas vagas de inspiração apenas se alimentam da nostalgia. Não tenho paciência para isso. No caso dos grupos que mencionou não é isso que se passa, são dos grupos que sigo com atenção. Mas neles os Talking Heads são apenas uma influência no meio de outras.
Imagino que já tenham sido aliciados para um regresso?
Sim, mas é algo que não me interessa. Os meus discos não vendem tanto como os dos Talking Heads, mas não é por aí. Criativamente estou noutro ponto e é isso que me interessa.
Acabou um projecto com Fatboy Slim sobre a vida de Imelda Marcos. Como é que se foi meter nisso?
Diz bem... [risos]. É um projecto meio louco, que demorou muito mais do que o previsto, uma espécie de "disco-ópera" com mais de vinte convidados, como St. Vincent, Róisin Murphy, Sharon Jones, Tori Amos, Santigold ou Natalie Merchant.
Qual foi o critério na escolha de todas essas cantoras?
Algumas são simplesmente amigas, as outras eram cantoras de que gostava e que encaixavam em determinadas canções.
Essencialmente é um disco de música de dança, com alguma exuberância pelo meio. É um disco emocional e dramático, como a própria Imelda Marcos... [risos]. É possível que venha a ser apresentado um musical em Nova Iorque, numa pequena sala, mas ainda não é certo.
Digamos que Fatboy Slim não é propriamente Brian Eno...
Muita gente diz o mesmo. Mas isso também é interessante. O método de trabalho não foi muito diferente daquele que utilizaria com Brian Eno. No fim de contas, trata-se de trocar ficheiros musicais durante meses, recorrendo a "samples" e "loops", até criarmos uma canção. O que importa é a ideia que se quer transmitir e em função dela escolhem-se os sons e as vozes e, nesse processo de negociação, foi óptimo trabalhar com alguém como Fatboy Slim."

Fonte e imagem:
http://ipsilon.publico.pt/musica/texto.aspx?id=254638

Atravessar a Av. de Roma. Blog Menos Um Carro

"Cidades anti-peão: nem os cruzamentos do centro se safam

Finalmente fiz um video sobre um problema que existem em quase todos os cruzamentos das nossas cidades. Um problema invisível a todos, mesmo a quem se preocupa com os peões. Quando um cruzamento é desenhado, ele é pensado de modo a minimizar o tempo de espera dos automobilistas. Só depois se pensa no peão, e inventa-se uns percursos para ele atravessar o cruzamento. Pouco importa se o percurso é longo e tem muitas esperas.
o vídeo tenho um exemplo de um cruzamento muito simples, uma avenida estreita com uma rua secundária de um só sentido, numa zona muito comercial de Lisboa. Em alguns casos, o peão tem que esperar por 3 semáforos diferentes para atravessar apenas uma via. O automóvel nunca espera mais de um semáforo. Vejam o video que diz tudo."

Fonte:
http://menos1carro.blogs.sapo.pt/180715.html

Vamos construir edifícios que não nos matem?

"Escombros, pessoas enterradas em ruínas, milhões de desalojados. Catástrofes naturais como o terramoto no Haiti ou o furacão em Nova Orleães podem ser uma oportunidade para fazer nascer uma arquitectura melhor. Por todo o lado há arquitectos - e, já agora, também Brad Pitt - a trabalhar nisso."
in Jornal Publico, 2 de Abril 2010, por Alexandra Prado Coelho

""Geralmente não são os terramotos que matam as pessoas. São os edifícios." Pode parecer uma evidência, mas é sempre bom dizê-la em voz alta, acredita Robin Cross, que nos últimos tempos tem repetido várias vezes esta frase em declarações à imprensa. Director de projectos da Article 25, um grupo de arquitectos baseado em Londres e especializado em reconstrução em zonas afectadas por catástrofes, Cross viu de perto, em vários sítios do mundo, como as pessoas morreram debaixo dos edifícios - e percebeu como, em muitos casos, isso podia ter sido evitado.

Há muito a aprender com a experiência de um terramoto. E dois casos recentes mostram isso mesmo: enquanto no Haiti, em Janeiro, os edifícios, com uma baixa qualidade de construção, desabaram como castelos de cartas, esmagando as pessoas no interior, no Chile resistiram muito melhor e o número de mortos foi, por isso, muito inferior.

É precisamente esse o ponto a que Robin Cross quer chegar quando diz que são os edifícios que matam. Num texto disponível na Internet, o responsável do Article 25 dá alguns números: "No terramoto de Los Angeles em 1994 (magnitude de 6,7) houve 72 mortes e nove mil feridos, enquanto no de Caxemira em 2005 (magnitude de 7,6) houve 79 mil mortos e 106 feridos. No Haiti em 2010 (magnitude de 7) calculam-se 170 mil mortos e 250 mil feridos." E conclui que se há alguma coisa de bom que se possa retirar de uma tragédia como esta é que ela "deve ser uma oportunidade para construirmos melhor".

Mas será também uma oportunidade para fazer uma arquitectura diferente, menos "tradicional"? Para convidar arquitectos-estrela? Para introduzir preocupações ecológicas?

Não é logo a seguir a uma tragédia - como aquelas a que assistimos recentemente no Haiti e no Chile - que os arquitectos entram no terreno. Esses são os dias em que é preciso organizar a ajuda, fazer chegar comida, água, cobertores, arranjar abrigos provisórios. Só depois há espaço para grupos como o Article 25 ou o norte-americano Architecture for Humanity avançarem. E quando o fazem sabem que vão ficar durante muito tempo. Só em Port au Prince, a capital do Haiti, perto de dois milhões de pessoas perderam as casas.

A reconstrução de uma cidade devastada não se faz rapidamente. Aliás, um dos conselhos no site do Architecture for Humanity é este: "Quando estão a reconstruir não deixem os media estabelecer os prazos e as expectativas para a reconstrução." O autor do texto diz lembrar-se nitidamente de ver jornalistas de televisão sobre as ruínas de Nova Orleães devastada pelo furacão Katrina a anunciar que, dali por um ano, as famílias estariam de regresso às suas casas.

A realidade é muito diferente, como mostra o calendário do grupo: só a avaliação dos danos e o planeamento prévio demoram um ano, e a construção de novas habitações permanentes realiza-se entre o primeiro e o quinto ano da intervenção. E durante o processo surgem dúvidas, incertezas, opiniões divergentes. Nova Orleães é um bom exemplo disso.

Um convite de Brad Pitt
Wayne Curtis, da revista The Atlantic Monthly, fez no final do ano passado uma reportagem pelas ruas daquela cidade, passando por casas que correspondem a modelos diferentes propostos por arquitectos com diferentes visões do que deve ser a reconstrução. "Na ausência de uma forte liderança central, a reconstrução dividiu-se numa série de projectos vizinhos independentes", explica.

O mais mediático é o da organização não governamental (ONG) Make it Right, de Brad Pitt - 23 casas construídas até agora, sendo que o objectivo é a construção de 150 casas na zona de Nova Orleães, mais afectada pelo furacão. O actor propôs a vários ateliers de arquitectura conhecidos que desenhassem (gratuitamente) um protótipo de casa para as famílias que tinham ficado desalojadas. O "catálogo" com as diferentes casas é apresentado aos futuros moradores e estes escolhem a que mais lhes agrada. Há de tudo, até uma casa que flutua (do arquitecto Thom Mayne, do Morphosis) para a eventualidade de um novo furacão atingir a cidade.

O arquitecto chileno Alejandro Aravena (do Do-Thank Elemental) foi um dos convidados por Brad Pitt. O actor interessou-se pela proposta de Aravena para resolver o problema da habitação para pessoas de poucos recursos - a ideia é que os arquitectos construam metade de uma casa, garantindo a qualidade de construção e permitindo que os habitantes construam a outra metade mais tarde, quando tiverem condições económicas para isso.

Reconstruir, mantendo fielmente o que existia antes, não faz sentido, diz ao P2, por e-mail, Aravena, que não estava no Chile no dia do terramoto, mas que chegou logo em seguida e comprovou que os edifícios tinham conseguido resistir bastante bem (incluindo as meias-casas feitas pelo Elemental). E, no entanto, tem uma visão radical (sobretudo vinda de um arquitecto) do que deve ser feito. "No Chile somos mais geográficos do que históricos", explica. "É a natureza que nos atira ao chão e é a natureza que nos pode salvar. Este tipo de catástrofe recorda-nos que o nosso património é a natureza e não o que foi construído. No Chile não houve impérios. A nossa cultura construída é leve. Aqui é preciso eliminar a nostalgia, esquecer as intenções de reconstruir o que havia, tal como era, sempre e quando o que o substitua seja de qualidade."

Mas, acima de tudo, é preciso respeitar esse espaço da natureza, e não ter medo de deixar um vazio, diz Aravena. "Qualidade no Chile significa reconhecer que o construído ocupa um segundo plano em relação à natureza, à paisagem. A dívida das nossas cidades antes do terramoto era para com o espaço público. O terramoto e o maremoto destruíram parte das nossas cidades. Em vez de reconstruir aí arquitecturas de um ou outro tipo devíamos aproveitar a oportunidade para deixar esses espaços vazios, e deixar aí a natureza."

Quanto ao que tem realmente que ser reconstruído, não é importante definir se será melhor que seja um arquitecto famoso a fazê-lo ou um anónimo. "O que interessa é identificar com precisão o que é preciso resolver, qual é a pergunta que deve ser satisfeita. Se a resposta a essa pergunta vier de um grande nome ou de um anónimo é igual, desde que responda bem."

Mas há uma coisa sobre a qual Aravena não tem dúvidas: "Não há espaço para agendas criativas pessoais (isso de querer deixar uma marca ou marcar uma presença de autor), assim como para falta de qualidade profissional na resposta. É preciso muita qualidade profissional para responder rápido e à altura e nem sempre o anónimo pode ter esse know-how." E, claro, faz sentido aproveitar estas situações para introduzir preocupações com as questões ecológicas. "A sustentabilidade não é mais do que o uso rigoroso do sentido comum. Nunca é tarde para que o sentido comum seja o fio condutor das operações."

"Podemos estar num daqueles momentos", escreve Wayne Curtis na Atlantic Monthly, "com noções de design moderno, avanços nos materiais ecológicos e imperativos técnicos de sustentabilidade, todos convergindo para que seja dado um grande salto na arquitectura urbana." E segue o seu passeio pelas ruas de Nova Orleães, passando pelas casas do projecto Global Green (completamente ecológicas, produzindo a electricidade que consomem e recolhendo a água da chuva para reutilizar) e encontrando mais à frente Andrés Duany, um defensor de outro tipo de solução para a cidade.

Reconstruir Timor

Duany, um dos fundadores do Congress for New Urbanism, é um entusiasta do small town design (ele e a mulher são os autores da pequena cidade na Florida que serviu de cenário ao filme The Truman Show), o tipo de sítio sem arquitectura "de assinatura", em que casinhas anónimas se alinham em ruas paralelas. "Podemos passar por elas num passeio de bicicleta sem dar por isso", diz Curtis. Mas é um tipo de arquitectura que muitos criticam por ser pouco criativa, monótona, uma repetição do que já foi feito, sem acrescentar nada de novo.

Outro exemplo deste tipo de solução são as casas desenhadas por Marianne Cusato e que transformaram esta arquitecta até então desconhecida "numa das 50 pessoas mais influentes do mundo na indústria de construção de casas", de acordo com a revista Builder. As suas Katrina Cottage parecem as vivendas de estilo inglês do século XVII e, diz a autora, remetem para a "arquitectura vernacular" da região.

Embora seja um caso particular (trata-se, apesar de tudo, de uma operação de reconstrução no país mais poderoso do mundo), Nova Orleães é um bom exemplo do tipo de questões que surgem aos arquitectos perante um cenário de destruição.

Em cada país a experiência é diferente. E num país que está a nascer é uma experiência muito particular. Construir melhor foi o que tentaram fazer os arquitectos que reconstruíram Timor-Leste quando, em 1999, terminou a ocupação e os indonésios deixaram para trás um país incendiado e destruído, temporariamente sob administração da ONU. Pedro Reis era um desses arquitectos. "Houve uma primeira fase em que se distribuíram kits de reconstrução às pessoas", recorda. "Tratava-se de pôr uma cidade a funcionar e para isso tivemos que começar por reconstruir os edifícios públicos."

A opção foi, tanto quanto possível, usar tecnologias locais e mão-de-obra disponível em vez de trazer muitas empresas de fora para trabalhar no país. E, sobretudo, "melhorar a qualidade construtiva dos edifícios". Ou seja, explica Pedro Reis, "subir sempre um patamar" nessa qualidade e garantir que os edifícios seriam sustentáveis, "resistentes, robustos, com ventilação natural". Não procuraram uma "arquitectura timorense" à qual tivessem que ser fiéis (uma das questões polémicas em Nova Orleães - mas, pergunta Pedro Reis, "porquê fixar e replicar uma fase da evolução da cidade quando existem outras?"). "O que tentámos em Timor foi melhorar a arquitectura corrente."

Tinham dois anos para reconstruir um país - não podiam perder muito tempo com experiências ecológicas, ou "a testar sistemas solares", mas preocuparam-se com a sustentabilidade (pôr ou não ar condicionado, por exemplo, ponderando os custos de funcionamento no futuro).

A experiência de outro arquitecto português, Filipe Balestra, não é exactamente numa zona de catástrofe, mas em situações que podem levantar questões semelhantes: favelas no Brasil e bairros da lata na Índia. "É essencial absorver a cultura do país, cidade ou bairro onde acabámos de chegar antes de começar a desenhar seja o que for", defende. "Especialmente se essa comunidade estiver traumatizada por uma recente catástrofe natural. Vivemos num estilo de vida e economia preguiçosa - máximo lucro, mínimo esforço. Quer-se fazer tudo à pressa. Esquecemo-nos que ainda ontem éramos agricultores e que o ritmo da natureza é bem mais lento do que o da cidade. A arquitectura deve tentar desacelerar para se sincronizar com a natureza local."

Corbusier enganou-se?
Para Filipe Balestra, trabalhar em territórios como estes implica uma enorme disponibilidade para ouvir os habitantes e discutir com eles. "Arquitectura desenvolvida por uma comunidade, lentamente e de modo colectivo, vai ser bem mais apropriada do que outra desenvolvida somente por arquitectos num escritório qualquer." Por isso, "é sempre bom começar com uma ideia muito simples, que possa ser facilmente compreendida por qualquer um [e que] tem que atrair o maior número possível de pessoas para fazerem parte do projecto".

Um exemplo simples de como uma tragédia modifica a forma de olhar para os edifícios: em 2005, um terramoto no Paquistão deixou sem casa perto de 3,5 milhões de pessoas. Os arquitectos do Article 25 britânico foram para o terreno e, em colaboração com a Muslim Aid, conceberam um tipo de casas baseadas na arquitectura local mas com uma estrutura muito mais leve. "No exterior não parecem muito diferentes", explica um artigo no jornal britânico The Guardian, "mas, na eventualidade de outro terramoto, irão abanar em vez de colapsar inteiramente".

Tal como Pedro Reis e os arquitectos com quem trabalhou em Timor, também os do Article 25 dizem que o melhor é trabalhar a partir dos materiais e técnicas de construção locais, tentando sempre que possível melhorá-las. Só assim é que é possível que um dia, quando os arquitectos estrangeiros se forem embora, os construtores locais estejam preparados para construir melhor. É também a isso que Brad Pitt se refere quando diz que é preciso "transformar a tragédia em vitória". "O mais revoltante", diz Pitt sobre Nova Orleães, "é pensar que tudo isto podia ter sido evitado."

Por isso, o Architecture for Humanity criou a Open Architecture Network - uma rede de profissionais que podem partilhar ideias e oferecer projectos. Têm um manifesto de apresentação que começa com a frase de Le Corbusier "Arquitectura ou Revolução. A Revolução pode ser evitada", para dizer que o arquitecto francês estava enganado: "Mil milhões de pessoas vivem numa pobreza abjecta. Quatro mil milhões vivem em economias frágeis mas em crescimento. Uma em cada sete vive num bairro de lata. Em 2020 será uma em cada três. Não precisamos de escolher entre arquitectura e revolução. Aquilo de que precisamos é de uma revolução arquitectónica.""


Fonte:
http://jornal.publico.pt/noticia/03-04-2010/vamos-construir-edificios--que-nao-nos-matem013900.htm

Bicicletas: Grandes ideias em ponto pequeno no Cais do Sodré e em Santa Apolónia

Fotografia: João Gaspar

in Jornal Público, 1 de Abril, 2010
por Vanessa Jorge
"Até as grandes caminhadas começam com um pequeno passo. Mas há pequenos e pequenos. Aquele que a Rede Ferroviária Nacional (Refer) anunciou ontem até parecia grande, com a criação de parques de estacionamento para bicicletas nas estações de Cais do Sodré e de Santa Apolónia. Só que o que se vê no local são quatro ferros, o que dará para umas oito bicicletas. A sugestão dos parques foi dos utilizadores dos comboios, tendo em conta que a Fertagus e a CP permitem o transporte de bicicletas dentro dos comboios. Talvez os ciclistas sejam poucos. Mas já lá diz o ditado: grão a grão enche a galinha o papo, e Entrecampos, Rossio, Roma-Areeiro, Sete Rios e Campolide serão as próximas a ter destes parques."

Fonte e imagem:
http://jornal.publico.pt/noticia/01-04-2010/grandes-ideias-em-ponto-pequeno-no-cais-do-sodre-e-em-santa-apolonia-19110162.htm