Haja respeito pelo Terreiro do Paço, pedem técnicas da CML

30.05.2009, in Jornal Público

"O projecto de remodelação do Terreiro do Paço foi alvo de várias críticas por parte das técnicas da divisão de estudos e projectos da Câmara de Lisboa encarregues de o analisar.
Num parecer datado de meados deste mês, as técnicas afirmam que os padrões desenhados para a placa central - losangos - e para os passeios laterais - aqui linhas inspiradas nas antigas cartas de marear - são excessivos, tal como a diversidade de materiais previstos para o pavimento. "Dada a força, majestade e monumentalidade que a praça só por si já possui, uma intervenção num espaço (...) como o presente dever-se-á traduzir essencialmente numa operação de depuração que, de forma respeitadora, promova a unidade do espaço, as relações visuais e a sua plena utilização", defendem no documento a arquitecta paisagista Fátima Leitão e a arquitecta designer Susana Figueiredo.
O novo esquema de circulação rodoviária é o único ponto do projecto que merece uma apreciação favorável, pela prioridade aos peões que confere, através da redução do tráfego na Praça do Comércio e do significativo alargamento dos passeios, obtido à custa do estreitamento ou da supressão das faixas de rodagem. E se os desenhos dos pavimentos "não promovem a unidade do espaço", a sobreelevação da placa central no lado virado ao Tejo também não colhe a simpatia das técnicas camarárias. "O desnível (...) entre a placa central e o percurso ribeirinho, com consequentes problemas de acessibilidade e segurança, obriga, para além da existência da barreira visual, à introdução de elementos de contenção [estruturas tipo corrimões]. Esta opção considera-se contraditória com o princípio de melhorar a relação da praça com o rio". Para as técnicas, nem a escadaria nem as rampas desenhadas para esta zona da praça pelo arquitecto encarregue da remodelação da praça, Bruno Soares, se justificam, o mesmo sucedendo com o corredor de pedra entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas. Dividindo a praça ao meio, longitudinalmente, na zona de losangos da placa central, "cria um efeito de ziguezague (...) que irá ter um impacte visual muito forte e negativo face à ortogonalidade da praça".
Já depois de este parecer ter sido emitido, e perante a convergência de críticas relativamente a alguns aspectos do seu trabalho, Bruno Soares comprometeu-se a fazer algumas alterações ao projecto."
A.H.

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

Petição: Urge um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço


"Considerando a aprovação em reunião pública da CML, de 27.05.2009, do “Estudo Prévio do Terreiro do Paço”, sem que até ao momento quem de direito (CML e Governo) tenha promovido o indispensável período de debate que um projecto de espaço público desta envergadura exige (por se tratar de um projecto comprovadamente intrusivo, ex. introdução de novos materiais, desenhos e soluções arquitectónicas), facto que é agravado por se tratar do Terreiro do Paço;

E considerando que decorrem a bom ritmo as obras de preparação para a execução do Estudo Prévio agora aprovado, tornando o mesmo irreversível;

Os abaixo-assinados solicitam à CML e ao Governo que procedam, quanto antes, à abertura de um período de discussão pública antes de se iniciar o projecto de execução ou (pelo menos) antes do concurso ser lançado."

Petição e Fonte:
http://www.gopetition.com/online/28118.html
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/

Por que não viajam os manifestantes de comboio?

in Jornal Público
29.05.2009, Carlos Cipriano

"CGTP acusa CP de preconceito político-sindical por não dar resposta aos pedidos de fretamento de comboios para manifestações
"Nas grandes manifestações em Lisboa - e houve várias nos últimos anos com 100 a 200 mil pessoas - a maior parte dos manifestantes que vem de longe viaja em autocarros alugados pelos sindicatos. Arménio Carlos, da CGTP, refere que uma grande manifestação de 200 mil pessoas tem custos de 600 mil euros só no transporte em autocarros, que costumam ser alugados pelas uniões de sindicatos distritais.
Por que não viajam, então, os manifestantes de comboio? "Porque da CP nem sequer nos respondem. Nos últimos dez anos fizemos vários pedidos e, ou davam-nos preços incomportáveis ou, na maior parte das vezes, não diziam nada". Arménio Carlos diz que desde há dois anos que a CGTP deixou, pura e simplesmente, de pedir orçamentos à transportadora pública.
"Quando foi a reunião do Conselho Europeu no Porto, em 2000, realizamos uma manifestação e quisemos alugar um comboio com partida de Lisboa e não nos disponibilizaram carruagens", diz a mesma fonte, que é responsável pela parte da logística durante as manifestações.
Razões para esta atitude, encontra--as "num preconceito político-sindical" e na "falta de uma visão estratégica por parte das várias administrações da empresa". É que, refere Arménio Carlos, "uma coisa é a CP não ter capacidade e outra é nem sequer dar resposta".
O presidente da CP, Cardoso dos Reis, rejeita estas críticas. "É completamente falso. Não há nem nunca houve quaisquer restrições a esse mercado", disse ao PÚBLICO. "Ninguém nos contacta nesse sentido porque acham que não é cómodo alugar transporte ferroviário e preferem acomodar as pessoas em 50 autocarros com horários flexíveis do que reuni-las todas num comboio".
Manuel Grilo, do Sindicato dos Professores, corrobora esta tese. "Por que não usamos o comboio? "Os autocarros são mais flexíveis em termos de recolha nas pequenas localidades. É mais fácil que cada escola alugue o seu próprio autocarro e os professores gostam de vir juntos".
Uma ideia que é contrariada por alguns clientes dos serviços especiais da CP que vêem na possibilidade de se poder circular entre as carruagens uma vantagem do comboio. É o caso da Associação Académica do Porto, que ainda há um ano levou centenas de estudantes ao Algarve num composição que pudesse ser percorrida de ponta a ponta para facilitar o convívio entre os estudantes.
Na manifestação de professores de 8 de Novembro, o SPGL estima em cerca de 800 o número de autocarros alugados, alguns dos quais em Espanha por já não haver em Portugal oferta para aquele pico de procura.
Os custos dessa operação ascenderam a 250 mil euros, segundo o mesmo dirigente. Mas quanto custa ao país centenas de autocarros nas estradas que podiam ser substituídos por meia dúzia de comboios? O simulador ambiental da CP só compara o modo ferroviário com o transporte individual, omitindo, assim, o autocarro. Mas entre Lisboa e o Porto, enquanto um automóvel emite 41kg de dióxido de carbono por passageiro, o Alfa Pendular, com 300 passageiros a bordo, só emite 13kg per capita. Uma diferença suficientemente grande para se perceber que, mesmo transportando o autocarro muito mais gente que um veículo ligeiro, o comboio é um modo de transporte mais "limpo".
Numa manifestação de 100 mil pessoas vindos de todo o país, se 10 por cento viajasse sobre carris, bastariam 10 comboios de mil pessoas para se evitar 200 autocarros na estrada.
O problema é que a CP já não tem frota para responder a um tal pico de procura porque tem vindo a vender dezenas de carruagens para a Argentina. Uma forma de evitar custos de manutenção a material que passa a maior parte do tempo parqueado e de encaixar algum dinheiro nos depauperados cofres da empresa.
O PÚBLICO perguntou à CP quanto custaria fretar uma composição com mil pessoas entre Campanhã e Santa Apolónia, num sábado de Maio, com chegada a Lisboa às 14h30 e regresso à Invicta ao fim da tarde. Um horário adaptado a uma manifestação. E o pedido foi satisfeito, três dias úteis depois, com os seguintes preços: um comboio realizado com automotoras eléctricas de serviço regional custa 11.433 euros (11,43 euros por pessoa em viagem de ida e volta); um comboio com 12 carruagens e um nível de conforto melhorado custa 14.088 euros (14 euros por pessoa)."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/

"Projecto de remodelação do Terreiro do Paço não convence arquitectos"


in Jornal Público
28.05.2009 - Ana Henriques
"Não foi uma noite fácil aquela que o autor do projecto de remodelação do Terreiro do Paço viveu na terça-feira na Ordem dos Arquitectos. A apresentação do seu trabalho foi brindada com uma chuva de críticas por parte dos seus pares, que não gostaram nem dos losangos que desenhou para a placa central nem dos degraus que ele quer fazer a separá-la do rio.

Nem os 68 anos de Bruno Soares impediram a truculência de alguns dos arquitectos presentes nesta sessão destinada a discutir o seu trabalho. “Há um certo atrevimento em criar losangos ou degrauzinhos numa praça com a transcendência desta”, observou Carrilho da Graça. Quanto às linhas se prevê que venham a ornamentar os passeios junto às arcadas, inspiradas nas antigas cartas de marear, lembram a Carrilho da Graça “os tempos do fascismo e a exposição do mundo português”. Foram poucos os elogios que se ouviram ao projecto, à excepção da intenção de reduzir o tráfego automóvel.

Já confrontado com os mesmos reparos noutras ocasiões, Bruno Soares admite esbater os losangos no desenho da placa central, mas insiste nos degraus e na rampa do seu lado sul, de forma a que quem se aproxima do rio fique num plano sobreelevado em relação ao Tejo antes de atravessar a estrada que liga a placa central ao Cais das Colunas. É também para esta zona do Terreiro do Paço, entre o torreão poente e o Cais das Colunas, que está prevista uma rampa, de modo a permitir o acesso de deficientes. Mas os desníveis na praça hoje plana não ficam por aqui. Depois de ter percebido que a parte poente das arcadas está afundada porque o edifício abateu ainda durante a sua construção, feita após o terramoto de 1755, Bruno Soares resolveu realçar esse desnível, hoje invisível a olho nu, instalando uns degraus no passeio que corre junto às arcadas, antes do torreão. O projecto prevê ainda alguns degraus em redor da estátua de D. José, para salientar a sua importância. “Vou rever o desenho dos degraus”, prometeu Bruno Soares depois de terminado o debate.

Igualmente pouco apreciado foi o corredor em pedra a marcar o percurso entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas. “As pessoas não precisam de uma seta” para chegar ao rio, disse Carrilho da Graça. Michel Toussaint concordou: “Não precisamos que nos dirijam os passos”. Por esta altura já Bruno Soares admitia que talvez não fosse absolutamente necessário marcar este eixo no pavimento, que iria dividir a praça a meio, longitudinalmente. Também presente no debate, o historiador Rui Tavares alvitrou um eventual regresso ao Terreiro do Paço das árvores que um dia já houve ali: “Não há razões históricas para a sua exclusão definitiva”.

O facto de Bruno Soares ter sido escolhido pelo Estado, via Sociedade Frente Tejo, para remodelar o Terreiro do Paço, sem qualquer espécie de concurso público, foi um facto que não passou despercebido aos seus pares. Afinal, qual seria o arquitecto que não gostaria de ter uma oportunidade destas? O caso complica-se por já ter havido uma dupla de arquitectos a quem, nos anos 90, foi encomendada e paga a reformulação da praça, sem que o trabalho alguma vez tivesse saído do papel. Estavam presentes no debate – e também não gostaram das soluções de Bruno Soares para o local.

“Estamos a construir Portugal ao ritmo das festas”, observou outro arquitecto, Luís Afonso, numa referência à pressa de remodelar o Terreiro do Paço a tempo das comemorações do centenário da república, Outubro de 2010. “E de vez em quando até a Ordem dos Arquitectos embarca nisso. Em vez de estarmos a discutir um só projecto para o Terreiro do Paço, era mais interessante podermos estar a discutir 50”, defendeu, numa alusão à “inconcebível” falta de concurso público neste e em muitos outros casos.

“O projecto ainda está aquém do que desejávamos. E isso causa-me tristeza e mágoa”. Mesmo não tendo encerrado o debate, as palavras de Carrilho da Graça exprimiram a desilusão dos arquitectos que também gostavam de ter sido convidados a redesenhar o Terreiro do Paço.

Fonte e imagem:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1383237

"Estudo prévio da reformulação do Terreiro do Paço teve parecer favorável na Câmara de Lisboa"

in Jornal Público
28.05.2009 - Ana Henriques
"A Câmara Municipal de Lisboa emitiu o parecer favorável sobre o estudo prévio da reformulação Terreiro do Paço, elaborado pelo arquitecto Bruno Soares para a Sociedade Frente Tejo. A proposta só passou depois do presidente da Câmara, António Costa, ter exercido o seu voto de qualidade.

O PSD e os movimentos Lisboa com Carmona e Cidadãos por Lisboa, liderado pela vereadora Helena Roseta, votaram contra reunindo sete votos. O PS mais o vereador Sá Fernandes votaram a favor também com sete votos. O PCP, que tem dois vereadores na assembleia, absteve-se. Depois da igualdade de votos, António Costa foi obrigado a exercer o voto de qualidade.

O novo modelo de circulação rodoviária na Baixa também foi aprovado, mas sem ser necessário o voto de qualidade de António Costa. Nesta votação, Lisboa com Carmona e o PSD votaram ambos contra, com cinco votos. Os quatro vereadores do PCP e dos Cidadãos por Lisboa, abstiveram-se e o PS mais o vereador Sá Fernandes votaram a favor.

Durante as duas votações, o vereador Carmona Rodrigues não esteve presente. Caso estivesse estado na primeira, poderia ter inviabilizado o parecer favorável para a reformulação do Terreiro do Paço, uma vez que o seu movimento votou contra o mesmo."

Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1383319

Conferência Internacional: Uma Cidade para o Futuro. O PDM de Lisboa

Bicicletada - 29 de Maio, 2009


Bicicletadas / Massas Críticas - Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto - 29 de Maio de 2009
Start: 29/05/2009 - 18:00
End: 29/05/2009 - 20:00
Timezone: Etc/GMT

* Aveiro - Encontro na Praça Melo Freitas (perto dos Arcos / Rossio)
* Coimbra - Encontro: Largo da Portagem, junto à estátua do Mata Frades
* Lisboa - Encontro: Marquês Pombal, no início do Parque Eduardo VII
* Porto - Concentração na Praça dos Leões

...Há alguma variedade na hora de início das bicicletadas pois, para além do mais, espera-se sempre cerca de meia hora pela chegada de mais participantes...

Fonte:
http://massacriticapt.net/

Colóquio na Ordem dos Arquitectos


"A Sociedade Frente Tejo realiza no próximo dia 26 de Maio, às 21 horas, na secção Sul da Ordem dos Arquitectos, em Lisboa, um colóquio sobre a intervenção no espaço público do Terreiro do Paço/Praça do Comércio.

O responsável conceptual pelo Estudo Prévio, o Arq. Luís Bruno Soares e o Presidente da Frente Tejo, S.A. vão apresentar aos seus pares a fundamentação da proposta para uma das mais emblemáticas áreas de Lisboa.

Após a apresentação segue-se um período para troca de ideias. Esta iniciativa, em parceria com a secção Sul da Ordem dos Arquitectos, é a primeira de um conjunto de acções de esclarecimento público que a Frente Tejo irá realizar. Na área de debate deste site pode inserir temas que gostaria ver analisados nas sessões públicas."

Fonte:
http://www.frentetejo.pt/137/coloquio-na-ordem-dos-arquitectos.htm
Imagem:
http://www.frentetejo.pt/86/frente-ribeirinha-da-baixa-pombalina.htm

Praça do Comércio - Artigos no Jornal Público, 9 de Maio de 2009


É assim que vai ficar a Praça do Comércio depois das obras
por, Ana Henriques
"Sem calçada portuguesa e com a placa central em tons de terra, o novo Terreiro do Paço vai poder ser discutido pelos cidadãos
É uma praça cor de terra, com losangos, a que o arquitecto Bruno Soares desenhou para o renovado Terreiro do Paço. O projecto foi ontem finalmente dado a conhecer, depois de ter sido mantido em segredo mais de um mês, e inclui um substancial alargamento dos passeios e grandes restrições à circulação automóvel. A calçada à portuguesa desaparece do local, enquanto o Cais das Colunas surge transformado numa plataforma circular.
Até ao final do século XIX, o Terreiro do Paço não estava pavimentado: era, como o nome indica, uma praça de terra. Foi essa memória que Bruno Soares quis manter no trabalho que desenvolveu para a Sociedade Frente Tejo. A cor das fachadas dos edifícios mantém-se igual. Depois há um corredor de pedra que marca o caminho entre o arco da Rua Augusta e o rio - e que tem sido até agora, nas apresentações restritas que o arquitecto tem feito do seu projecto, o aspecto mais contestado. Há quem diga que divide desnecessariamente a praça ao meio. "Isto não é nenhuma passadeira esquisita. É um passeio em pedra em direcção ao Cais das Colunas", disse ontem Bruno Soares em defesa da sua dama.
Alargados, os passeios laterais da praça servirão para albergar esplanadas. Ali, o pavimento será de lioz e terá desenhadas umas linhas desencontradas que correspondem às rotas de navegação dos portugueses no século XVI tal como aparecem nas cartas da época. Para os peões há boas notícias: de acordo com os dados fornecidos ontem, a área destinada à circulação automóvel passará dos actuais 40 por cento da praça para 11 por cento.
Se for por diante o novo plano de circulação rodoviária gizado pela Câmara de Lisboa, os veículos particulares apenas poderão circular paralelamente ao rio, ou seja, no troço entre a Av. do Infante D. Henrique e a Av. da Ribeira das Naus, ficando proibidos de aceder ao Terreiro do Paço pelas perpendiculares ao Tejo, nomeadamente pela Rua da Prata. E mesmo aqui com restrições de velocidade. As cinco faixas de rodagem que hoje existem na Ribeira das Naus serão reduzidas a duas. Os transportes públicos serão desviados para a Rua do Arsenal e para a Rua da Alfândega, por forma a não cruzarem a praça. Os únicos veículos que serão autorizados a parar nela serão os eléctricos.
A remodelação do Terreiro do Paço tem de ficar pronta a tempo das comemorações do centenário da República, que se realizam em Outubro do ano que vem. E embora o projecto ontem apresentado seja aquele que, em princípio, irá por diante, ele poderá vir incorporar sugestões ou alterações sugeridas por todos aqueles que quiserem participar neste debate.
Os desenhos serão colocados no site da Sociedade Frente Tejo a partir do próximo dia 12. O presidente desta entidade, o arquitecto Biencard Cruz, comprometeu-se ontem a "promover o envolvimento dos cidadãos" - "porque a praça é de todos, e não apenas dos especialistas" em urbanismo e arquitectura.
Bruno Soares explicou que os 3,5 hectares da Praça do Comércio - um tamanho bem maior do que o de outras praças de referência europeias, como a Plaza Mayor, em Madrid, ou a praça central de Bruxelas - não permitem criar no seu centro, desabrigado e exposto ao Tejo, uma zona de estar. Por isso é que as esplanadas foram remetidas para debaixo das arcadas e respectivos passeios adjacentes.
Orçada em 8,5 milhões - verba que inclui a consolidação do torreão poente -, a reabilitação da praça inclui a alteração da iluminação nocturna."


Que futuro para a praça?
por Paulo Ferrero, Bernardo F. de Carvalho, Carlos F. de Moura, Luís Marques da Silva, Jorge Santos Silva, Nuno Santos Silva e António Sérgio Rosa de Carvalho (Pelo Fórum Cidadania Lx)
"O Terreiro do Paço é uma das praças maiores e mais bonitas da Europa, porta de entrada de Lisboa e centro a partir do qual a cidade ressuscitada se desenvolve. A nossa "Real Praça do Comércio", ponto fulcral de todo um décor de um Projecto Mercantilista e Modernizante nunca conseguido, onde toda uma simbologia é desenvolvida: a geometria, o numeralismo, etc. A inclinação dos bordos em relação à estátua, para que os que se lhe aproximem sejam reduzidos à sua "insignificância" por D. José, o nosso Rei-Sol. A luminosidade que a todos encandeia e que de todos os lados reflecte. Simbolismo materializado pela conjugação da vontade do homem e da domesticação dos materiais. Por tudo isso, o Terreiro do Paço é Monumento Nacional. Mas a relação do lisboeta com o Terreiro do Paço é ambígua, bipolar. Da cor das fachadas (era "amarelo de Nápoles" quando podia ser rosa, de Bragança; foi verde-garrafa, e voltou a amarelo) ao abandono do Arco Triunfal, aos torreões "mais para lá do que para cá"; aos elementos espúrios, ao "tratamento" do Cais das Colunas, à boca de metro em plena arcada, aos pilaretes, quiosques, e aos esventramentos sucessivos do subsolo. Foi parque de estacionamento. Tem sido feira popular e estaminé.
A decisão oculta
Lembrou a alguém, a propósito do Centenário da República, fazer dela o palco de 2010. Contagiado pelo despotismo esclarecido de antanho, decidiu e não auscultou ninguém, muito menos a "plebe". O projecto é facto consumado. Da placa central? Reafectação dos pisos térreos? Correcção dos "embelezamentos"? Limpeza do arco e da estátua? Eternizar a veia de quermesse? Mastros, toldos, "bandeirinhas"? Publicidade a troco de ?? Toque de "contemporaneidade"?
O projecto divulgado em sessão privada da CML emoldura o Terreiro do Paço com piso riscado, invocando a cartografia do século XVI. A placa central é preenchida por uma desconcertante rede de losangos ocre, de areão, a "condizer" com as fachadas dos edifícios, num imenso tartan de gosto duvidoso, debruado a risquinha cinzenta e rematado por um losango verde-garrafa sob o plinto da estátua, em "pandan" com o verdete. Aplana-se a placa central com uma "bancada" de um metro de alto, em degraus, ao longo de toda a frente-rio, para banhos de sol, farturas e passear o cão.
É este o Terreiro do Paço pelo qual tanto temos aguardado? Por que não houve concurso para a selecção do projectista? Quem se arrogou o poder de escolher uma solução que não foi divulgada, muito menos discutida?
Que Terreiro do Paço?
É preciso respeitar o seu simbolismo, história, monumentalidade, magnificência, luminosidade, assimetria, estética, cromatismo e ligação ao rio, que fazem dele um local tão aparentemente minimalista e inóspito quanto, seguramente, belo e único. O que tem o losango que ver com o Barroco? E o areão, mais apropriado a paredões e pistas de atletismo? O argumento da luminosidade excessiva é capcioso e não inviabiliza o lioz, ou as lajes de pedra do mesmo tipo das sob as arcadas. O alargamento dos passeios laterais pode ser em calçada portuguesa, sem recurso à "cartografia". Não é a calçada um ex libris alfacinha, defendida publicamente, e bem, pelo próprio Presidente da CML?
E será que a sombra, ou a falta dela, é um problema sério? Terá sido esta praça construída como praceta? Não é ela um local monumental, aberto ao rio, ao vento e à luz? Mas se for preciso ter sombra, por que não as árvores de alinhamento de há 100 anos? Não são elas um modo natural e não intrusivo de sombreado, impeditivo da publicidade e da ocupação abusiva da praça? Ou uma solução mais criativa ("elevando a fasquia"), com laranjeiras em grandes vasos bordejando as arcadas. E bancos? Com costas e em mármore (Praça do Império)? Sem costas (Rossio)?
Por fim, não colhe a ideia do corredor central em piso diferenciado, perpendicular ao Arco, cruzando a estátua e prosseguindo até aos degraus do remate junto à marginal. Porque o peão não precisa que lhe indiquem por onde circular. Permita-se-lhe o gozo aleatório, sem pressas, buzinas e lixo. A contemplação. O horizonte, a luz e o vento. O registo imponente, solene, estático, contemplativo, livre aos elementos, do projecto original. Há quem gabe o arrojo do novo projecto. Contudo, cremos que arrojo é decidir sobre a praça mais monumental do país às escondidas de todos. Haja debate!"


"Sobreelevação da placa central pode prejudicar vistas dos transeuntes
Vereadora do PSD especializada em urbanismo teme criação de barreira
Quem olha para as imagens ontem divulgadas não se apercebe do pormenor. Só usando a lupa no computador se conseguem ver os degraus entre a parte da placa central da Praça do Comércio mais próxima do rio e a estrada que corre paralela ao Tejo.
Especialista em urbanismo, a vereadora da Câmara de Lisboa Margarida Saavedra, do PSD, teme que a sobreelevação da praça do lado sul seja o principal problema deste projecto. É que essa sobreelevação terá perto de um metro de altura - o que, no seu entender, poderá prejudicar as vistas da praça de todos os que dela se aproximarem vindos do lado do Cais do Sodré, do lado de Santa Apolónia ou mesmo do rio, porque ficarão num plano mais baixo. "Com a criação desta barreira, a comunhão que existe entre a cidade e o rio desfaz-se", avisa a autarca. "Enquanto este aspecto não for devidamente explicado pela Sociedade Frente Tejo, tenho as maiores dúvidas sobre esta intervenção prevista no Terreiro do Paço".
Na apresentação do projecto que fez ontem, o seu autor, o arquitecto Bruno Soares, disse que o Cais das Colunas ficará 75 centímetros mais baixo do que a plataforma central do Terreiro do Paço. "Na zona em que surge sobreelevada a placa central ficará ao nível da cintura do peão", refere a vereadora do PSD, que diz já ter pedido explicações a Bruno Soares. "E quem ali passa de carro também verá as suas vistas comprometidas. Tal como quem chega de cacilheiro ou nos navios de cruzeiro".
Neste momento, a praça não é propriamente plana - apresenta-se abaulada nas laterais -, mas a sua placa central não tem quaisquer desníveis ou degraus. "A sobreelevação cria, sobretudo junto aos torreões do Terreiro do Paço, uma perspectiva totalmente diferente da que existe hoje", repete a vereadora. Sobreelevada, desta vez em relação à placa central, vai ficar também a estátua de D. José: Bruno Soares desenhou três degraus que a fazem destacar-se do chão.
O projecto - incluindo as restrições ao trânsito a ele associadas - deverá ser discutido ainda este mês na Câmara de Lisboa. Mas o parecer da autarquia não é vinculativo, uma vez que se trata de uma obra a cargo da administração central. "Queremos que os peões prevaleçam sobre o automóvel", disse ontem Bruno Soares. "Entre Santa Apolónia e a 24 de Julho vai ter de se andar devagar"."

Fonte:
http://www.publico.clix.pt/
Imagem:
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021&contentid=28B6BEFB-DB14-4D11-A709-6D55F5B1A5AF

Entrevista com Enrique Peñalosa


"As mayor of Bogota, Colombia, Enrique Peñalosa accomplished remarkable changes of monumental proportions for the people of his country in just three years.

Peñalosa changed the way Bogota treated its non-driving citizens by restricting automobile use and instituting a bus rapid transit system which now carries a 1/2 million residents daily. Among other improvements: he widened and rebuilt sidewalks, created grand public spaces, and implemented over one hundred miles of bicycle paths.

TOPP Executive Director Mark Gorton discusses with Penalosa some of these transportation achievements and asks what the future could hold for NYC if similar improvements were made here."

Fonte:
http://www.streetfilms.org/archives/interview-with-enrique-penalosa-long/

As biclas estão mesmo na moda II

As biclas estão mesmo na moda I

Paisagem, por Lídia Jorge

Jornal Público, 03.05.2009
"No princípio duma tarde de Janeiro de 1998, eu encontrava-me na casa dos meus avós, em Boliqueime, quando vi um descapotável amarelo subir a rampa duma colina em frente, e dele sair um jovem casal que se dirigiu a uma casa em ruínas que recentemente havia sido posta à venda. A imagem maravilhosa de um casal jovem à procura duma casa abandonada era demasiado envolvente. Fiquei a imaginar como iriam ser no futuro esses meus vizinhos, românticos, que se passeavam abraçados, e se viam desfocados, por entre as amendoeiras em plena floração. Não tardou, muito, porém, que não tivesse chegado uma terceira personagem - uma escavadora, que se pôs a abrir uma passagem no valado, pulverizando as pedras. E de lá, ou de outra máquina qualquer entretanto chegada, saíram umas pessoas com moto-serras e abateram as amendoeiras cujas copas estavam em flor. Devo dizer que não deixaram uma única em pé, mesmo aquelas que supostamente não estorvariam ninguém. Fazia frio. O descapotável desapareceu com o casal. Decorreram 11 anos, a ruína já passou de proprietário várias vazes, mas os troncos das amendoeiras ainda lá estão como naquele dia, e também está um montinho de terra cinzenta a atestar que alguém fez um furo artesiano para fazer prova de que ali havia água. Provavelmente, os seus proprietários actuais aguardarão pelo momento próprio em que seja assinado um projecto de trinta ou quarenta casinhas do tamanho de pombais, encaixadas umas nas outras, como se vêem ao longo da Estrada 125 e nos sítios mais improváveis.
De facto, sobre a deriva da edificação em Portugal, não vale a pena repetir o que há muito se sabe. Trinta e cinco anos volvidos após a instauração da Democracia, confirma-se o que está à vista - que nesta área, a da Arquitectura e do Urbanismo, como em outras, o país conheceu um desenvolvimento extraordinário, enriqueceu e liberalizou-se, mas nas suas estruturas profundas ainda não se democratizou. Se se tivesse liberalizado e democratizado, em doses e ritmos semelhantes, precisamente, o debate e o escrutínio público teriam atalhado a gestão dos interesses, e ao menos, por exemplo, entre a população, já se teria difundido a ideia de que a casa é de cada um mas a paisagem é de todos. E se a praça, o auditório, o pavilhão é para todos, em algum momento do processo não se pode dispensar de ouvir a opinião da comunidade. Ou dito de outro modo, embora sabendo como é complicado determinar o bom gosto e o mau gosto, e até mesmo o útil e o inútil, não podem ser tão poucos os que se interessam pelo património que à comunidade diz respeito, que tão poucos intervenham, e intervindo, que o facto não tenha consequência.
No caso do Algarve, a situação é particularmente sensível porque a sua primeira riqueza confunde-se com o valor da sua paisagem, e poucos serão aqueles que não sentem que o caminho que tem sido percorrido mereceria ter tido um outro rumo. O que não quer dizer que não se esteja a ponto de atingir uma nova consciência. Por alguma razão, a palavra requalificação atingiu, ultimamente, um significado tão relevante entre nós e se multiplicam as iniciativas de re-harmonização dos espaços públicos. Também começa a tornar-se claro, no que à Região do Sul se refere, que é preciso reconquistar a singularidade arquitectónica que foi sendo desperdiçada. Projectar e construir é sempre uma proposta de futuro, e envolve esquecimento. Vários tipos de esquecimento. Mas havia entre nós um património popular construído que não foi devidamente incorporado na passagem da cultura rural para a cultura de indústria do lazer, com perdas avultadas para o futuro. Dispomos de particularidades climáticas e ambientais únicas, que fizeram desenvolver uma atmosfera de interiores singular e que foi ignorada. Existe uma vegetação incrivelmente própria, uma tipologia de arvoredo único, que fornece elementos decorativos, e de estruturação muito próprios, e que não foi aproveitada. Até mesmo a construção acautelada em relação à linha do mar, durante as últimas décadas parece ter sido desconhecida. Só para dar alguns exemplos.
Mas é por isso que, nos dias de esperança, como este que hoje comemoramos, é gratificante verificar que há profissionais e proprietários que sabem inflectir a rota dos factos, sobretudo quando existem exemplos concretos que mostram à evidência como é possível construir sem ofender a Terra, que é possível criar estruturas modernas poeticamente arrojadas, sem ofender os traços tradicionais dominantes, que é possível manter o respeito pelo património construído, sem manifestar atavismo. Que é possível criar ambiente adaptado ao meio envolvente, sem resvalar para o casticismo ou falso tradicionalismo perverso.
É possível recuperar espaços antigos mantendo-lhes a memória, mas evitando o anquilosamento despropositado. E sobretudo, é possível - ou pelo menos parece ser possível - urbanizar subtraindo à densidade da habitação a superfície suficiente para criar espaços livres, verdes e abertos, que permitam uma ocupação condigna. É possível ser arrojado sem ser ostensivo, ser simples e estar ao nível das melhores criações arquitectónicas e urbanistas da Europa e do Mundo, sem copiar nem repetir.
Precisamente, as obras agora premiadas respondem a esse tipo de critérios. Elas, e muitas outras seleccionadas, e que só não foram distinguidas por uma questão de justiça relativa, ou por mera subjectividade do júri, confirmam o que nós sabemos - que existem dois Algarves. Que um deles se arrisca a ser, no futuro, um espaço suburbano, isto é, um meio criador de indiferença e anomia - correspondendo, por agora, ao mais vistoso e ao mais dominante -, e um outro, tanto no Litoral quanto no Interior, que vai persistentemente constituindo a excepção, uma espécie de peças de resistência que bem procuradas estão por aí. Parece-nos bem, no dia de hoje, premiar aqueles que alinham neste segundo grupo. Esta, pelo menos, foi a nossa íntima convicção.
Resta-me desejar para este Prémio, longa vida. Tanta e tão longa, e tão bem cumprida nos seus propósitos, que um dia ninguém precise de contar, numa sessão semelhante, episódios como aquele que referi em relação àquela antiga casa que tinha amendoeiras. Que no futuro, em termos de Arquitectura e Urbanismo, Ambiente e Paisagem, tudo sejam cravos vermelhos."

Texto dito pela escritora, no dia 25 de Abril, na entrega do Prémio Bienal de Arquitectura e Urbanismo, instituído pela Câmara Municipal de Loulé e de cujo júri fez parte.

Fonte:
http://www.publico.clix.pt/

L.A.’s Orange Line: Bus Rapid Transit (plus bike path!)


"Who would have thought that one of the best Bus Rapid Transit (BRT) systems in the U.S. would be in its most crowded, congested, sprawling city? Well check this out. It's really fabulous.

In October 2005, the Los Angeles County Metro Authority (or Metro) debuted a new 14-mile BRT system in the San Fernando Valley using a former rail right-of-way. Unlike many "rapid" bus transit systems in the U.S., the Orange Line is true BRT - it features a dedicated roadway that cars may not enter, has a pre-board payment system so buses load quickly and efficiently, and uses handsome, articulated buses to transport passengers fast - sometimes at speeds approaching 55 mph! The roadway is landscaped so ornately you could almost call it a bus greenway.

But that's not all. The corridor also boasts a world class bike and pedestrian path which runs adjacent to the BRT route for nearly its entire length, giving users numerous multi-modal options. Each station has bike amenities, including bike lockers and racks, and all the buses feature racks on the front that accommodate up to three bikes.

Perhaps the biggest problem is its soaring success: ridership numbers have some calling for the BRT to be converted to rail, and Metro is exploring ways to move more passengers, including buying longer buses. Plus: expansion plans are underway. Whatever way you slice it, this is truly a hit with Angelenos. A formerly 81 minute trip now takes 44-52 minutes - over an hour in round-trip savings - making a bona fide impact in the lives of commuters."

Fonte:
http://www.streetfilms.org/archives/las-orange-line-bus-rapid-transit-plus-bike-path/