A bicicleta mudou a forma como eles encaram a cidade



Nas ruas do Porto, vêem-se cada vez mais ciclistas. Não é apenas por ser Verão, quem usa este meio de transporte diz que o número de pessoas que escolhe a bicicleta para se locomover na cidade está a aumentar.

Miguel Barbot fala por experiência própria. Começou a andar de bicicleta no Porto há um ano e meio e nunca mais parou.

A opção de se deslocar de bicicleta para o trabalho foi uma solução para fugir ao trânsito, mas acabou por se tornar o meio de transporte mais utilizado por este consultor. “Uso a bicicleta para deslocações utilitárias, para ir às compras, para trabalhar, para sair à noite”, exemplifica Miguel.

Desde então, repara que existem mais ciclistas na cidade. “Há uma diferença muito grande, do ano passado para este ano. Vê-se muito mais pessoas e muitos mais tipos de pessoas a andar de bicicleta”, nota.

Alice Jeri é uma destas pessoas. Há cerca de três anos trouxe a bicicleta da sua cidade natal, Ovar, para o Porto e, desde então, “é raro não andar”. “Vou todos os dias para faculdade, para actividades extracurriculares e reuniões”, conta a estudante de Medicina, que, por vezes, conjuga a bicicleta com o metro.

A sustentabilidade ambiental, a prática de actividade física e a poupança são alguns dos motivos que levam cada vez mais pessoas a andar de bicicleta nas cidades. No caso de Miguel, consegue poupar mais de 160 euros por mês desde que deixou de andar de carro no Porto.

Entrave psicológico

Quem é do Porto ou conhece a cidade, provavelmente estará a pensar neste momento que é uma missão quase impossível andar de bicicleta, principalmente pelas ruas da baixa.

Esta ideia pré-concebida foi encontrada por Miguel Barbot muitas vezes depois que trocou a bicicleta pelo carro. “Os entraves são muito mais psicológicos”, defende Miguel, realçando que “o Porto é uma cidade melhor do que muitas cidades planas para andar de bicicleta”.

Nuno Lopes, que vive na Póvoa de Varzim mas se desloca ao Porto frequentemente conjugando o metro e a bicicleta, diz que muitas pessoas ficam “espantadas” por utilizar este meio de transporte. “Eu percebo o espanto, não percebo é pessoas que tentam me convencer a não andar”, diz o arquitecto.

Planear bem os percursos

Miguel reconhece “a topografia difícil da baixa” mas defende que o segredo está em planear bem os percursos. “Eu ando na baixa e muito naturalmente não gosto de subir, não sou um ciclista desportivo. Basicamente o que faço é um bom planeamento dos percursos”, refere.

Alice também sabe que nem sempre é fácil andar de bicicleta na baixa do Porto e refere que por vezes “é necessário infringir algumas regras de trânsito”, uma vez que as ruas estão pensadas para a circulação de carros e não de bicicletas.

Nuno corrobora com a estudante de medicina e acredita que ainda é “um pouco inseguro andar de bicicleta no Porto”. “Como as vias estão montadas para os carros, os condutores sentem-se um bocado os reis da estrada”, repara.

Existem, por isso mesmo, alguns cuidados que devem ser tomados para quem quer pedalar pelas ruas da Invicta.

Redescobrir a cidade

Miguel Barbot recorda que desde que trocou o seu “sofá com rodas” (carro) pela bicicleta começou a ter uma relação “mais humana” com a cidade.

“Vivo a cidade numa escala completamente diferente. Paro para falar com as pessoas, com amigos, paro no semáforo para falar com outros ciclistas”, conta Miguel.

“Ver a cidade a passar é uma sensação diferente do andar a pé”, diz Alice Jeri, que realça ainda a amizade que criou com outras pessoas que também andam de bicicleta e acabam por partilhar “um certo inconformismo, um espírito de aventura e uma vontade de mudar as coisas”.

Para desmistificar o acto de andar de bicicleta na cidade e para debater ideias sobre a mobilidade no Porto, Miguel Barbot criou o blogue “Um pé no Porto e outro no pedal”.

O blogue é hoje um ponto de encontro virtual para a “massa crítica” (movimento global que promove o uso da bicicleta nas cidades) e reúne uma série de percursos “cicláveis” na Invicta, alguns feitos por Miguel e outros enviados por ciclistas.

@Alice Barcellos
Fonte:

Tour dos Trópicos": David Byrne (músico) e Eduardo Vasconcellos (urbanista)

Bike em Paraty
"O primeiro a falar foi o David Byrne que estava lançando o livro "Diários de bicicleta".

Ele como turista gosta de visitar os lugares de bicicleta porque pode ver e apreciar coisas que de outra forma não veria.
Acredita que nosso modelo atual de cidade isola as pessoas, e a cidade na verdade é um lugar de diversidade e troca.

Mostrou com algumas imagens de Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e outros, a ideia de cidade do futuro no Século XX. Ela é cheia de 'highways', sem lugares para interação humana ou o encontro de pessoas. São cidades cheias de torres isoladas, acabando com as ruas, uma ideia bastante influente do século passado... 

A GM era durante todo esse período a maior corporação do mundo e apoiava as ideias de construção de largos 'boulevards' para muitos carros. Essa configuração é hostil para os pedestres e as cidades hoje são assim graças a essas influências.

As ruas menores tem um modelo mais caótico, pois as pessoas se encontram mais, e você nunca sabe com quem vai cruzar. Na Europa as coisas já estão mudando. Já existem cidades que tem no mesmo espaço em conjunto, bicicletas, carros e pedestres.

O Eduardo também defendeu a mudança na qualidade de vida das cidades. Mas aqui no Brasil elas vão ter que passar antes por um aumento da cidadania da população. As pessoas não conhecem seus direitos nem deveres para poderem lutar por melhores condições. Aqui quem vai a pé ou de 'bike' trabalhar é porque não tem dinheiro, fazem parte de uma classe de baixa renda.

No Brasil também ainda há o mito que todos preferem o automóvel, que faz parte da proposta desenvolvimentista dos anos 70. Assim as classes de renda mais alta, que têm um ou mais carros, ocupam mais espaço público e gastam mais recursos (energia) e poluem mais que as de renda baixa.

É preciso gerar conhecimento para gerar constrangimento ético, para que as pessoas usem mais o transporte público, a bicicleta ou andem a pé. Transformar esse espaço hoje hostil às pessoas e caminhar em direção a uma nova cidade.

A palestra do David Byrne foi bastante esperada, foi legal, mas as pessoas claramente esperavam mais, talvez que ele cantasse?"

Imagens e textos de Madame de Stael
 

Fonte e imagem:

Barato e saudável: esqueça o carro | euronews, U talk


Questão de Dora, Portugal :
“- Olá, o meu nome é Dora Pinto e a minha questão é a seguinte: vivemos numa sociedade cada vez mais sedentária em que as pessoas comem demasiadas calorias. Gostava de saber se podemos inverter esta situação e de que forma?”
Resposta de Randy Rzewnicki, responsável da Federação Europeia de Ciclismo:
“- O que podemos fazer? Em primeiro, o mais importante é usar menos o carro, muito menos Porquê? Porque isso significa ter de andar, pedalar ou usar transportes públicos. E isso é mais saudável, porque como a maioria das pessoas sabe, caminhar ou andar de bicicleta, movimentar-se todos os dias, é o que há que fazer.
Todos o faziam há 50 ou 100 anos, fazia parte do estilo de vida. E agora podemos fazer tudo sentados…por isso há que comer menos e movimentar-se mais durante o dia, ao longo de todo o dia. Andar, andar, andar, subir as escadas, deslocar-se para falar com os colegas de trabalho em vez de os contactar por telefone ou email…todos esses pequenos gestos podem marcar uma enorme diferença, mas o mais importante é usar cada vez menos o carro.
Estou muito satisfeito porque no mês passado apresentaram uma proposta no Parlamento Europeu para impor uma velocidade máxima de 30 quilómetros por hora em todas as zonas residenciais da Europa.
Se for adotada, vai ser um enorme avanço, porque a sensação de insegurança vem dos camiões e autocarros que circulam a uma velocidade inadequada.
Outro ponto importante a destacar é que ir de bicicleta e caminhar são atividades muito seguras. São atividades completamente seguras embora se tenha a percepção de que não o são. As estatísticas são muito tranquilizadoras, por isso a grande pergunta é o que se pode fazer para mudar essa percepção.”
“Para colocar uma questão, faça-o através do nosso site www.euronews.net”.
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Fonte:

Bicicleta/Carrinho de bebé

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