PAULO SPRANGER/GLOBAL IMAGENS |
Publicado a 21/02/2017, por Ana Sousa Dias
"Passou a vida a fotografar mas aos 50 anos atirou-se de cabeça a um projeto de solidariedade que se revelou um êxito: a Cozinha Popular da Mouraria. Agora chegou a Muita Fruta, ou o sonho de aproveitar a fruta dos quintais da cidade
É fotógrafa de profissão, vive na Mouraria e é presidente da associação Cozinha Popular. Por que se meteu nesta aventura?
Nem sei bem como as coisas começam. Quando comecei a ficar sem trabalho como fotógrafa jornalista.
Freelancer?
Sim, freelancer. Começaram as limpezas nas revistas e pensei que tinha de encontrar alguma coisa para a minha vida. Quando uma pessoa faz 50 anos, começa a pensar o que é que interessa verdadeiramente, de tudo o que fez até aí qual é o fim que se pode dar a isto. Nos últimos 15 anos o meu trabalho foi sempre dar à cozinha, acompanhei a evolução toda dos chefs, fotografei-os, fiz artigos com eles, viajei muito. A cozinha interessa-me desde pequena.
Aqui não põe as mãos na cozinha, tem um cozinheiro.
Temos o cozinheiro, a equipa da cozinha e temos muita gente que vem aqui cozinhar. A minha intenção aqui não é ser cozinheira, mas ganhei fama de boa cozinheira entre os amigos, porque sempre fiz muitos jantares em casa. Isto é uma extensão da casa. Sempre quis ter uma família grande e gostei de mesas com muita gente e muita vida. Tudo foi dar a este projeto. E há o lado de ajudar os outros, não no sentido da caridade mas de tentar melhorar a vida das pessoas, melhorar um bocadinho o mundo à nossa volta. Fazer alguma coisa. A minha vida não tem interesse, ou só tem interesse se eu achar que estou a fazer bem a alguém, no sentido de mostrar outros caminhos ou partilhar coisas que vi ou que vivi.