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Manta de retalhos para a Praça do Comércio

in Jornal Público
07.07.2009, João Mascarenhas Mateus

"O projecto de "requalificação" da Praça do Comércio que se encontra em discussão pública apresenta particularidades de método e de conteúdo sobre os quais importa reflectir.
A ideia de "requalificar", ou seja, de renovar uma praça que desde 1910 está classificada como monumento nacional constitui um erro de método. Um monumento nacional não se renova. Um monumento nacional protege-se, restaura-se, conserva-se na sua integridade física e simbólica.
Naturalmente que esta atitude prevista na lei deve acolher ocasiões como as criadas pelas recentes obras de infra-estruturas do subsolo, que implicaram o levantamento de grande parte da placa central, para estudar e intervir de forma modelar. Uma oportunidade pois para conhecer a imagem consolidada da praça que importa conservar e ao mesmo tempo definir as condições técnicas especiais a exigir à intervenção de reconstituição da unidade da sua imagem.
Como organismo de tutela, o Igespar deveria ter sido a primeira instituição a elaborar este estudo e a dar a conhecê-lo publicamente antes de qualquer proposta de intervenção. Um documento de base que limitaria à partida arbitrariedades de método e de estética. Ter-se-ia seguido a consulta e o concurso para o projecto de conservação.
Infelizmente, a posição do Igespar, longe de ser proactiva, tem sido reactiva. Limita-se a reagir a uma única proposta de um único arquitecto e à indignação de muitos cidadãos. Uma indignação que possivelmente é extensível a muitos técnicos do Igespar que regularmente não são solicitados ou não vêem nenhuma consequência prática dos seus estudos.
No conteúdo da proposta em discussão está prevista na placa central uma rede de losangos de pedra calcária que compartimentam alvéolos de brita de lioz e resina. Uma imitação asseptizada e higienicista da antiga terra batida que ali esteve durante séculos.
Se a premissa de restabelecimento do verdadeiro terreiro tivesse sido imposta previamente, não estaríamos hoje a discutir losangos, ou porque não círculos, ou ainda condicionamentos de fluxos, numa lógica ultrapassada de ordem e limites. A Praça do Comércio sempre foi atravessada em todas as direcções. Um espaço onde as pessoas se deveriam sentir livres de qualquer "encarneiramento" imposto de forma mais ou menos subliminar. Com esta solução impermeabiliza-se um dos corações de Lisboa e retira-se aos lisboetas mais uma oportunidade de contacto directo com a sua terra, num espaço que deveria ser de reencontro com a sua verdadeira essência de cidade. O que diriam os franceses se lhes impermeabilizassem a terra batida da Praça Bellecour em Lyon ou o Jardim das Tuilleries, em Paris?
No perímetro, prevê-se ainda reconverter com um desenho "mikado" de pedra vermelha e negra o aumento do lajedo na zona das arcadas para receber mesas e bancos corridos de esplanadas. Uma solução que recorda esteticamente o que se fez nos "paseos maritimos" de Espanha ou em qualquer parque de exposições industriais, cujas lógicas têm fins bem distintos.
Pergunto-me o que é que esta solução tem a ver com a pedra calcária que caracteriza a praça que, se usada simplesmente como prolongamento dos antigos lajedos, não introduzira obstáculos novos à leitura da sua unidade. Artifícios como os propostos seriam quem sabe úteis para uma delimitação de futuras concessões de esplanadas (sobre as quais nada é revelado no projecto). E como tal têm sido abolidos em muitas praças um pouco por toda a Europa. Veja-se a do Montecitorio em Roma, a da Unità d'Italia em Trieste, a Praça do Palais Royal em Bruxelas, a de Reims, a de São Marcos em Veneza. Com corredores para automóveis em granito, que nunca fez parte da lista de materiais usados na Praça do Comércio, consegue-se plasmar para sempre o trauma da invasão dos automóveis iniciado em 1949 com a abertura da Avenida da Ribeira das Naus.
Agora que se prevê um condicionamento de tráfego, poderia ser a ocasião ideal para eliminar a memória recente do asfalto, com calcário da região para reconstituição das vias calcetadas perimetrais de que se tem constância iconográfica.
À lista do muito que não é abertamente explicado à população junta-se o projecto de iluminação ou o mobiliário urbano que se pretende implantar. Componentes fundamentais para julgar da sua viabilidade e do seu resultado final. A Praça do Comércio é muito mais do que uma praça do Parque Expo ou das docas de Lisboa e, como tal, a reconversão do seu valor patrimonial e cultural ao serviço de lógicas baseadas só na animação comercial e social não deveria ser permitida por se tratar de um monumento nacional.
Lisboa arrisca a desmonumentalização da Praça do Comércio, utilizando-a como simples arranjo cenográfico ao serviço de uma lógica consumista de bares, esplanadas e asseptização de espaços onde muito da identidade de cidade está em risco de ser perdida. Da sua relação tradicional com o rio, com a terra, com os materiais da região, com a luz, com a sua história.
Desejava-se com a classificação de monumento nacional alargado à zona da Baixa Pombalina a candidatar a Património Mundial, conseguir garantir a aplicação integrada de uma metodologia história e crítica. Não se sonhava que sobre um monumento nacional a passividade da tutela fosse tão evidente na hora de a cobrir com uma manta e com retalhos vários de métodos e de conteúdos."
Coordenador técnico da candidatura da Baixa Pombalina a Património Mundial entre 2002 e 2006.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

7 ideias para o debate do Terreiro do Paço

in Jornal Público, 04.07.2009

"São sete ideias para o Terreiro do Paço, feitas especialmente a pedido do P2. O objectivo desta iniciativa inédita do jornal é contribuir para o debate público sobre a requalificação da praça principal de Lisboa. Arquitectos, artistas plásticos e um arquitecto paisagista trabalharam intensamente nestas reflexões, que generosamente ofereceram, com a expectativa de conseguirem abrir a discussão para além da polémica que tem rodeado a proposta de Bruno Soares, um projecto
a construir até 2010.

José Pedro Croft, escultor
A intervenção parte das relações espaciais da praça e da sua poderosa relação com o rio. Pretende, de uma forma económica, criar perplexidades, retirando "chão" ao Terreiro e fazer aparecer um duplo da arquitectura preexistente.
1. Partindo de uma fotografia aérea do Terreiro do Paço, como se encontra neste momento (com pequenas correcções), delimitei uma zona para intervir.
2. Mantive os passeios e a zona de calçada como memória do local. Nas restantes áreas, um espelho de água (sem acrescentar muita informação) reflecte e reverbera as relações que já existiam. Estabelece uma relação com o rio, trazendo o elemento água para dentro da praça.
3. Inerente a esta proposta está a impossibilidade de a concretizar, por razões de ordem prática, entre outras, que me são óbvias.


Jorge Estriga, arquitecto
Representação e usufruto
Porta de entrada na cidade. Espaço público de grandes dimensões, envolvido por um conjunto uniforme de edifícios notáveis. Terreiro de troca, paradas militares e recepção de embaixadas. Poder e ordem. Representação e usufruto. O Terreiro do Paço "anteontem".
Hoje, no âmbito do plano de revitalização da Baixa pombalina, qual é o papel que este grande espaço aberto ao estuário do Tejo pode desempenhar? Como é que podemos reduzir a distância física entre as três frentes da praça? Como é que devemos integrar este património monumental (representação) numa estratégia de desenho do espaço público, onde prevaleça o movimento do peão (usufruto) sobre o movimento automóvel?
A proposta de Bruno Soares responde, no essencial, a esta estratégia: a circulação automóvel é radicalmente reduzida nas paralelas ao rio e suprimida nas laterais; os passeios são alargados; e o piso térreo dos edifícios que conformam a praça é ocupado por lojas, galerias, restaurantes, cafés e esplanadas.
Ou seja: uma solução que devolve o espaço público aos peões e que transforma um local de passagem num local de permanência, estabelecendo as bases para o seu pleno usufruto.
No entanto, o espaço é desmesurado. A distância entra fachadas é muito grande e não é um plano "duro", austero e abstracto que vai promover a relação entre os movimentos das três frentes da praça. É necessário amaciar para aproximar.
Proponho um relvado. Um espaço de usufruto e permanência que atenue a tendência inevitável para a autonomia de cada uma das três frentes. Um espaço - que pode ter alguns maciços arbóreos (poucos, baixos e assimétricos) que proporcionem alguma sombra - onde se possa namorar ou apanhar sol, onde as crianças possam correr... Um espaço de encontro que introduza alguma informalidade. Um espaço verde e permeável. Um espaço que absorva a luz, que atraia as pessoas e promova movimentos de aproximação entre as actividades de cada uma das frentes da praça.
Se o plano de revitalização da Baixa pombalina é mesmo a sério e se o objectivo é atrair residentes, famílias, comércio, cultura e gente, então vai ser necessário construir um espaço de descompressão e usufruto que contribua para o bulício que se deseja. Um jardim.
Um jardim que não existe na Baixa, no Chiado nem na Sé.

João Gomes da Silva, arquitecto paisagista
Na Ribeira de Lisboa, o Terreiro do Paço fez-se escavar frente ao rio, na confluência que a cidade fez construir quando se reconstruiu. Praça real, portanto maior que as outras, ergueu edifícios, arco e arcadas, delimitando contra o rio um espaço central, vazio, majestático, hirto e poderoso, delimitando rigorosamente a margem e permitindo pequenas transgressões como o cais com as suas últimas colunas de pedra antes da água extensa.
Sempre a figurei enorme, vazia ou cheia com os seus desfiles coloniais, imperiais, militares, cívicos, festivos ou simplesmente diários, com o castelo flutuando por nascente como um fantasma omnipresente. Por tudo isto, é parte de mim, e certamente de todos os que nasceram e viveram atravessando-a, permanecendo nela, ou simplesmente afrontando o rio sempre extenso a sul.
Sempre a imaginei, porém, de outra forma mais essencial e digna. Atravessada pelos fluxos da cidade (ruas negras de basalto de nascente para poente) e pelos fluxos das ribeiras (de norte para sul), sobre uma superfície clara, quadrangular, alinhada rigorosamente pelo limite externo das ruas Áurea e da Prata.
Uma superfície essencial (da mesma pedra que constrói o resto da cidade), delicadamente trabalhada, modelada numa microtopografia rigorosa, aceitando cuidadosamente as deformações do tempo, as imposições das invisíveis que a atravessam desde tempos iniciais ou mais recentes. Uma superfície clara, abstracta, misteriosa, sulcada por delicadas linhas que substituem as ribeiras que confluíam no rio e que desce suave e imperceptivelmente em direcção ao rio, espraiando-se nele, ora revelando a praia, ora quase transbordando. Ao descer o cais, e passando entre colunas de pedra com inscrições memoriais, observo ainda, na minha memória do futuro, escadas, embasamentos pétreos, talha-mares sob os torreões, e pessoas. Como nas cidades sagradas na Índia distante, as pessoas ocupam no meu sonho a margem, nas suas escadas monumentais, caminham na praia ou na plataforma superior, e, enquanto me afasto lentamente, observo o movimento de pessoas e carros, o recorte monumental contra o castelo, e deslizo, silencioso, em direcção à outra margem.

Praça do Marquês de Pombal, Vila Real de Santo António
Imagem manipulada a partir de Filipe Folque (1856), na qual se reconhece uma superfície única e pétrea, discretamente separada das circulações laterais, que termina nas arcadas laterais. A microtopografia, as discretas caleiras que rasgam a superfície em direcção ao rio e o sistema de infra-estrutura e mobiliário não são perceptíveis a esta escala, tal como não seriam determinantes na imagem real da praça, se fossem construídas.


José Mateus, arquitecto (atelier ARX)
Para mim, é óbvio que o desenho do Terreiro do Paço foi assunto encerrado no tempo da sua construção. Por isso, respondo à questão colocada com uma proposta aparentemente simples e sem desenho. Dito de outra maneira, através de uma intervenção que pretende tocar delicadamente neste conjunto monumental, mas tocar fundo para permitir que o desenho original recupere a sua nitidez, a sua força, o seu dramatismo.
Penso que o Terreiro do Paço devia ser integralmente revestido a lajes de pedra de lioz branco - substituindo pavimentos, estradas e paredes de reboco -, para lhe devolver o sentido perene e sublinhar a expressividade da luz e da sombra, da escala, do ritmo e das subtis diferenças de textura entre pedra antiga e nova. Exactamente como seria o antigo Paço Real ali localizado até à sua destruição pelo terramoto. Para recuperar a praça enquanto espaço colectivo de uma certa solenidade, e para garantir uma mudança profunda da sua atmosfera, não hesitaria em restringir o tráfego aos transportes públicos que cruzariam apenas o seu limite norte.
Retenho as crónicas polémicas e hesitações sobre a apropriação desta praça, o reboco fissurado com cores que mudam ao longo dos tempos - já terá sido ocre, jalde, amarelo, verde, encarnado, cor-de-rosa -, pavimentos diversos onde as ondas da calçada e do asfalto degradado parecem rivalizar. E, sempre, o pesadíssimo tráfego automóvel. Paradoxalmente, é uma das mais radicais obras da Arquitectura portuguesa, onde escala e ritmo foram levados ao limite e foi cumprida a ambição de introduzir unidade, ordem e rigor dimensional (180m x 180m), num espaço urbano anteriormente configurado pelo somatório de intervenções, estilos e tempos que lhe conferiam um carácter irregular e contraditório, estranho para a mentalidade iluminista.
Com uma intervenção desta simplicidade, penso que é possível recuperar o essencial desse gesto radical e refundador que gravuras antigas nos revelam como praça extraordinariamente unitária, de pavimento único, disponível para a população. Um terreiro pétreo entendido como espaço onde tudo pode acontecer, um vazio de pedra e luz.

Pedro Gadanho, arquitecto
Pensar o Terreiro do Paço é indissociável de pensar a Baixa pombalina como um todo.
Proponho apenas duas intervenções lineares que associam a recriação arborizada da Praça do Comércio à reestruturação das ruas da Prata e do Ouro através de dois parques de estacionamento lineares subterrâneos.
Estes parques constituem um dos grandes desafios de Engenharia da Lisboa de amanhã, mas permitem a reutilização intensiva da Baixa. Resolvem tanto o problema de estacionamento de habitantes,
comerciantes e visitantes, como a manutenção e o reforço das estruturas dos edifícios contíguos. Com entradas de carros pelos extremos das ruas e saídas de peões ao longo das mesmas, os parques lineares permitem que os novos utentes da Baixa estacionem perto do seu "quarteirão".
O Terreiro do Paço é delimitado por duas alamedas de árvores de folha caduca que prolongam naturalmente as referidas ruas - as únicas onde se manteria o atravessamento automóvel da Baixa no seu sentido longitudinal.
Criam-se assim dois espaços de utilização simbólica diferenciada na Praça do Comércio. A placa central abarca o conjunto adjacente de edifícios e retém a monumentalidade ligada ao arco triunfal da Rua Augusta. As áreas laterais, sombreadas e de escala mais humana, permitem o usufruto de esplanadas e outras actividades locais, lúdicas e turísticas. Os Boulevards assumem-se como eixos infra-estruturados com oferta de novos equipamentos urbanos: parques de bicicletas, quiosques, cabinas multimédia, acessos de parques, etc. É a vida devolvida à praça de referência de Lisboa.
30 anos é o tempo médio de discussão pública que um país como a Holanda dedica aos seus grandes projectos.


Carlos Nogueira, artista plástico
Proponho que seja absolutamente abolida a circulação de carros,
motos e bicicletas nas vias que
envolvem a Praça do Comércio.
e que se plantem muitos postes
com luzes para os dias de nevoeiro.

Proponho que se repavimente toda a praça numa cota nivelada pelo chão das arcadas de modo que, em caso de inundação, se possa passear de barco.

Proponho que se retire a portuguesa estátua equestre e se coloque no centro geométrico da praça uma escultura encomendada propositadamente a um artista internacional, segundo o critério e escolha de um crítico internacional.
P.S. A propósito, B.V. disse-me uma vez que "o humor é a boa educação do desespero".


Bruno Chialastri, Cecila Fossati, Chiara Cavalieri, Cristian D'Elia, Ester Stigliano, Filipe Cardoso, Georgina Mónica Lalli, Laura Barbarito, Mafalda Neuparth Sob orientação de Manuel Graça Dias + Egas José Vieira, com Ricardo Silva Carvalho, arquitectos
Esta proposta foi feita por um grupo de estudantes italianos e portugueses, sob a orientação de Manuel Graça Dias + Egas José Vieira (com Ricardo Silva Carvalho), durante um seminário na Universidade Autónoma de Lisboa.
No curto espaço do workshop, concentrámo-nos num único ponto de contacto de Lisboa com o rio, imaginando uma intervenção infra-estrutural suficientemente forte que pudesse vir a induzir relações e usos novos e diferentes conceitos para esse lugar da cidade.
Perante as mais recentes propostas de reanimação da Baixa pombalina, tem sobressaído a ideia da necessidade de corte de trânsito no eixo marginal, frente ao Terreiro do Paço, de modo a ultrapassar o incómodo viário na principal praça do país.
As várias soluções, contudo, limitam-se a propor a transferência desses fluxos para montante, para uma chamada "circular das colinas", reservando à Baixa uma utilização e um desfrute já só quase pedonal e turístico.
Propomos, com a nossa solução, conciliar a continuação da passagem viária pela zona com a diminuição da pressão automóvel no Terreiro do Paço: um viaduto ligeiro, paisagístico, doce, em curva suave, afasta-se da margem, surgindo da água a partir de dois túneis que, no Cais do Sodré e na Estação Sul-Sueste, mergulham misteriosamente o tráfego urbano no leito do rio.
A visão extraordinariamente poética é simultaneamente surreal e tecnológica: os carros saem e entram na água cumprindo um arco (de luz, à noite, e de cores e brilhos, durante do dia) ordenado com o desenho matemático da Baixa, com a visão proposta pela abertura do Terreiro do Paço sobre o Tejo, permitindo a manutenção do tráfego fluvial, cacilheiros e outros pequenos barcos em tracejado nervoso por sobre a água que cobre o túnel ou sob o viaduto em ponte.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Autor do projecto para o Terreiro do Paço acolheu grande parte das críticas, mas mantém alguns aspectos polémicos


in Jornal Público 25.06.2009, por Inês Boaventura
"O corredor em pedra a ligar o arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas desapareceu, os losangos da placa central foram esbatidos, a estátua de D. José passou a assentar num círculo em vez de um losango e o Cais das Colunas não vai ser transformado numa plataforma circular. O estudo prévio para o projecto do arquitecto Bruno Soares para o Terreiro do Paço acolheu, segundo disse hoje o próprio, “grande parte das críticas” que foram feitas por cidadãos, técnicos e órgãos de administração, e tem a “concordância” do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar).

Em conferência de imprensa, o arquitecto admitiu que a versão preliminar do projecto era “criticável” e tinha aspectos que “claramente tinham que ser revistos”, salientando que “obviamente, um projecto não resulta de um somatório de opiniões”, sendo necessário fazer “um balanço e valoração dos vários contributos”.

Já o presidente da sociedade Frente Tejo refutou as críticas que têm sido feitas pela inexistência de um concurso público para escolher o autor do projecto e pela falta de um debate público, afirmando que houve “uma auscultação ampla”, da qual resultaram “contributos muito relevantes e importantes”. “Consideramos estar a cumprir os princípios da participação e da transparência”, concluiu Biencard Cruz.

Quanto ao facto de a versão preliminar ter sido chumbada pelo Igespar, pelo impacto visual, arrumação da placa central e enquadramento da estátua, o presidente da sociedade garantiu, em declarações aos jornalistas à margem da conferência de imprensa, que o projecto revisto tinha tido “parecer favorável sem condicionantes”. Horas mais tarde, a assessora de imprensa da Frente Tejo corrigiu esta informação, afirmando que afinal “o projecto ainda não foi formalmente aprovado pelo Igespar, porque esta versão não foi ainda submetida oficialmente para o efeito”, existindo apenas “acordo de princípios”.

Os losangos
Acolhendo aquela que foi uma das maiores críticas ao desenho inicial, Bruno Soares manteve os losangos no chão da placa central, mas decidiu optar por “uma proximidade de cores e tons muito grande”. Tanto a base como as linhas diagonais que nela vão ser traçadas serão em lioz, mas enquanto a primeira será numa pedra fina e granulada para manter a imagem do antigo terreiro, as linhas serão de pedra lisa.

“Não vamos determinar como se usa a praça através do chão”, garante o arquitecto, explicando que insistiu nos losangos para “dar a perceber que é uma grande praça, não um espaço estático e fechado”. O também muito contestado corredor em pedra a unir a Rua Augusta ao Cais das Colunas desapareceu e a estátua de D. José deixou de assentar num losango, opção que Bruno Soares admite ter sido “um erro”.

Na nova versão do estudo, a estátua será “bordejada por uma faixa de pedra” e continuará a estar sobreelevada, a uma altura que num dos lados atingirá os 30 centímetros. Também a polémica sobreelevação da placa central do Terreiro do Paço em relação ao Cais das Colunas se vai manter, apesar de os cinco degraus inicialmente previstos serem agora transformados em dois degraus seguidos de um patamar e mais dois degraus, o que na opinião do arquitecto torna a aproximação “mais suave”.

Aqui, a grande diferença é que o Cais das Colunas, que o arquitecto considera ser o elemento “mais importante” da praça e aquele que a “diferencia de qualquer outra praça real”, não será transformado numa plataforma circular. Bruno Soares explica que a insistência nos contestados degraus, que serão ladeados por “duas rampas muito suaves”, “não é para dificultar a circulação, é para as pessoas terem a percepção de que é uma situação diferente”.

As esplanadas
Já os passeios nas laterais, que vão ser alargados e receberão esplanadas, continuarão a ter “um padrão das cartas de marear do século XVI”, num material ainda a definir, mas que se prevê que seja atravessado por linhas vermelhas e pretas. O passeio junto à Avenida Ribeira das Naus que, com a introdução do novo modelo de circulação automóvel, passou a ter duas faixas em calçada de granito, será em calçada à portuguesa.

O que também se mantém, apesar de ter gerado contestação, é o desnível entre o centro da praça e uma das laterais do Terreiro do Paço, onde, segundo Bruno Soares, haverá um lancil com 15 centímetros e dois socalcos com 25 cm cada, para “revelar o acontecimento histórico” que foi o abatimento do torreão poente.

As árvores
Já a possibilidade de plantar árvores na praça, onde estas chegaram a existir nos séculos XIX e XX, foi rejeitada pelo arquitecto, por considerar que iriam “segmentar o espaço” e contribuir para se “perder a sua dimensão”. Além disso, explicou, a vizinha Avenida Ribeira das Naus vai ser arborizada, pelo que não fazia sentido “deturpar a Praça do Comércio nem pô-la a concorrer com outros espaços”.
O autor do estudo para o projecto de requalificação, que se pretende esteja concluída a tempo da comemoração do centenário da implantação da República, em Outubro de 2010, quer que esta passe a ser uma praça utilizada no Verão e no Inverno, de dia e de noite, no quotidiano e em festas e outros acontecimentos. Para tal vão ser desenvolvidos projectos específicos de iluminação e de mobiliário urbano, que contemplará palcos, instalações temporárias, apoios para exposições, mercados e esplanadas.

Bruno Soares diz que a alteração já introduzida pela Câmara na circulação automóvel, que estiveram na origem de uma providência cautelar interposta pelo Automóvel Clube de Portugal, “é fundamental, é essencial para sustentar esta remodelação”. Igualmente importantes, acrescentou, são os projectos de reutilização dos edifícios da praça (e de toda a Baixa) e e recuperação das suas fachadas.

A praça “bateu no fundo”
No sábado, a sociedade Frente Tejo promove, às 15h30, uma “sessão de debate e esclarecimento” do projecto, no átrio do Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço. Numa iniciativa que deverá contar com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Bruno Soares irá apresentar as suas propostas, agora revistas, para dar uma nova vida à praça que, afirma, “bateu no fundo”.

Para o arquitecto, o maior desafio foi perceber “como é que actualmente se consegue criar condições para reintegrar este espaço na vida de cidade”, sendo certo que a sua intenção não é transformá-lo “numa sala de estar de Lisboa”, papel que acredita estar reservado ao Rossio. O Terreiro do Paço, diz, deve afirmar-se sim como “a grande centralidade cultural da Área Metropolitana de Lisboa”, “articulada com o grande centro comercial que é a Baixa”.

As obras de requalificação deverão arrancar em Agosto."

Fonte e imagem:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388675

Novas imagens da requalificação do Terreiro do Paço

Para ver as imagens, do projecto do Arq. Bruno Soares, clicar na ligação abaixo:
http://static.publico.clix.pt/docs/local/novasimagensterreiropaco/

Petição por um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço:
http://www.gopetition.com/online/28118.html

Arranjo do espaço público do Terreiro do Paço começa no final de Agosto

in Jornal Público, 17.06.2009, por Inês Boaventura

"O presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou ontem, à margem da sessão da assembleia municipal, que "o arranjo do espaço público" do Terreiro do Paço deverá arrancar "no final de Agosto". António Costa garantiu que tal só acontecerá depois de a autarquia aprovar o projecto do arquitecto Bruno Soares, que será apresentado no dia 26, no Fórum Lisboa, numa sessão com lugar a "debate público".
Já o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, afirmou que, ao contrário do que já foi defendido pela presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, a remodelação da praça "não obriga a um plano de pormenor", por se tratar de uma intervenção num espaço público de uma zona histórica. Também para a "pedonalização da Rua Augusta", lembra Manuel Salgado, não foi necessário tal procedimento."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

A Frente Tejo "tudo decide" com a "conivência" de Costa, acusa o PSD

in Jornal Público, 16.06.2009, por Inês Boaventura

"A assembleia municipal deve aprovar hoje uma proposta condenando o projecto
para o Terreiro do Paço e o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara.

A Assembleia Municipal de Lisboa deverá aprovar hoje uma proposta dos deputados do PSD condenando o projecto de remodelação do Terreiro do Paço, bem como a actuação da sociedade Frente Tejo, que o partido acusa de funcionar como "uma super estrutura que tudo pode e tudo decide sobre a cidade, à revelia dos órgãos autárquicos, mas com a complacência e conivência da Câmara Municipal de Lisboa".
Na proposta diz-se que o projecto, do arquitecto Bruno Soares, "vem criar barreiras artificiais à circulação dos peões, fragmentando a unidade da praça enquanto espaço único e amplo", pelo que terá um "impacto negativo" numa praça que "há mais de dez anos, por força da incúria de diversos responsáveis governamentais e autárquicos do Partido Socialista, vem estando vedada aos lisboetas, com obras sucessivas, desarticuladas e descoordenadas".
O presidente da bancada do PSD diz que se trata de um processo "cheio de zonas cinzentas", que levanta "questões de natureza jurídica, política e urbanística". Saldanha Serra considera ainda "preocupante" o "cavalgar da sociedade Frente Tejo sobre a cidade de Lisboa" e lamenta o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara.
Na proposta que deverá ser votada hoje, os deputados sociais-democratas, que estão em maioria na assembleia municipal, lembram a proximidade das eleições autárquicas, facto que em seu entender devia levar António Costa a ter "maior prudência", "abstendo-se de forçar a aprovação de medidas que não reúnam consenso alargado". "Não se pode permitir que se vá condicionar desta maneira a cidade e o futuro executivo", conclui Saldanha Serra, que recusa aceitar que o projecto de Bruno Soares avance "nas costas dos lisboetas, sem que o órgão fiscalizador da actividade municipal se pronuncie".
Em declarações anteriores, a presidente da assembleia municipal tinha dito que este órgão iria apreciar e debater o estudo prévio já aprovado pela Câmara de Lisboa, apesar de não ter sido chamada por António Costa a fazê-lo, por entender que "a configuração da principal praça do país e das zonas adjacentes não é matéria que lhe possa ser subtraída". Na ocasião, Paula Teixeira da Cruz defendeu que a remodelação do Terreiro do Paço viola a lei, por não ter sido precedida de um plano de pormenor ou de urbanização. Alguns dos contestatários alegam que a obra carece de licenciamento pela câmara e não apenas de um parecer favorável. É isto que invocam o vereador Carmona Rodrigues - ausente da reunião camarária durante a votação do estudo prévio (e cujo voto desfavorável teria levado ao seu chumbo) - e o Automóvel Club de Portugal, que interpôs uma providência cautelar para travar o processo."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Terreiro do Paço não está a correr a António Costa como pretenderia


in Jornal Público, 14.06.2009, por Ana Henriques

"Mesmo não lhe sendo, segundo os especialistas, fatal em termos eleitorais, presidente da câmara vai ter de gerir com pinças remodelação da praça
Não sendo uma obra sua, é das que mais transtornos lhe têm trazido desde que tomou posse - só comparável aos dissabores que lhe causou o alargamento do terminal de contentores de Alcântara, outra decisão do Governo com repercussões pouco simpáticas na imagem da actual gestão da Câmara de Lisboa. A escassos quatro meses das eleições autárquicas, a remodelação do Terreiro do Paço converteu-se de trunfo eleitoral de António Costa em assunto incómodo, por via da onda crescente de contestação ao projecto.
Os losangos desenhados pelo arquitecto Bruno Soares para o pavimento da praça central são um dos motivos da discórdia. Outro relaciona-se com a sua sobreelevação no lado virado ao Tejo. O arquitecto pretende que a placa central fique num plano mais elevado do que o Cais das Colunas, ao qual se acederia depois de se descer do centro da praça por degraus ou rampas. O facto de Bruno Soares ter sido nomeado, e não escolhido por concurso, é outro motivo de protesto. As objecções ao projecto têm sido transversais, dos serviços camarários ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, passando por personalidades como a directora do Museu dos Coches, José Miguel Júdice ou Maria Filomena Mónica. Foram também vários os reparos feitos pela comissão de especialistas encarregue de acompanhar o trabalho de Bruno Soares - que se remeteu ao silêncio nas últimas semanas para reformular o projecto, em fase de estudo prévio.
Na blogosfera e no abaixo-assinado on-line pedindo a abertura de uma discussão pública sobre o futuro da Praça do Comércio, multiplicam-se as críticas não só ao Governo, que está a promover esta e outras obras à beira-rio através da sociedade de capitais públicos Frente Tejo, como à própria autarquia - apesar de, do ponto de vista formal, o papel desta última ser menor no empreendimento, pois trata-se de uma obra do Estado. A recente apreciação do projecto pela câmara - um procedimento aparentemente inútil, uma vez que as obras da administração central não precisam de licenciamento municipal - veio acentuar o equívoco, com António Costa a ter de exercer o seu voto de qualidade para desempatar uma votação que por pouco não redundou num "não" do executivo camarário aos planos de Bruno Soares.

Santana aproveita
No PSD, há já quem comente em surdina que a Praça do Comércio pode ser para o presidente da câmara aquilo que o projecto do elevador para o Castelo de S. Jorge foi para João Soares - um episódio que parecia menor mas que, numa disputa eleitoral taco-a-taco, terá ajudado a comprometer a vitória do socialista nas autárquicas de 2001. Quis o destino que quem roubou nessa altura o município a João Soares seja o mesmo adversário que António Costa vai ter pela frente em Outubro: Santana Lopes, que, tendo percebido a vantagem que lhe pode dar o descontentamento com o Terreiro do Paço, investiu no tema, tendo acusado a câmara de se estar a vergar ao Governo.
Será, de facto, esta uma questão que pode deitar a perder António Costa, numa cidade em que, nas eleições europeias, o PS superou o PSD por menos de um ponto percentual? A acreditar em alguns especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, o autarca não corre esse risco. "O Terreiro do Paço não é susceptível de ser fatal a António Costa", opina o politólogo António Costa Pinto. Essa é também a opinião do sociólogo Villaverde Cabral: "O assunto não tem relevância eleitoral suficiente. É uma querela das elites artístico-intelectuais".

Em banho-maria?
"Para António Costa, a questão surge na pior altura", admite, por seu turno, o politólogo André Freire. Villaverde Cabral considera que aquilo que pode ser mortal para António Costa é a divisão da esquerda. "Apostava que o Terreiro do Paço vai ficar paralisado até às próximas eleições", acrescenta. Também para Costa Pinto a política de alianças que o presidente da câmara conseguir, ou não, estabelecer com outras forças políticas para ir a votos será um dos múltiplos factores mais importantes do que este tipo de episódio. Ainda assim, neste contexto, António Costa só tem a ganhar em "afirmar-se como presidente da câmara", demarcando-se do Governo, observa. "Esta contaminação entre poder local e administração central pode não lhe ser favorável". Os três analistas são unânimes em considerar que o arquitecto devia ter sido escolhido por concurso público."



"Incómodo tem sido gerido com silêncio
O PÚBLICO pediu aos candidatos à câmara um comentário sobre a remodelação do Terreiro do Paço. O único que se remeteu ao silêncio foi António Costa, que alegou que (ainda) não é candidato - apesar de ter assumido a recandidatura há longos meses. Numa recente visita às obras da praça, recusou-se a falar sobre os aspectos mais polémicos do projecto - "questões estéticas" -, sublinhando que se deve respeitar o critério do autor. Garantiu, mesmo assim, que Bruno Soares já alterou o que suscitou maior crítica. Também não falou sobre as ilegalidades processuais apontadas pela presidente da assembleia municipal."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1386551
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/88/frente-ribeirinha-da-baixa-pombalina.htm

Porquê escolher o arquitecto Bruno Soares?

in Jornal Público, por Ana Henriques
14.06.2009

"Ter o Terreiro do Paço remodelado a tempo das comemorações do centenário da implantação da República, em Outubro de 2010, tem sido o principal argumento usado para a dispensa do concurso público para a escolha do arquitecto responsável pelo projecto. Mas porquê Bruno Soares, que é acima de tudo um especialista em planeamento urbanístico?
Foi o advogado José Miguel Júdice quem, quando dirigia a Sociedade Frente Tejo - entidade de capitais públicos encarregue da reabilitação de alguns troços da zona ribeirinha de Lisboa -, o convidou. Evitou assim as delongas que um concurso público internacional implicaria e/ou os custos acrescidos motivados por obras que, arrancando mais tarde, teriam de ser concluídas em prazos--recorde. "O facto de a criatividade contemporânea não ser manifestamente essencial" foi outro argumento que invocou para a dispensa do concurso. E depois Bruno Soares já trabalhava desde 2006 para a Parque Expo, na realização de estudos urbanísticos para a zona entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, prossegue o advogado. A Parque Expo confirma que os seus técnicos se socorreram de Bruno Soares, até porque o primeiro já havia assessorado a administração portuária na zona ribeirinha da Baixa.
Amigo do vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado, Bruno Soares, de 68 anos, foi autor de vários planos directores municipais país fora, incluindo o de Lisboa, em vigor desde 1994. Fundou, em 1984, a revista Sociedade e Território, juntamente com Fonseca Ferreira, que se tornou já depois disso presidente da Comissão de Coordenação Regional (actual CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo.
Mas se nada neste currículo o tornaria uma escolha assim tão óbvia para a Praça do Comércio, o facto de Bruno Soares não ter, enquanto arquitecto, uma marca de autor demasiado vincada, foi para Júdice - que defendia para o local uma obra o mais possível de restauro - um factor de confiança acrescido. "Se fosse um arquitecto com o ego do tamanho de uma casa, nunca o teria escolhido", sublinha. Só que, numa das poucas entrevistas que deu até hoje sobre o assunto, Bruno Soares assume uma posição diametralmente oposta. "Não há nada para restaurar. Na época pombalina não havia desenho algum, era um terreiro, ponto final. A não ser que queiram restaurar o desenho do Estado Novo", disse ao jornal i. Não foram tornados públicos os honorários de Bruno Soares. O PÚBLICO tentou obter esses dados junto da Sociedade Frente Tejo, mas não foi possível."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Projecto para o Terreiro do Paço "desvirtua conceito de praça barroca"

in Jornal Público, 05.06.2009
Por Ana Henriques

"A directora do Museu dos Coches, Silvana Bessone, entende que o projecto de reformulação do Terreiro do Paço "desvirtua o conceito de praça barroca" que presidiu à criação da Praça do Comércio após o terramoto de 1755.
"Achei o desenho horrível e como historiadora de arte fiquei impressionada", diz Silvana Bessone, que assinou ontem a petição online a exigir a abertura de uma discussão pública sobre o futuro da principal praça do país. Uma pretensão que não é bem acolhida pela Sociedade Frente Tejo, entidade de capitais exclusivamente públicos criada pelo Governo para reabilitar este e outros troços da zona ribeirinha de Lisboa. "Pela lei não somos obrigados a fazê-lo, uma vez que se trata de um projecto e não de um plano. Mesmo assim, abrimos um processo de participação pública nesta fase inicial do projecto, que é a do estudo prévio", refere a porta-voz da sociedade, Maria João Rocha.
A directora do Museu dos Coches explica que a Praça do Comércio "foi feita de propósito para ali fazer passar os grandes cortejos do fausto barroco [com carruagens puxadas por cavalos], que davam voltas em redor da placa central e subiam depois pela Rua da Prata ou pela Rua do Ouro". Por isso, "transformar aquilo novamente num terreiro", o Terreiro do Paço que ali existia antes do terramoto, "não faz sentido". Da mesma forma, o corredor de pedra que o projecto prevê que venha a ligar o arco da Rua Augusta ao Cais das Colunas "é um disparate", tal como a anunciada valorização da estátua de D. José com alguns degraus em seu redor.
Silvana Bessone faz um apelo: que antes de ser tomada qualquer decisão precipitada o assunto seja discutido não apenas pelos cidadãos como por um painel de especialistas - historiadores de arte, arquitectos, urbanistas, olisipógrafos - que possa indicar um rumo a seguir na reabilitação da praça. De facto, existe um painel de especialistas que já transmitiu ao autor do projecto, o arquitecto Bruno Soares, as suas impressões sobre o seu trabalho. E o PÚBLICO sabe que levantaram várias objecções. "Não vamos revelar publicamente o conteúdo deste debate interno com os especialistas, senão ele deixaria de ser produtivo", diz a porta-voz da Sociedade Frente Tejo. Objecções ao projecto levantaram igualmente vários serviços camarários. Num parecer que emitiu sobre o assunto, o director municipal de Conservação e Reabilitação Urbana, Catarino Tavares, entende que a sobriedade e a simplicidade da imagem pombalina dificilmente se coadunam com a variedade de materiais e de cores que Bruno Soares previa inicialmente que fossem usados no pavimento - "lioz, basalto, calcário, vermelho e amarelo, granito, saibro e mármore verde". Este será um dos aspectos que o arquitecto estará a reformular até ao próximo dia 26 (ver outro texto).
"Deverá meditar-se sobre os materiais a aplicar e as soluções propostas para os desníveis [previstos para o pavimento] junto do torreão poente", conclui o responsável camarário, que elogia a prioridade que o projecto confere aos peões, "não incluindo qualquer obstáculo" à sua circulação."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Sem Terreiro nem Paço

in Jornal Público
02.06.2009, Margarida Saavedra

"Há perdas que são colectivas: quando um denominador comum desaparece ou, mercê de diversas circunstâncias, se transfigura, todos ficamos mais pobres. Quando essas circunstâncias se devem a factores externos (um terramoto, um bombardeamento, etc) mesmo as sociedades mais diversificadas são capazes de concentrar esforços para a sua recuperação. Quando se devem a acções deliberadas, torna-se imperativo que a mudança traduza o resultado do envolvimento comum pois, se assim não for, o património que era de todos corre o risco de se transformar no instrumento de alguns e, portanto, no símbolo dum regime autocrático totalmente insuportável para uma sociedade democrática: é uma perda que ultrapassa largamente o valor do objecto em si porque transporta no seu seio o estigma duma violentação.
A simbologia da coisa comum está para além do valor intrínseco do objecto porque guarda a memória de um povo e, muitas vezes, é a tradução visual da sua identidade.
O Terreiro do Paço, mais do que o símbolo do marquês de Pombal, mais do que o símbolo de Lisboa é, muitas vezes, a imagem que se "cola" a Portugal: é, digamos, um dos seus logótipos. De tal modo que inúmeras tentativas para o modificar, infindáveis projectos para o alterar, chocaram na barreira sagrada da nossa afectividade. Nem a República, crismando-o como Praça do Comércio, rectificando a toponímia em todos os documentos oficiais, conseguiu que, quase cem anos volvidos, deixássemos de lhe chamar Terreiro do Paço. O facto de ser considerado genial como praça tornou-o um dogma.
Para a comemoração dos cem anos da República, o Terreiro do Paço é incontornável: uma vez mais, o nosso mundo afectivo ligou o alarme perante a iminência duma blasfémia.
A polémica aí está: se uns há que têm a humildade de reconhecer que apenas se poderá defender uma intervenção minimalista, outros não resistirão à arrogância de aí deixar a impressão digital como se se tratasse dum passeio da fama.
Mas algo de mais profundo se esconde no fumo desta polémica: ninguém perguntou aos portugueses se queriam ver o Terreiro do Paço retalhado por escadarias de mármore; ninguém perguntou aos portugueses se queriam ver o Terreiro do Paço seccionado por losangos; ninguém perguntou aos portugueses se queriam um pavimento multicolor que se imponha às arcadas; ninguém perguntou aos portugueses o que queriam fazer do Terreiro do Paço.
Para celebrar o centenário de uma república com cidadãos de pleno direito, a câmara, da confiança do Governo, conluiada com o Governo de confiança da câmara, entrega as obras do Terreiro do Paço à Parque Expo, da sua confiança, que por sua vez as entrega a um atelier da sua confiança, para executar um projecto de confiança.
Sem participação pública, sem concursos públicos; sem discussões públicas; SEM DEMOCRACIA
O presidente da câmara, com o seu voto de desempate, quis calar as vozes discordantes. O que quer que venha a ser feito no Terreiro do Paço vai transformá-lo de palco da nossa estima, no estigma da nossa violentação."
Vereadora do PSD na Câmara Municipal de Lisboa

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Júdice, Filomena Mónica e Helena Roseta assinam petição pela Praça do Comércio

in Jornal Público
02.06.2009, Ana Henriques
Figuras de diferentes quadrantes defendem debate público sobre remodelação do Terreiro do Paço

"O ex-presidente da Sociedade Frente Tejo, José Miguel Júdice, é uma das figuras que assinou a petição on-line que exige a abertura de um debate público sobre a remodelação da Praça do Comércio.
"O urbanismo, numa sociedade democrática, tem de se basear na auscultação dos cidadãos antes das decisões, sobretudo no caso do Terreiro do Paço", escreveu o advogado no espaço reservado aos comentários. Lançada no final da passada semana pelo movimento cívico Forum Cidadania, a petição contava até ao final da tarde de ontem com 472 assinaturas, entre as quais as da socióloga Maria Filomena Mónica e a da arquitecta e vereadora independente Helena Roseta. "O processo, a meu ver, está inquinado de raiz", comenta a autarca. "Votei contra o estudo prévio do Terreiro do Paço por não ter havido nem concurso, nem consulta pública."
O arquitecto Nuno Leónidas é outro dos nomes que surge no abaixo-assinado. O advogado e dirigente do MRPP Garcia Pereira também assinou, tal como o líder da bancada social-democrata da Assembleia Municipal de Lisboa, Saldanha Serra. Nomeado pelo presidente da câmara como um dos comissários da carta estratégica da cidade, o investigador do Instituto de Ciências Sociais João Seixas subscreveu igualmente a petição.
O facto de a escolha do arquitecto Bruno Soares para remodelar o Terreiro do Paço não ter sido alvo de qualquer concurso público tem sido uma das questões que mais contestação tem merecido neste processo. Quanto ao projecto propriamente dito, o alargamento significativo dos passeios e a redução do trânsito na Praça do Comércio tem sido elogiada, mas o mesmo não acontece com algumas das opções de Bruno Soares - como o desenho de losangos no pavimento da placa central da praça, ou a sua sobreeelevação na zona mais próxima do rio.
A divisão de estudos e projectos da autarquia criticou a diversidade de formas e de materiais a empregar no pavimento do Terreiro do Paço. "Dada a força, majestade e monumentalidade que a praça só por si já possui, a intervenção (...) dever-se-á traduzir numa operação de depuração, que, de forma respeitadora, promova a unidade do espaço", defenderam as técnicas que elaboraram um parecer sobre a matéria. A posição foi subscrita pelos seus superiores hierárquicos. Entretanto, Bruno Soares comprometeu-se a rever alguns aspectos do seu projecto."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Petição:
http://www.gopetition.com/online/28118.html

Haja respeito pelo Terreiro do Paço, pedem técnicas da CML

30.05.2009, in Jornal Público

"O projecto de remodelação do Terreiro do Paço foi alvo de várias críticas por parte das técnicas da divisão de estudos e projectos da Câmara de Lisboa encarregues de o analisar.
Num parecer datado de meados deste mês, as técnicas afirmam que os padrões desenhados para a placa central - losangos - e para os passeios laterais - aqui linhas inspiradas nas antigas cartas de marear - são excessivos, tal como a diversidade de materiais previstos para o pavimento. "Dada a força, majestade e monumentalidade que a praça só por si já possui, uma intervenção num espaço (...) como o presente dever-se-á traduzir essencialmente numa operação de depuração que, de forma respeitadora, promova a unidade do espaço, as relações visuais e a sua plena utilização", defendem no documento a arquitecta paisagista Fátima Leitão e a arquitecta designer Susana Figueiredo.
O novo esquema de circulação rodoviária é o único ponto do projecto que merece uma apreciação favorável, pela prioridade aos peões que confere, através da redução do tráfego na Praça do Comércio e do significativo alargamento dos passeios, obtido à custa do estreitamento ou da supressão das faixas de rodagem. E se os desenhos dos pavimentos "não promovem a unidade do espaço", a sobreelevação da placa central no lado virado ao Tejo também não colhe a simpatia das técnicas camarárias. "O desnível (...) entre a placa central e o percurso ribeirinho, com consequentes problemas de acessibilidade e segurança, obriga, para além da existência da barreira visual, à introdução de elementos de contenção [estruturas tipo corrimões]. Esta opção considera-se contraditória com o princípio de melhorar a relação da praça com o rio". Para as técnicas, nem a escadaria nem as rampas desenhadas para esta zona da praça pelo arquitecto encarregue da remodelação da praça, Bruno Soares, se justificam, o mesmo sucedendo com o corredor de pedra entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas. Dividindo a praça ao meio, longitudinalmente, na zona de losangos da placa central, "cria um efeito de ziguezague (...) que irá ter um impacte visual muito forte e negativo face à ortogonalidade da praça".
Já depois de este parecer ter sido emitido, e perante a convergência de críticas relativamente a alguns aspectos do seu trabalho, Bruno Soares comprometeu-se a fazer algumas alterações ao projecto."
A.H.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Petição: Urge um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço


"Considerando a aprovação em reunião pública da CML, de 27.05.2009, do “Estudo Prévio do Terreiro do Paço”, sem que até ao momento quem de direito (CML e Governo) tenha promovido o indispensável período de debate que um projecto de espaço público desta envergadura exige (por se tratar de um projecto comprovadamente intrusivo, ex. introdução de novos materiais, desenhos e soluções arquitectónicas), facto que é agravado por se tratar do Terreiro do Paço;

E considerando que decorrem a bom ritmo as obras de preparação para a execução do Estudo Prévio agora aprovado, tornando o mesmo irreversível;

Os abaixo-assinados solicitam à CML e ao Governo que procedam, quanto antes, à abertura de um período de discussão pública antes de se iniciar o projecto de execução ou (pelo menos) antes do concurso ser lançado."

Petição e Fonte:
http://www.gopetition.com/online/28118.html
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/

"Projecto de remodelação do Terreiro do Paço não convence arquitectos"


in Jornal Público
28.05.2009 - Ana Henriques
"Não foi uma noite fácil aquela que o autor do projecto de remodelação do Terreiro do Paço viveu na terça-feira na Ordem dos Arquitectos. A apresentação do seu trabalho foi brindada com uma chuva de críticas por parte dos seus pares, que não gostaram nem dos losangos que desenhou para a placa central nem dos degraus que ele quer fazer a separá-la do rio.

Nem os 68 anos de Bruno Soares impediram a truculência de alguns dos arquitectos presentes nesta sessão destinada a discutir o seu trabalho. “Há um certo atrevimento em criar losangos ou degrauzinhos numa praça com a transcendência desta”, observou Carrilho da Graça. Quanto às linhas se prevê que venham a ornamentar os passeios junto às arcadas, inspiradas nas antigas cartas de marear, lembram a Carrilho da Graça “os tempos do fascismo e a exposição do mundo português”. Foram poucos os elogios que se ouviram ao projecto, à excepção da intenção de reduzir o tráfego automóvel.

Já confrontado com os mesmos reparos noutras ocasiões, Bruno Soares admite esbater os losangos no desenho da placa central, mas insiste nos degraus e na rampa do seu lado sul, de forma a que quem se aproxima do rio fique num plano sobreelevado em relação ao Tejo antes de atravessar a estrada que liga a placa central ao Cais das Colunas. É também para esta zona do Terreiro do Paço, entre o torreão poente e o Cais das Colunas, que está prevista uma rampa, de modo a permitir o acesso de deficientes. Mas os desníveis na praça hoje plana não ficam por aqui. Depois de ter percebido que a parte poente das arcadas está afundada porque o edifício abateu ainda durante a sua construção, feita após o terramoto de 1755, Bruno Soares resolveu realçar esse desnível, hoje invisível a olho nu, instalando uns degraus no passeio que corre junto às arcadas, antes do torreão. O projecto prevê ainda alguns degraus em redor da estátua de D. José, para salientar a sua importância. “Vou rever o desenho dos degraus”, prometeu Bruno Soares depois de terminado o debate.

Igualmente pouco apreciado foi o corredor em pedra a marcar o percurso entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas. “As pessoas não precisam de uma seta” para chegar ao rio, disse Carrilho da Graça. Michel Toussaint concordou: “Não precisamos que nos dirijam os passos”. Por esta altura já Bruno Soares admitia que talvez não fosse absolutamente necessário marcar este eixo no pavimento, que iria dividir a praça a meio, longitudinalmente. Também presente no debate, o historiador Rui Tavares alvitrou um eventual regresso ao Terreiro do Paço das árvores que um dia já houve ali: “Não há razões históricas para a sua exclusão definitiva”.

O facto de Bruno Soares ter sido escolhido pelo Estado, via Sociedade Frente Tejo, para remodelar o Terreiro do Paço, sem qualquer espécie de concurso público, foi um facto que não passou despercebido aos seus pares. Afinal, qual seria o arquitecto que não gostaria de ter uma oportunidade destas? O caso complica-se por já ter havido uma dupla de arquitectos a quem, nos anos 90, foi encomendada e paga a reformulação da praça, sem que o trabalho alguma vez tivesse saído do papel. Estavam presentes no debate – e também não gostaram das soluções de Bruno Soares para o local.

“Estamos a construir Portugal ao ritmo das festas”, observou outro arquitecto, Luís Afonso, numa referência à pressa de remodelar o Terreiro do Paço a tempo das comemorações do centenário da república, Outubro de 2010. “E de vez em quando até a Ordem dos Arquitectos embarca nisso. Em vez de estarmos a discutir um só projecto para o Terreiro do Paço, era mais interessante podermos estar a discutir 50”, defendeu, numa alusão à “inconcebível” falta de concurso público neste e em muitos outros casos.

“O projecto ainda está aquém do que desejávamos. E isso causa-me tristeza e mágoa”. Mesmo não tendo encerrado o debate, as palavras de Carrilho da Graça exprimiram a desilusão dos arquitectos que também gostavam de ter sido convidados a redesenhar o Terreiro do Paço.

Fonte e imagem:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1383237

"Estudo prévio da reformulação do Terreiro do Paço teve parecer favorável na Câmara de Lisboa"

in Jornal Público
28.05.2009 - Ana Henriques
"A Câmara Municipal de Lisboa emitiu o parecer favorável sobre o estudo prévio da reformulação Terreiro do Paço, elaborado pelo arquitecto Bruno Soares para a Sociedade Frente Tejo. A proposta só passou depois do presidente da Câmara, António Costa, ter exercido o seu voto de qualidade.

O PSD e os movimentos Lisboa com Carmona e Cidadãos por Lisboa, liderado pela vereadora Helena Roseta, votaram contra reunindo sete votos. O PS mais o vereador Sá Fernandes votaram a favor também com sete votos. O PCP, que tem dois vereadores na assembleia, absteve-se. Depois da igualdade de votos, António Costa foi obrigado a exercer o voto de qualidade.

O novo modelo de circulação rodoviária na Baixa também foi aprovado, mas sem ser necessário o voto de qualidade de António Costa. Nesta votação, Lisboa com Carmona e o PSD votaram ambos contra, com cinco votos. Os quatro vereadores do PCP e dos Cidadãos por Lisboa, abstiveram-se e o PS mais o vereador Sá Fernandes votaram a favor.

Durante as duas votações, o vereador Carmona Rodrigues não esteve presente. Caso estivesse estado na primeira, poderia ter inviabilizado o parecer favorável para a reformulação do Terreiro do Paço, uma vez que o seu movimento votou contra o mesmo."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1383319

Colóquio na Ordem dos Arquitectos


"A Sociedade Frente Tejo realiza no próximo dia 26 de Maio, às 21 horas, na secção Sul da Ordem dos Arquitectos, em Lisboa, um colóquio sobre a intervenção no espaço público do Terreiro do Paço/Praça do Comércio.

O responsável conceptual pelo Estudo Prévio, o Arq. Luís Bruno Soares e o Presidente da Frente Tejo, S.A. vão apresentar aos seus pares a fundamentação da proposta para uma das mais emblemáticas áreas de Lisboa.

Após a apresentação segue-se um período para troca de ideias. Esta iniciativa, em parceria com a secção Sul da Ordem dos Arquitectos, é a primeira de um conjunto de acções de esclarecimento público que a Frente Tejo irá realizar. Na área de debate deste site pode inserir temas que gostaria ver analisados nas sessões públicas."

Fonte:
http://www.frentetejo.pt/137/coloquio-na-ordem-dos-arquitectos.htm
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/86/frente-ribeirinha-da-baixa-pombalina.htm