31 de Julho, 2009: BICICLETADA


"Bicicletadas / Massas Críticas
Sexta-feira, 31/07/2009 - 18:00 - 20:30

* Aveiro - Encontro no Forum Aveiro, ao lado da Capitania;
* Coimbra - Encontro: Largo da Portagem, junto à estátua do Mata Frades;
* Lisboa - Encontro: Marquês Pombal, no início do Parque Eduardo VII;
* Porto - Concentração na Praça dos Leões.

...Há alguma variedade na hora de início das bicicletadas pois, para além do mais, espera-se sempre cerca de meia hora pela chegada de mais participantes...

Aparece e traz amigas/os."

Fonte e Imagem:
http://www.massacriticapt.net/?q=sobre-a-massa-critica/massa-critica-em-lisboa

19 de Julho, 2009: CICLOFICINA


"A Cicloficina ainda não tirou férias. Em Julho também há e é já amanhã. Se a vossa bicicleta precisa de uns toques antes de a levarem para umas voltinhas nas férias, apareçam!
Na Crew Hassan (traseiras, acesso pelo túnel), das 14h30 às 16h30."
Rua das Portas de Santo Antão, nº 154

"O que é a Cicloficina?
É uma iniciativa informal, e aberta a todos os que nela queiram colaborar. É um serviço de assistência técnica simples prestado à população ciclista, e funciona apoiada no tempo, dedicação e mais valias dos voluntários que a fazem acontecer.

Qual o objectivo da Cicloficina?
# 1 – Promoção do uso quotidiano da bicicleta, dando-lhe visibilidade.
# 2 – Animação da rua e da vida colectiva do local onde decorre a Cicloficina.
# 3 – Aumento das interacções e fortalecimento das relações da comunidade.
# 4 – Empoderamento dos utilizadores de bicicleta, ensinando-os a regular, ajustar, afinar e manter as suas bicicletas, de modo a aumentar a sua autonomia, a sua segurança e o seu conforto, com vista a fomentar um maior uso da bicicleta na cidade."

Fonte e imagem:
http://cicloficina.wordpress.com/2009/07/18/amanha-ha-cicloficina-em-lisboa/
http://cicloficina.wordpress.com/perguntas-frequentes/

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL E A BICICLETA EM LISBOA

15 Julho 2009 –(Quarta-feira das 16:00 horas e as 20:00 horas)
Picoas Plaza - Auditório CIUL (Centro de Informação Urbana de Lisboa)

Programa
16h00 horas – Recepção dos participantes
16h10 horas – Transportes em Revista (José Limão)
16h20 horas - CR&M Formação Activa de Condução (António Macedo)
16h30 horas – A FERTAGUS e a Mobilidade - (Raquel Santos)
16h45 horas – Politicas Públicas de Mobilidade Sustentável na Cidade: Modos suaves e
Transportes Públicos (Carlos Gaivoto)
17h00 horas - Advogar a Bicicleta – Poderes Surdos e Normas Absurdas (Agostinho Miranda)
17h15 horas - ACP – Automóvel Club de Portugal * (a confirmar)
17h30 horas – ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias (Nelson Pinto Antunes)
17h40 horas – Debate
18h00 horas – Pausa
18h10 horas – Testemunho de um utilizador diário de bicicleta (Nuno Xavier)
18h20 horas - Saúde, Mobilidade e Bicicleta (Paulo Goucha)
18h30 horas – UACS - União de Associações do Comércio e Serviços (Vasco Melo – Pres.)
18h45 horas – Energia e Bicicleta (Tiago Mesquita Carvalho)
19h00 horas – Cultura da Bicicleta e o Bicycle Film Festival – Em Lisboa - (Sandro D. Araújo)
19h15 horas – TEMA…. Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados
19h30 horas – Debate
20h00 horas – Encerramento

Picoas Plaza- Rua do Viriato, 13
Núcleo 6-E,1º
1050-233 Lisboa

Fonte:
http://www.fpcub.pt/newsletter/200907_Programa_Debate_Mobilidade_Sustentavel.pdf

Funcionários da Câmara de Aveiro ficaram fãs da bicicleta

in Jornal Público, 13.07.2009, Maria José Santana

"Executivo camarário desafiou os trabalhadores da autarquia a pedalarem até ao local de trabalho.
Numa cidade como Amesterdão, a imagem de ver alguém vestido formalmente a andar de bicicleta parece ser já coisa normal. Em Aveiro, que até é terra das famosas "bugas" (bicicletas de utilização gratuita de Aveiro), nem por isso. Que o diga Teresa Aragonez, trabalhadora da Câmara de Aveiro, que se fartou de ser surpreendida com os olhares de espanto de quem circulava na estradas da cidade. "As pessoas não estão muito habituadas a ver alguém de fato e de sapatos altos a andar de bicicleta", conta esta funcionária que decidiu aceitar o desafio da autarquia de começar a pedalar para o local de trabalho.
A proposta surgiu no âmbito da adesão de Aveiro ao Projecto Europeu de Mobilidade Saudável LifeCycle: A bicileta é vida e previa que, durante dois meses, os funcionários usassem a bicicleta como meio de transporte para as instalações camarárias, num mínimo de quatro viagens por semana. Um total de 66 trabalhadores aceitou o desafio, em grupos de três elementos, e, no final, até houve prémios para as melhores equipas.
"Foi bastante satisfatório e agora esperamos que esses trabalhadores continuem a usar a bicicleta nas suas deslocações para o trabalho", frisa Capão Filipe, vereador do pelouro da Mobilidade. O autarca acredita que esta atitude dos funcionários poderá também vir a ter um efeito de "contágio" junto dos outros trabalhadores da câmara e também em empresas privadas.
Para Teresa Aragonez, o fim do concurso De selim para o trabalho não implica deixar a bicicleta de lado. Esta funcionária, que presta apoio ao executivo municipal, quis desafiar-se a si própria e agora que o conseguiu não irá parar. Apesar de viver no centro da cidade, assume que "sempre foi muito comodista. O carro vinha sempre até à porta da câmara", reconhece. Difícil mudar? "Até foi fácil, mas foi curioso chegar à câmara e ver as pessoas a olhar. E também ver as pessoas na rua a repararem na roupa."
A equipa desta funcionária não conseguiu alcançar os primeiros lugares, mas ela considera que o verdadeiro prémio já foi conquistado: cumprir o desafio até ao fim, ganhando em saúde e diminuindo os custos com combustível. "Nos dias em que venho de bicicleta não chego ao trabalho com tanto stress, porque não tenho de andar à procura de estacionamento", nota, ao mesmo tempo que garante que também viu diferenças "na hora de abastecer o carro". Já para nem falar na melhoria da condição física."

O concurso
13.07.2009
"Vencedores tiveram um prémio: bicicletas
Os vencedores do desafio De selim para o trabalho foram premiados com bicicletas. A entrega dos prémios e o encerramento da iniciativa decorreu no início do mês, numa sessão que culminou com um passeio de bicicleta pela cidade. Segundo anunciou a autarquia, a equipa constituída por Paulo Pinho, António Borralho e António Silva - que se apresentaram no concurso com a designação de "Zé-Dos-Pé-Dal" - foi a grande vencedora do concurso que decorreu durante dois meses e atraiu a participação de 66 funcionários da Câmara de Aveiro, pioneira no incentivo à utilização de bicicletas como meio de transporte."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Manta de retalhos para a Praça do Comércio

in Jornal Público
07.07.2009, João Mascarenhas Mateus

"O projecto de "requalificação" da Praça do Comércio que se encontra em discussão pública apresenta particularidades de método e de conteúdo sobre os quais importa reflectir.
A ideia de "requalificar", ou seja, de renovar uma praça que desde 1910 está classificada como monumento nacional constitui um erro de método. Um monumento nacional não se renova. Um monumento nacional protege-se, restaura-se, conserva-se na sua integridade física e simbólica.
Naturalmente que esta atitude prevista na lei deve acolher ocasiões como as criadas pelas recentes obras de infra-estruturas do subsolo, que implicaram o levantamento de grande parte da placa central, para estudar e intervir de forma modelar. Uma oportunidade pois para conhecer a imagem consolidada da praça que importa conservar e ao mesmo tempo definir as condições técnicas especiais a exigir à intervenção de reconstituição da unidade da sua imagem.
Como organismo de tutela, o Igespar deveria ter sido a primeira instituição a elaborar este estudo e a dar a conhecê-lo publicamente antes de qualquer proposta de intervenção. Um documento de base que limitaria à partida arbitrariedades de método e de estética. Ter-se-ia seguido a consulta e o concurso para o projecto de conservação.
Infelizmente, a posição do Igespar, longe de ser proactiva, tem sido reactiva. Limita-se a reagir a uma única proposta de um único arquitecto e à indignação de muitos cidadãos. Uma indignação que possivelmente é extensível a muitos técnicos do Igespar que regularmente não são solicitados ou não vêem nenhuma consequência prática dos seus estudos.
No conteúdo da proposta em discussão está prevista na placa central uma rede de losangos de pedra calcária que compartimentam alvéolos de brita de lioz e resina. Uma imitação asseptizada e higienicista da antiga terra batida que ali esteve durante séculos.
Se a premissa de restabelecimento do verdadeiro terreiro tivesse sido imposta previamente, não estaríamos hoje a discutir losangos, ou porque não círculos, ou ainda condicionamentos de fluxos, numa lógica ultrapassada de ordem e limites. A Praça do Comércio sempre foi atravessada em todas as direcções. Um espaço onde as pessoas se deveriam sentir livres de qualquer "encarneiramento" imposto de forma mais ou menos subliminar. Com esta solução impermeabiliza-se um dos corações de Lisboa e retira-se aos lisboetas mais uma oportunidade de contacto directo com a sua terra, num espaço que deveria ser de reencontro com a sua verdadeira essência de cidade. O que diriam os franceses se lhes impermeabilizassem a terra batida da Praça Bellecour em Lyon ou o Jardim das Tuilleries, em Paris?
No perímetro, prevê-se ainda reconverter com um desenho "mikado" de pedra vermelha e negra o aumento do lajedo na zona das arcadas para receber mesas e bancos corridos de esplanadas. Uma solução que recorda esteticamente o que se fez nos "paseos maritimos" de Espanha ou em qualquer parque de exposições industriais, cujas lógicas têm fins bem distintos.
Pergunto-me o que é que esta solução tem a ver com a pedra calcária que caracteriza a praça que, se usada simplesmente como prolongamento dos antigos lajedos, não introduzira obstáculos novos à leitura da sua unidade. Artifícios como os propostos seriam quem sabe úteis para uma delimitação de futuras concessões de esplanadas (sobre as quais nada é revelado no projecto). E como tal têm sido abolidos em muitas praças um pouco por toda a Europa. Veja-se a do Montecitorio em Roma, a da Unità d'Italia em Trieste, a Praça do Palais Royal em Bruxelas, a de Reims, a de São Marcos em Veneza. Com corredores para automóveis em granito, que nunca fez parte da lista de materiais usados na Praça do Comércio, consegue-se plasmar para sempre o trauma da invasão dos automóveis iniciado em 1949 com a abertura da Avenida da Ribeira das Naus.
Agora que se prevê um condicionamento de tráfego, poderia ser a ocasião ideal para eliminar a memória recente do asfalto, com calcário da região para reconstituição das vias calcetadas perimetrais de que se tem constância iconográfica.
À lista do muito que não é abertamente explicado à população junta-se o projecto de iluminação ou o mobiliário urbano que se pretende implantar. Componentes fundamentais para julgar da sua viabilidade e do seu resultado final. A Praça do Comércio é muito mais do que uma praça do Parque Expo ou das docas de Lisboa e, como tal, a reconversão do seu valor patrimonial e cultural ao serviço de lógicas baseadas só na animação comercial e social não deveria ser permitida por se tratar de um monumento nacional.
Lisboa arrisca a desmonumentalização da Praça do Comércio, utilizando-a como simples arranjo cenográfico ao serviço de uma lógica consumista de bares, esplanadas e asseptização de espaços onde muito da identidade de cidade está em risco de ser perdida. Da sua relação tradicional com o rio, com a terra, com os materiais da região, com a luz, com a sua história.
Desejava-se com a classificação de monumento nacional alargado à zona da Baixa Pombalina a candidatar a Património Mundial, conseguir garantir a aplicação integrada de uma metodologia história e crítica. Não se sonhava que sobre um monumento nacional a passividade da tutela fosse tão evidente na hora de a cobrir com uma manta e com retalhos vários de métodos e de conteúdos."
Coordenador técnico da candidatura da Baixa Pombalina a Património Mundial entre 2002 e 2006.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

REDE DE CIDADES CRIATIVAS

"A Rede Internacional de Cidades Criativas vai ser lançada em Lisboa no próximo dia 7 de Julho, num evento promovido pela CCDR-LVT, o programa Austin-Portugal e a Câmara Municipal de Lisboa. A conferência, que contará com a presença do mayor de Austin, William Wynn, realiza-se no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações.

Guimarães, Óbidos ou Paredes são alguns dos municípios convidados a participar no evento, para além das universidades. Foram igualmente convidadas a debater o tema da criatividade a Plataforma das Indústrias Criativas da AML, a Parque Expo e o Concurso de Escolas Cidades Criativas, que tem vindo a ser organizado pela Universidade de Aveiro.

O evento contará com a presença, ao final da manhã, do Secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

A entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia.

Mais informações e inscrições em: http://creativecitieslisbon.org

Consulte o programa aqui."

Transportes:
Metro: Oriente
Comboio: Estação do Oriente
Autocarros: 5/25/28/44/708/750/759/782/794

Fonte:
http://www.ccdr-lvt.pt/content/index.php?action=detailfo&rec=1501&t=Rede-de-Cidades-Criativas-e-lancada&utm_source=20090702_ML16_pt_1&utm_medium=newsletter

Making Streets Safer for Seniors by Elizabeth Press


"Transportation Alternatives' Safe Routes for Seniors campaign started in 2003 to encourage senior citizens to walk more by improving their pedestrian environment. Funded by the New York State Department of Health's Healthy Heart program, this was the first program of its kind to address the needs of elderly pedestrians.

In 2008, the City of New York launched its own Safe Streets for Seniors initiative based on TAs Safe Routes for Seniors. Focusing on 25 areas with high senior pedestrian fatalities, this program is paving new ground. Yet, some including seniors not in these zones are asking, is it enough? Stats released by Transportation Alternatives show that:

* People aged 65 years and older make up 12% of the population, yet they comprised 39% of New York City's pedestrian fatalities between 2002 and 2006.
* The fatality rate of senior pedestrians is 40 times greater than that of child pedestrians in Manhattan.

This video is an overview of what Transportation Alternatives, New York State Department of Health, NYC DOT, community groups, and elected officials are doing to promote safe streets for seniors."

Fonte e video:
http://www.streetfilms.org/page/2/

7 ideias para o debate do Terreiro do Paço

in Jornal Público, 04.07.2009

"São sete ideias para o Terreiro do Paço, feitas especialmente a pedido do P2. O objectivo desta iniciativa inédita do jornal é contribuir para o debate público sobre a requalificação da praça principal de Lisboa. Arquitectos, artistas plásticos e um arquitecto paisagista trabalharam intensamente nestas reflexões, que generosamente ofereceram, com a expectativa de conseguirem abrir a discussão para além da polémica que tem rodeado a proposta de Bruno Soares, um projecto
a construir até 2010.

José Pedro Croft, escultor
A intervenção parte das relações espaciais da praça e da sua poderosa relação com o rio. Pretende, de uma forma económica, criar perplexidades, retirando "chão" ao Terreiro e fazer aparecer um duplo da arquitectura preexistente.
1. Partindo de uma fotografia aérea do Terreiro do Paço, como se encontra neste momento (com pequenas correcções), delimitei uma zona para intervir.
2. Mantive os passeios e a zona de calçada como memória do local. Nas restantes áreas, um espelho de água (sem acrescentar muita informação) reflecte e reverbera as relações que já existiam. Estabelece uma relação com o rio, trazendo o elemento água para dentro da praça.
3. Inerente a esta proposta está a impossibilidade de a concretizar, por razões de ordem prática, entre outras, que me são óbvias.


Jorge Estriga, arquitecto
Representação e usufruto
Porta de entrada na cidade. Espaço público de grandes dimensões, envolvido por um conjunto uniforme de edifícios notáveis. Terreiro de troca, paradas militares e recepção de embaixadas. Poder e ordem. Representação e usufruto. O Terreiro do Paço "anteontem".
Hoje, no âmbito do plano de revitalização da Baixa pombalina, qual é o papel que este grande espaço aberto ao estuário do Tejo pode desempenhar? Como é que podemos reduzir a distância física entre as três frentes da praça? Como é que devemos integrar este património monumental (representação) numa estratégia de desenho do espaço público, onde prevaleça o movimento do peão (usufruto) sobre o movimento automóvel?
A proposta de Bruno Soares responde, no essencial, a esta estratégia: a circulação automóvel é radicalmente reduzida nas paralelas ao rio e suprimida nas laterais; os passeios são alargados; e o piso térreo dos edifícios que conformam a praça é ocupado por lojas, galerias, restaurantes, cafés e esplanadas.
Ou seja: uma solução que devolve o espaço público aos peões e que transforma um local de passagem num local de permanência, estabelecendo as bases para o seu pleno usufruto.
No entanto, o espaço é desmesurado. A distância entra fachadas é muito grande e não é um plano "duro", austero e abstracto que vai promover a relação entre os movimentos das três frentes da praça. É necessário amaciar para aproximar.
Proponho um relvado. Um espaço de usufruto e permanência que atenue a tendência inevitável para a autonomia de cada uma das três frentes. Um espaço - que pode ter alguns maciços arbóreos (poucos, baixos e assimétricos) que proporcionem alguma sombra - onde se possa namorar ou apanhar sol, onde as crianças possam correr... Um espaço de encontro que introduza alguma informalidade. Um espaço verde e permeável. Um espaço que absorva a luz, que atraia as pessoas e promova movimentos de aproximação entre as actividades de cada uma das frentes da praça.
Se o plano de revitalização da Baixa pombalina é mesmo a sério e se o objectivo é atrair residentes, famílias, comércio, cultura e gente, então vai ser necessário construir um espaço de descompressão e usufruto que contribua para o bulício que se deseja. Um jardim.
Um jardim que não existe na Baixa, no Chiado nem na Sé.

João Gomes da Silva, arquitecto paisagista
Na Ribeira de Lisboa, o Terreiro do Paço fez-se escavar frente ao rio, na confluência que a cidade fez construir quando se reconstruiu. Praça real, portanto maior que as outras, ergueu edifícios, arco e arcadas, delimitando contra o rio um espaço central, vazio, majestático, hirto e poderoso, delimitando rigorosamente a margem e permitindo pequenas transgressões como o cais com as suas últimas colunas de pedra antes da água extensa.
Sempre a figurei enorme, vazia ou cheia com os seus desfiles coloniais, imperiais, militares, cívicos, festivos ou simplesmente diários, com o castelo flutuando por nascente como um fantasma omnipresente. Por tudo isto, é parte de mim, e certamente de todos os que nasceram e viveram atravessando-a, permanecendo nela, ou simplesmente afrontando o rio sempre extenso a sul.
Sempre a imaginei, porém, de outra forma mais essencial e digna. Atravessada pelos fluxos da cidade (ruas negras de basalto de nascente para poente) e pelos fluxos das ribeiras (de norte para sul), sobre uma superfície clara, quadrangular, alinhada rigorosamente pelo limite externo das ruas Áurea e da Prata.
Uma superfície essencial (da mesma pedra que constrói o resto da cidade), delicadamente trabalhada, modelada numa microtopografia rigorosa, aceitando cuidadosamente as deformações do tempo, as imposições das invisíveis que a atravessam desde tempos iniciais ou mais recentes. Uma superfície clara, abstracta, misteriosa, sulcada por delicadas linhas que substituem as ribeiras que confluíam no rio e que desce suave e imperceptivelmente em direcção ao rio, espraiando-se nele, ora revelando a praia, ora quase transbordando. Ao descer o cais, e passando entre colunas de pedra com inscrições memoriais, observo ainda, na minha memória do futuro, escadas, embasamentos pétreos, talha-mares sob os torreões, e pessoas. Como nas cidades sagradas na Índia distante, as pessoas ocupam no meu sonho a margem, nas suas escadas monumentais, caminham na praia ou na plataforma superior, e, enquanto me afasto lentamente, observo o movimento de pessoas e carros, o recorte monumental contra o castelo, e deslizo, silencioso, em direcção à outra margem.

Praça do Marquês de Pombal, Vila Real de Santo António
Imagem manipulada a partir de Filipe Folque (1856), na qual se reconhece uma superfície única e pétrea, discretamente separada das circulações laterais, que termina nas arcadas laterais. A microtopografia, as discretas caleiras que rasgam a superfície em direcção ao rio e o sistema de infra-estrutura e mobiliário não são perceptíveis a esta escala, tal como não seriam determinantes na imagem real da praça, se fossem construídas.


José Mateus, arquitecto (atelier ARX)
Para mim, é óbvio que o desenho do Terreiro do Paço foi assunto encerrado no tempo da sua construção. Por isso, respondo à questão colocada com uma proposta aparentemente simples e sem desenho. Dito de outra maneira, através de uma intervenção que pretende tocar delicadamente neste conjunto monumental, mas tocar fundo para permitir que o desenho original recupere a sua nitidez, a sua força, o seu dramatismo.
Penso que o Terreiro do Paço devia ser integralmente revestido a lajes de pedra de lioz branco - substituindo pavimentos, estradas e paredes de reboco -, para lhe devolver o sentido perene e sublinhar a expressividade da luz e da sombra, da escala, do ritmo e das subtis diferenças de textura entre pedra antiga e nova. Exactamente como seria o antigo Paço Real ali localizado até à sua destruição pelo terramoto. Para recuperar a praça enquanto espaço colectivo de uma certa solenidade, e para garantir uma mudança profunda da sua atmosfera, não hesitaria em restringir o tráfego aos transportes públicos que cruzariam apenas o seu limite norte.
Retenho as crónicas polémicas e hesitações sobre a apropriação desta praça, o reboco fissurado com cores que mudam ao longo dos tempos - já terá sido ocre, jalde, amarelo, verde, encarnado, cor-de-rosa -, pavimentos diversos onde as ondas da calçada e do asfalto degradado parecem rivalizar. E, sempre, o pesadíssimo tráfego automóvel. Paradoxalmente, é uma das mais radicais obras da Arquitectura portuguesa, onde escala e ritmo foram levados ao limite e foi cumprida a ambição de introduzir unidade, ordem e rigor dimensional (180m x 180m), num espaço urbano anteriormente configurado pelo somatório de intervenções, estilos e tempos que lhe conferiam um carácter irregular e contraditório, estranho para a mentalidade iluminista.
Com uma intervenção desta simplicidade, penso que é possível recuperar o essencial desse gesto radical e refundador que gravuras antigas nos revelam como praça extraordinariamente unitária, de pavimento único, disponível para a população. Um terreiro pétreo entendido como espaço onde tudo pode acontecer, um vazio de pedra e luz.

Pedro Gadanho, arquitecto
Pensar o Terreiro do Paço é indissociável de pensar a Baixa pombalina como um todo.
Proponho apenas duas intervenções lineares que associam a recriação arborizada da Praça do Comércio à reestruturação das ruas da Prata e do Ouro através de dois parques de estacionamento lineares subterrâneos.
Estes parques constituem um dos grandes desafios de Engenharia da Lisboa de amanhã, mas permitem a reutilização intensiva da Baixa. Resolvem tanto o problema de estacionamento de habitantes,
comerciantes e visitantes, como a manutenção e o reforço das estruturas dos edifícios contíguos. Com entradas de carros pelos extremos das ruas e saídas de peões ao longo das mesmas, os parques lineares permitem que os novos utentes da Baixa estacionem perto do seu "quarteirão".
O Terreiro do Paço é delimitado por duas alamedas de árvores de folha caduca que prolongam naturalmente as referidas ruas - as únicas onde se manteria o atravessamento automóvel da Baixa no seu sentido longitudinal.
Criam-se assim dois espaços de utilização simbólica diferenciada na Praça do Comércio. A placa central abarca o conjunto adjacente de edifícios e retém a monumentalidade ligada ao arco triunfal da Rua Augusta. As áreas laterais, sombreadas e de escala mais humana, permitem o usufruto de esplanadas e outras actividades locais, lúdicas e turísticas. Os Boulevards assumem-se como eixos infra-estruturados com oferta de novos equipamentos urbanos: parques de bicicletas, quiosques, cabinas multimédia, acessos de parques, etc. É a vida devolvida à praça de referência de Lisboa.
30 anos é o tempo médio de discussão pública que um país como a Holanda dedica aos seus grandes projectos.


Carlos Nogueira, artista plástico
Proponho que seja absolutamente abolida a circulação de carros,
motos e bicicletas nas vias que
envolvem a Praça do Comércio.
e que se plantem muitos postes
com luzes para os dias de nevoeiro.

Proponho que se repavimente toda a praça numa cota nivelada pelo chão das arcadas de modo que, em caso de inundação, se possa passear de barco.

Proponho que se retire a portuguesa estátua equestre e se coloque no centro geométrico da praça uma escultura encomendada propositadamente a um artista internacional, segundo o critério e escolha de um crítico internacional.
P.S. A propósito, B.V. disse-me uma vez que "o humor é a boa educação do desespero".


Bruno Chialastri, Cecila Fossati, Chiara Cavalieri, Cristian D'Elia, Ester Stigliano, Filipe Cardoso, Georgina Mónica Lalli, Laura Barbarito, Mafalda Neuparth Sob orientação de Manuel Graça Dias + Egas José Vieira, com Ricardo Silva Carvalho, arquitectos
Esta proposta foi feita por um grupo de estudantes italianos e portugueses, sob a orientação de Manuel Graça Dias + Egas José Vieira (com Ricardo Silva Carvalho), durante um seminário na Universidade Autónoma de Lisboa.
No curto espaço do workshop, concentrámo-nos num único ponto de contacto de Lisboa com o rio, imaginando uma intervenção infra-estrutural suficientemente forte que pudesse vir a induzir relações e usos novos e diferentes conceitos para esse lugar da cidade.
Perante as mais recentes propostas de reanimação da Baixa pombalina, tem sobressaído a ideia da necessidade de corte de trânsito no eixo marginal, frente ao Terreiro do Paço, de modo a ultrapassar o incómodo viário na principal praça do país.
As várias soluções, contudo, limitam-se a propor a transferência desses fluxos para montante, para uma chamada "circular das colinas", reservando à Baixa uma utilização e um desfrute já só quase pedonal e turístico.
Propomos, com a nossa solução, conciliar a continuação da passagem viária pela zona com a diminuição da pressão automóvel no Terreiro do Paço: um viaduto ligeiro, paisagístico, doce, em curva suave, afasta-se da margem, surgindo da água a partir de dois túneis que, no Cais do Sodré e na Estação Sul-Sueste, mergulham misteriosamente o tráfego urbano no leito do rio.
A visão extraordinariamente poética é simultaneamente surreal e tecnológica: os carros saem e entram na água cumprindo um arco (de luz, à noite, e de cores e brilhos, durante do dia) ordenado com o desenho matemático da Baixa, com a visão proposta pela abertura do Terreiro do Paço sobre o Tejo, permitindo a manutenção do tráfego fluvial, cacilheiros e outros pequenos barcos em tracejado nervoso por sobre a água que cobre o túnel ou sob o viaduto em ponte.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/