Igespar deu parecer negativo ao projecto de Bruno Soares para o Terreiro do Paço
in Jornal Público, 05.06.2009 - 21h15 Alexandra Prado Coelho
"O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) deu um parecer negativo ao estudo prévio para o Terreiro do Paço, em Lisboa, elaborado pelo arquitecto Bruno Soares, revelou hoje ao PÚBLICO o director do Igespar, Elísio Summavielle.
As objecções do Conselho Consultivo do Igespar, comunicadas terça-feira à Sociedade Frente Tejo, responsável pela obra, baseiam-se em “aspectos formais, sobretudo de impacto visual, a arrumação da placa central, o enquadramento da estátua”, explicou Summavielle e não às propostas de Bruno Soares para “a organização do trânsito e a topografia”.
O director do Igespar lembra, contudo, que se trata de um estudo prévio e que, numa próxima fase, o arquitecto deverá apresentar o ante-projecto, que será também analisado e objecto de novo parecer.
Num artigo intitulado “Terreiro do Paço é excepção?”, publicado hoje no semanário Sol, Pedro Santana Lopes, candidato à Câmara de Lisboa, considerou “inadmissível” o que dizia ser a ausência de pareceres do Igespar relativamente ao Terreiro do Paço. “Chegou-se ao desplante de o vereador do Urbanismo responder aos jornalistas, com a obra já a decorrer, que 'um dia destes o Conselho Consultivo do Igespar há-de pronunciar-se...”, escreve Santana Lopes. E continua: “Então agora é assim? A obra vai por aí fora, os contratos vão-se fazendo e ninguém impõe o cumprimento da lei?”.
Duas obras diferentes
Reagindo a estas palavras, Summaville afirma que Santana Lopes está a confundir duas coisas: “Há uma obra de infra-estruturas a decorrer no Terreiro do Paço, que tem a ver com os esgotos e saneamento, e essa tem tido um acompanhamento arqueológico por parte do Igespar”, que recebe relatórios e verifica os vestígios arqueológicos que ali aparecem. E, explica o director, “há uma outra obra, na placa, que ainda não começou, e cujo estudo prévio [de Bruno Soares] nos foi enviado e sobre o qual nos pronunciámos”. Não há, portanto, segundo Summavielle, aquilo que Santana Lopes diz ser o aproveitamento “de movimentos de terras de obras de esgotos e saneamento para mudar o desenho e o perfil de uma praça que é símbolo cimeiro da História de Portugal”.
O projecto de Bruno Soares teve uma primeira apresentação pública no dia 26 na Ordem dos Arquitectos e também ali foi alvo de críticas. Vários dos que se encontravam na assistência – composta em grande parte por arquitectos – questionaram os losangos previstos para a placa central, o corredor em pedra a ligar o Arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas, passando pela estátua de D. José, os degraus junto ao rio, e, nas zonas laterais, o padrão de rotas marítimas inspirado na cartografia portuguesa do tempo dos Descobrimentos.
O arquitecto ouviu atentamente as críticas e admitiu fazer algumas alterações no projecto, nomeadamente esbatendo os losangos da placa central. Bruno Soares está actualmente a reformular alguns pontos e a preparar o ante-projecto.
Uma das críticas mais insistentes durante a sessão na Ordem dos Arquitectos teve a ver com o facto de não ter existido concurso público para a obra no Terreiro do Paço, que foi confiada pela Sociedade Frente Tejo a Bruno Soares. No seu texto, Santana Lopes toca num outro ponto, considerando “uma aberração política e jurídica” o facto de “ser uma sociedade do Estado [a Frente Tejo], sem qualquer participação da Câmara, a fazer tudo isto em Lisboa”."
Conselho consultivo chamado em casos bicudos
por Ana Henriques
"O conselho consultivo é o órgão de aconselhamento a que recorre o Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico quando se depara com casos bicudos.
“Incumbe-lhe emitir pareceres sobre as matérias da competência do instituto que o seu presidente entenda dever submeter à sua apreciação”, diz a lei.
Dele fazem parte, além de representantes do próprio Igespar, cinco individualidades de reconhecida competência nesta área: os arquitectos Tomás Taveira, Alcino Soutinho e Vasco Massapina, o arqueólogo Cláudio Torres e o engenheiro Maranha das Neves. O conselho tem ainda representantes de ministérios e até um da conferência episcopal portuguesa, num total de 20 membros.
Entretanto, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa. Saldanha Serra, defendeu que o novo modelo de circulação rodoviária para a Baixa terá que ser submetido à Assembleia e que, tal como está, o seu partido não o viabilizará. Para o deputado municipal, o anúncio do presidente da câmara de que o novo sistema de mobilidade entrará em vigor até dia 16 “é de uma gravidade brutal e de uma falta de sensibilidade para os problemas que se estão a registar no trânsito e na mobilidade da cidade”.
O novo modelo de circulação passa pela utilização da Rua da Alfândega e Rua do Arsenal só por transportes públicos. Os automóveis ficam confinados à Av. da Ribeira das Naus, com uma faixa em cada sentido, e toda a circulação estará interdita nas laterais do Terreiro do Paço. “António Costa anda atrás dos projectos liderados pela Sociedade Frente Tejo, que se vai constituindo cada vez mais como um monstro para a cidade”, acusou Saldanha Serra, citado pela Lusa."
Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1385349
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